Série 'Black Mirror', Sétima Temporada: hipo-utopia e os futuros que nunca existiram

 A grande questão que a crítica levanta sobre “Black Mirror” é: será que a série ainda tem algo a dizer num mundo atual em que Big techs e Big Pharmas parecem realizar os pesadelos distópicos do criador Charlie Brooker? Parece que muitos críticos ainda não entenderam a proposta da série: “Black Mirror” não mostra futuros distópicos, mas hipo-utópicos. Nunca assistimos a mundos futuros na série. O que existe é uma projeção hiperbólica do que já vivemos no presente. Nos divertimos porque vemos a nós mesmos em tragicomédias tecnológicas, supostamente ambientadas no futuro. E a Sétima Temporada continua com a proposta hipo-utópica. Seis episódios unidos por uma ideia geral: o que está em jogo é a capacidade de transferir ou copiar seu Eu completo, ou partes como fragmentos de memória ou neurais, para uma realidade alternativa, uma dimensão alternativa ou simplesmente para uma nuvem para armazenamento. Reflexo do mundo atual dominado pelas “Tecnologias do Ego” que buscam um Eu performático. Em 2020, Charlie Brooker, o criador da série Black Mirror, admitia que uma próxima temporada não seria lançada tão cedo, ainda dava sinais de exaustão: "No momento, eu não sei se tenho estômago para lidar com histórias sobre sociedades desmoronando, então não estou trabalhando com nenhuma delas", dizia ele em meio à pandemia global do coronavírus. Brooker observava que naquele momento muitos fãs estavam se sentindo como se estivessem vivendo num dos mundos imaginados por Black Mirror – durante a pandemia programas de TV nos ensinavam formas de evitar a contaminação, policiais patrulhavam as ruas e conduzindo as pessoas para dentro de suas casas, a proibição das pessoas tocarem umas às outras etc. – clique aqui. Depois de seis temporadas, tudo em Black Mirror parecia ter um tom premonitório. Por exemplo, a tentativa de derrubar o sistema político norte-americano pelas mãos de uma multidão enlouquecida pelas conspirações na Internet na invasão do Capitólio. Ou o movimento disruptivo da Inteligência Artificial, ironicamente responsável pela greve de roteiristas e escritores de Hollywood diante da perspectiva de serem substituídos por um ChatGPT. De tantos exemplos de como a realidade supostamente estaria ficando parecida com os mundos da série, muitos críticos começaram a sugerir que Black Mirror não teria mais nada a dizer: as distopias já foram realizadas. Mas esta opinião deriva de uma má compreensão dos pressupostos da série. Muitos ainda a veem como uma mera série distópica (onde ainda há um “topos”, um lugar chamado “futuro” como mundos diferentes dos atuais ou, pelo menos, advertências sobre no que o mundo atual poderia se tornar se não aceitarmos as advertências). Pelo contrário, a série Black Mirror possui uma matéria-prima inesgotável, paradoxalmente os acontecimentos do presente. Por isso ela é hipo-utópica (no sentido de “futuro insuficiente”), não há mais futuro: o porvir nada mais é do que a projeção de tendências já existentes no presente – a diferença é que no “futuro” eles se transformarão em pesadelos. Black Mirror pega as mazelas atuais e projeta de forma hiperbólica no futuro. Que na verdade é o nosso presente, porém, extrapolado. Isso pode mais uma vez ser comprovado na sua sétima temporada, embora a mais irregular das temporadas. Quase 15 anos depois, a nova sétima temporada de Black Mirror mais uma vez fascina com sua tecnologia extrapola do presente para o futuro — mais especificamente, a ideia que parece unir a maioria dos episódios é a possibilidade de consciência humana ser armazenável e transferível. Em vários episódios, o que está em jogo é a capacidade de transferir ou copiar seu eu completo, ou partes como fragmentos de memória ou neuronais, para uma realidade alternativa, uma dimensão alternativa ou simplesmente para a nuvem para armazenamento. Podemos considerar a última temporada da série como a mais tecnognóstica de todas: a afinidade entre gnose, tecnociência e cibercultura na qual o conteúdo da mente (a consciência) poderia ser transcodificado e, através de um upload final, habitar um computador, conquistando a imortalidade pela libertação da fraqueza da carne mortal. Claro que essa é a tecno-utopia, mesclada de misticismo e religiosidade, é o que anima os engenheiros computacionais do Vale do Silício – a espera de que a tecnologia realize o sonho da Singularidade: o salto na evolução no qual máquina e consciência se fundiriam. Mas o que Black Mirror faz é a aplicação na prática mercadológica dessa utopia tecnognóstica. Que resulta na característica extrapolação hipo-utópica: aspectos tragicômicos da privatização total da medicina (“Pessoas Comuns”), uma empresa que edita memórias póstumas para velórios (“Eulogy”), uma IA que imerge a consciência de atores em filmes antigos para salvar um velho estúdio da crise (“Hotel Reverie”); o eu que mergulha na versão do seu jogo favorito que emula a antiga série Star Trek (“USS Calister: Into Infinity”); a vingança de uma nerd com um Eu quân

Mai 4, 2025 - 12:44
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Série 'Black Mirror', Sétima Temporada: hipo-utopia e os futuros que nunca existiram

 


A grande questão que a crítica levanta sobre “Black Mirror” é: será que a série ainda tem algo a dizer num mundo atual em que Big techs e Big Pharmas parecem realizar os pesadelos distópicos do criador Charlie Brooker? Parece que muitos críticos ainda não entenderam a proposta da série: “Black Mirror” não mostra futuros distópicos, mas hipo-utópicos. Nunca assistimos a mundos futuros na série. O que existe é uma projeção hiperbólica do que já vivemos no presente. Nos divertimos porque vemos a nós mesmos em tragicomédias tecnológicas, supostamente ambientadas no futuro. E a Sétima Temporada continua com a proposta hipo-utópica. Seis episódios unidos por uma ideia geral: o que está em jogo é a capacidade de transferir ou copiar seu Eu completo, ou partes como fragmentos de memória ou neurais, para uma realidade alternativa, uma dimensão alternativa ou simplesmente para uma nuvem para armazenamento. Reflexo do mundo atual dominado pelas “Tecnologias do Ego” que buscam um Eu performático.

Em 2020, Charlie Brooker, o criador da série Black Mirror, admitia que uma próxima temporada não seria lançada tão cedo, ainda dava sinais de exaustão: "No momento, eu não sei se tenho estômago para lidar com histórias sobre sociedades desmoronando, então não estou trabalhando com nenhuma delas", dizia ele em meio à pandemia global do coronavírus.

Brooker observava que naquele momento muitos fãs estavam se sentindo como se estivessem vivendo num dos mundos imaginados por Black Mirror – durante a pandemia programas de TV nos ensinavam formas de evitar a contaminação, policiais patrulhavam as ruas e conduzindo as pessoas para dentro de suas casas, a proibição das pessoas tocarem umas às outras etc. – clique aqui.

Depois de seis temporadas, tudo em Black Mirror parecia ter um tom premonitório. Por exemplo, a tentativa de derrubar o sistema político norte-americano pelas mãos de uma multidão enlouquecida pelas conspirações na Internet na invasão do Capitólio. Ou o movimento disruptivo da Inteligência Artificial, ironicamente responsável pela greve de roteiristas e escritores de Hollywood diante da perspectiva de serem substituídos por um ChatGPT.

De tantos exemplos de como a realidade supostamente estaria ficando parecida com os mundos da série, muitos críticos começaram a sugerir que Black Mirror não teria mais nada a dizer: as distopias já foram realizadas.



Mas esta opinião deriva de uma má compreensão dos pressupostos da série. Muitos ainda a veem como uma mera série distópica (onde ainda há um “topos”, um lugar chamado “futuro” como mundos diferentes dos atuais ou, pelo menos, advertências sobre no que o mundo atual poderia se tornar se não aceitarmos as advertências).

Pelo contrário, a série Black Mirror possui uma matéria-prima inesgotável, paradoxalmente os acontecimentos do presente. Por isso ela é hipo-utópica (no sentido de “futuro insuficiente”), não há mais futuro: o porvir nada mais é do que a projeção de tendências já existentes no presente – a diferença é que no “futuro” eles se transformarão em pesadelos. Black Mirror pega as mazelas atuais e projeta de forma hiperbólica no futuro. Que na verdade é o nosso presente, porém, extrapolado.

Isso pode mais uma vez ser comprovado na sua sétima temporada, embora a mais irregular das temporadas.

Quase 15 anos depois, a nova sétima temporada de Black Mirror mais uma vez fascina com sua tecnologia extrapola do presente para o futuro — mais especificamente, a ideia que parece unir a maioria dos episódios é a possibilidade de consciência humana ser armazenável e transferível. Em vários episódios, o que está em jogo é a capacidade de transferir ou copiar seu eu completo, ou partes como fragmentos de memória ou neuronais, para uma realidade alternativa, uma dimensão alternativa ou simplesmente para a nuvem para armazenamento.

Podemos considerar a última temporada da série como a mais tecnognóstica de todas: a afinidade entre gnose, tecnociência e cibercultura na qual o conteúdo da mente (a consciência) poderia ser transcodificado e, através de um upload final, habitar um computador, conquistando a imortalidade pela libertação da fraqueza da carne mortal.

Claro que essa é a tecno-utopia, mesclada de misticismo e religiosidade, é o que anima os engenheiros computacionais do Vale do Silício – a espera de que a tecnologia realize o sonho da Singularidade: o salto na evolução no qual máquina e consciência se fundiriam.

Mas o que Black Mirror faz é a aplicação na prática mercadológica dessa utopia tecnognóstica. Que resulta na característica extrapolação hipo-utópica: aspectos tragicômicos da privatização total da medicina (“Pessoas Comuns”), uma empresa que edita memórias póstumas para velórios (“Eulogy”), uma IA que imerge a consciência de atores em filmes antigos para salvar um velho estúdio da crise (“Hotel Reverie”); o eu que mergulha na versão do seu jogo favorito que emula a antiga série Star Trek (“USS Calister: Into Infinity”); a vingança de uma nerd com um Eu quântico (“Bête Noire”). E o episódio “Brinquedo”, o único que destoa do conceito geral com uma distopia clássica.

Nessa temporada temos o conceito predominante que o Eu pode ser mais um arquivo manipulável. Dessa maneira Black Mirror reflete o papel cada vez mais hegemônico da Inteligência Artificial na atualidade. Ou talvez mais do que isso: reflete as “tecnologias do Eu”, conjunto de tecnologias do espírito, desde as terapêuticas até as mercadológicas – desde as técnicas neurolinguística motivacionais até as técnicas de fabricar o Eu performáticos para o sucesso nos negócios e empreendedorismo. O Eu como marca pessoal para o mercado.

A Temporada

Aqui está um rápido resumo do que esperar dos episódios dentro da perspectiva hipo-utópica da temporada:


“Pessoas Comuns”

Estrelado por Chris O'Dowd e Rashida Jones, este episódio acompanha um casal apaixonado, de posses modestas, que sobrevive até a esposa entrar em coma devido a um tumor cerebral inoperável. Uma alegre representante de vendas, interpretada por Tracee Ellis Ross, convence o marido a assinar um serviço de assinatura que fará o upload do cérebro da esposa para a nuvem, para que ela sobreviva à cirurgia. Ela viverá, porém com grande parte do seu cérebro funcionando na nuvem. Como acessá-lo? Como numa plataforma de streaming, baixando os dados, mas, principalmente, as comodidades de acordo com o seu plano de assinatura escolhido – a fonte de lucro da empresa

Abordando as maneiras como os serviços de assinatura prendem as pessoas e depois se deterioram com o tempo, o episódio tem um ótimo trabalho dos protagonistas e algumas piadas boas e sombrias à medida que as coisas pioram.

Eles têm o que podem pagar: um plano básico, no qual são inseridos publicidade que faz a pessoas recitar Ads sem ter consciência – o que custa o emprego de professora da infeliz protagonista.

Tudo é tão absurdo que pensamos: por que o casal não entrou com um processo para recuperar algo tão pessoal como o próprio cérebro? Ora, primeiro porque são “pessoas comuns”. E outra, porque estamos num futuro de extrapolação exponencial do presente: se já acompanhamos a privatização total da saúde, por que não privatizar as próprias funções corporais? Funções que foram transformadas em dados para serem baixadas como produto das nuvens.

“Bête Noire”

Maria (Siena Kelly) percebe que um novo colega de trabalho (Verity - Rosy McEwen) que ela também conheceu há muito tempo a está sabotando. Ela trabalha com pesquisa em marketing gerindo focus groups de consumidores sobre novos produtos alimentares.

Sua antiga amiga de escola admitida de alguma forma a está sabotando, principalmente quando sabemos que ela era uma nerd, ridicularizada e segregada pelos colegas mais populares. Mal sabe que ela que ela é um gênio de informática que cria um dispositivo todo-poderoso quântico para manipular do Eu através dos infinitos mundos quânticos. É a vingança de uma nerd!

Esta é a ironia do episódio. Tanto algoz quanto vítima trabalham com tecnologias de manipulação do ego: de um lado a pesquisa qualitativa de marketing; e do outro, a fragmentação do Eu através de um poderoso computador quântico.


"Hotel Reverie"

A relíquia de meados do século passado, a Keyworth Studios está em dificuldades quando sua chefe (Harriet Walter) ouve uma proposta para uma ferramenta de IA chamada “Redream”. Juntas, ela e a representante da empresa planejam usar a tecnologia para refazer de forma rápida e barata a obra-prima de Keyworth, Hotel Reverie, no estilo Casablanca, com uma estrela contemporânea.

Brandy Friday (Issa Rae), uma atriz frustrada com papéis de "vítima nobre", aproveita a chance de assumir um papel principal originalmente ocupado por um cara branco. O que ela não sabe é o quão literal será a experiência.

“Redream” conecta a consciência de Brandy, no estilo Matrix, em uma recriação virtual do filme. Seus colegas de elenco são cópias de IA dos personagens, programadas para replicar as performances originais do filme, desde que Brandy siga o roteiro. 

No entanto, algo em Brandy desencadeia uma resposta inesperada do interesse amoroso de sua personagem (Emma Corrin), o que lança o projeto no caos.

O tema hipo-utópico aqui é como a IA pode transformar o negócio do cinema num eterno presente. Principalmente com as salas de exibição sendo substituídas pelas plataformas de streaming. Raramente essas plataformas de streaming licenciam filmes antigos. A não ser que... sejam “melhorados” pela tecnologia, para ficarem parecidos com o presente. Esvaziando a percepção histórica.


“Brinquedo”

Este episódio foge ao conceito geral da temporada, abordando uma clássica distopia.

Um conto cyberpunk vintage aninhado dentro de um procedimento criminal de um futuro próximo.

O episódio abre no ano de 2034, quando o dono de uma loja de conveniência chama a polícia para um homem de cabelos desgrenhados (Cameron de Peter Capaldi) que tenta roubar uma bebida. Acontece que Cameron é procurado em conexão com um assassinato de 40 anos atrás.

Em meados dos anos 90, ele explica aos seus interrogadores (James Nelson Joyce e Michele Austin), Cameron explica qur trabalhava como jornalista de videogame. Convocado para conhecer um criador brilhante e problemático (Colin de Will Poulter), ele é apresentado a um programa que Colin descreve como "software que nos eleva — nos aprimora como seres humanos". Chama-se Thronglets e permite aos usuários a experiência estranhamente satisfatória de cuidar de adoráveis ​​criaturas digitais que se multiplicam à medida que são nutridas.

Mas estes não são meros Tamagotchis. Em uma viagem de ácido, Cameron descobre que consegue entender os sons que eles fazem, semelhantes aos do canto dos pássaros, o que lhe permite começar a criar o ambiente de que eles precisam para executar seus objetivos utópicos: dominar o mundo no futuro por meio de um ciber-ataque através da rede de celulares e internet.


“Eulogy”

Leve, elegantemente executado e agridoce. Mas com o elemento hipo-utópico: memórias digitalizadas oferecidas com um serviço para velórios. Com Paul Giamatti fazendo mais uma variação de personagens solitários, amargos e sabe-tudo.

Quando Phillip de Giamatti é recrutado para contribuir com memórias de uma antiga namorada que acabou de morrer, Carol, para um "memorial imersivo" vendido pela empresa “Eulogy”, que fará parte de seu funeral, ele recebe um kit via drone. Dentro há um dispositivo com um guia/tutorial humanoide de IA (Patsy Ferran) para falar com ele sobre fotos e lembranças de seu tempo com Carol, quando eles eram punks artísticos, pré-smartphones, vivendo em uma república de artistas no Brooklyn.

Não é um processo fácil, já que ele riscou e rabiscou o rosto dela de todas as fotos depois do término traumático. Embora décadas tenham se passado desde então, Phillip ainda a culpa por arruinar sua vida. Mas uma olhada em seus artefatos sugere que ele pode ter sido o responsável por muitos dos erros que condenaram seu relacionamento. 

Enquanto em “Hotel Reverie” a IA transfere a consciência para um mundo simulado no interior de um filme antigo, aqui temos o mesmo processo aplicado a fotografias antigas.


“USS Calister: Into Infinity”

Na quarta temporada, Black Mirror estreou "USS Callister", em que um designer de jogos, interpretado por Jesse Plemons, aprisionou clones digitais de seus colegas de trabalho em um mundo baseado em sua antiga série de TV favorita sobre naves espaciais, onde ele era o capitão ditatorial.

Quando ele clonou Nanette, interpretada por Cristin Milioti, ela se rebelou. Nesta sequência, a Nanette clonada e o restante da tripulação da nave ainda tentam sobreviver. A versão original era uma análise contundente de um homem cuja crueldade não o impedia de se ver como um mocinho e uma vítima; esta parece mais cômica e não tão cortante. Ainda assim, o retorno do elenco, que também inclui Billy Magnussen e Jimmi Simpson, é um prazer.

Mais um episódio sobre consciências transferidas para mundos simulados (games, filmes, fotografias etc.) tentando resolver questões existenciais para aprimorar o melhor de si.


Black Mirror, sétima temporada, reflete a atual influência da tecnologia do Eu na sociedade.

 

 

 

  Ficha Técnica

Título: Black Mirror – sétima temporada

Criação:  Charlie Brooker

Roteiro: Charlie Brooker, Bisha A. Ali

 Elenco: Anjana Vasan, Cristin Milioti, Jimmi Simpson

Produção: Channel 4 Television, Zeppotron, Babieka

Distribuição: Netflix

Ano: 2025

País: Reino Unido

 

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