Startups voltam a contratar – impulsionadas pelos setores de IA e cibersegurança

Em um movimento bastante atípico para a sazonalidade do período, há sinais fortes de que, entre o fim de 2024 e primeiro trimestre deste ano, as startups pisaram o acelerador nas contratações. Tenho observado a expansão de times sobretudo em setores com teses mais “quentes”, como os de Inteligência Artificial e cibersegurança.

O pano de fundo dessa expansão de times conta com o viés positivo para empresas de tecnologia nos Estados Unidos e no mundo. A despeito de ruídos recentes, a administração de Donald Trump indica regulamentação mais favorável para as companhias de inovação.

A meu ver, muitas startups brasileiras já receberam a sinalização de que, com uma política mais orientada para estimular o setor de tecnologia, os cheques dos fundos norte-americanos no Brasil tendem a aumentar neste ano.

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Ainda que concentrado em grandes aportes, o volume de investimento de venture capital no Brasil mostrou recuperação no ano passado. Segundo dados da Distrito, os aportes em startups brasileiras somaram US$ 2,14 bilhões, um crescimento de quase 14% em relação a 2023.

Mesmo com inúmeros lay-offs observados desde o techwinter, o que em tese aumenta a quantidade de profissionais em busca de recolocação, a tarefa de recrutar para posições estratégicas em startups ainda é um desafio. É comum, por exemplo, que muitos setores de Recursos Humanos recebam a ‘encomenda’ de expandir o time numa velocidade muito rápida. E, agora, isso tem acontecido durante uma época do ano tradicionalmente fraca em contratações

A expansão das bets tem aumentado a procura por serviços de cibersegurança e, por consequência, de profissionais para esse segmento. Outra demanda crescente tem acontecido porque negócios de Inteligência Artificial do exterior, como empresas chinesas, buscam entrar no Brasil ao tropicalizar modelos já validados.

A contratação de desenvolvedores, um déficit antigo do Brasil, segue com procura alta. Mas também há muitas posições variadas para times de venda e produto, por exemplo, em diversas senioridades.

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O diagnóstico no mercado é que as companhias tradicionais de recrutamento não conseguem atender esse nicho de mercado. Ao mesmo tempo, os times de pessoas das startups muitas vezes não conseguem dar vazão à demanda de rápido crescimento dos times. Nesse meio de campo, fica a tarefa de fazer o ‘match’ entre empresas e futuros colaboradores.

Isso acontece porque as startups exigem conhecimentos e capacidade de adaptação mais específicos do que as empresas tradicionais. Há, obviamente, uma questão sobre a capacitação, mas também a busca por profissionais que entendam a cultura de inovação e rápida transformação no ambiente de startups. Muitas vezes, o problema está na adaptação e não necessariamente nas habilidades do candidato.

A perspectiva de mais recursos investidos no ecossistema brasileiro também ganha força porque o Brasil e a América Latina, a despeito de obstáculos macroeconômicos, oferecem um clima de negócios relativamente estável e ausência de crises geopolíticas. Isso ganha força enquanto a Europa segue imersa em incertezas sobre os próximos passos dos conflitos entre Rússia e Ucrânia e Israel e Palestina.

Resta saber se o restante do ano seguirá os mesmos passos e vai consolidar um momento mais favorável para o ecossistema brasileiro de inovação.

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