Sofre de Birthday Blues? Não está sozinho. Afinal, porque é que há tantas pessoas que ficam deprimidas no dia de aniversário?

É um clássico das redes sociais: um aniversário que deveria ser feliz, mas se transforma num drama porque se chega a esta ou àquela idade. A cena já foi vista inúmeras vezes e o impacto emocional dos aniversários vai dos miúdos a graúdos. Mas porquê?

Mar 23, 2025 - 00:00
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Sofre de Birthday Blues? Não está sozinho. Afinal, porque é que há tantas pessoas que ficam deprimidas no dia de aniversário?

É um clássico das redes sociais: um aniversário que deveria ser feliz, mas se transforma num drama porque se chega a esta ou àquela idade. A cena já foi vista inúmeras vezes e o impacto emocional dos aniversários vai dos miúdos a graúdos. Há, inclusive, adultos que enfrentam o chamado birthday blues, uma melancolia que acompanha a chegada de mais um ano de vida.

O termo ganhou espaço na imprensa para definir este sentimento de nostalgia, frustração ou até mesmo de tristeza que pode surgir na data. Há psicólogos que explicam que esse estado pode derivar da introspecção sobre o que foi conquistado (ou não), pressão social, luto ou simplesmente o desconforto de ser o centro das atenções. “Muitas pessoas criam expectativas irreais para a data, o que pode gerar frustração”, explica a psicóloga Elvira Infante ao jornal El País.

Mas por que motivo tanta gente sofre com o aniversário?

Os aniversários carregam um peso simbólico que pode ser difícil de lidar. Não é apenas o dia em si, mas tudo o que este pode representar — o tempo que passou, os planos que não saíram do papel e a pressão para celebrar o dia da forma “certa”. Alguns preferem ignorar a data, enquanto outros encontram nela uma oportunidade de reunir amigos e familiares.

O escritor Rodrigo Fresán reflete sobre o paradoxo das festas de aniversário: “Há algo de muito injusto na festa de aniversário porque geralmente o aniversariante é quem mais trabalha e se diverte menos. É muito melhor ir à festa de aniversário dos outros do que cuidar da sua, porque é preciso manter um certo equilíbrio (…) e depois todos vão embora e o aniversariante fica com a casa num estado lastimável.”

Por outro lado, há quem abrace a tradição com convicção. O jornalista Alberto Sisí, por exemplo, defende que celebrar é um ato de resistência. “Os anos ensinam que não há nada melhor do que começar cedo e terminar cedo. Este ano, sem ir mais longe, desisti do primeiro depois de algumas horas de amor e companhia. Ninguém quer começar o ano afundado na mais absoluta miséria quando está perigosamente perto dos quarenta”, afirma.«

O medo de envelhecer também pesa. O físico Stefan Klein, no livro El tiempo (2024), explica que a sensação de que os anos passam mais rápido conforme envelhecemos tem uma base neurológica: quando somos jovens, armazenamos mais memórias novas, o que dá a ilusão de um tempo mais longo. Com o passar dos anos, as experiências se tornam repetitivas e o tempo parece acelerar.

Na sociedade ocidental, a idade ainda é um marcador social relevante. Em contraste, algumas culturas indígenas definem as fases da vida de acordo com funções sociais e não com o número de anos vividos.

Entre tantas emoções envolvidas, a decisão de comemorar (ou não) um aniversário é profundamente pessoal. Para alguns, é um dia de introspecção. Para outros, um momento de conexão.