Preço dos jogos vai aumentar, mas sabia que já foi muito pior?

O preço dos jogos de Nintendo Switch 2 geraram grande revolta no público, com exemplares como Mario Kart World chegando às lojas com preço sugerido de US$ 80 (no Brasil, R$ 500). Não apenas aqui, mas todo o mercado internacional começou a questionar sobre uma possível prática abusiva da Big N.

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Afinal de contas, é um preço realmente muito mais elevado do que estamos vendo atualmente. Nos Estados Unidos, até agora tínhamos jogos sendo lançados por US$ 60 e, em casos de projetos AAA, até US$ 70. Isso se reflete no Brasil com os títulos chegando entre R$ 300 e R$ 350 (R$ 150 de diferença em comparação ao novo game da Nintendo).

E, na verdade, os jogos de Nintendo Switch 2 podem ser apenas a ponta do iceberg. Recentemente a Microsoft anunciou reajuste dos preços de seus jogos first-party, que começarão a ser vendidos até o fim de 2025 também por US$ 80. E ainda pode ficar pior: o lançamento de GTA 6 promete abalar todas as estruturas da indústria gaming e pode chegar a até US$ 100, de acordo com analistas.

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Ou seja, ser fã de videogames está prestes a se tornar ainda mais caro. Isso tem feito muita gente optar por um destes dois caminhos: enquanto uns tentam aumentar o limite de seu cartão de crédito, outros terão de reduzir seu carrinho de compras e selecionar melhor o que jogar. Isso se não abrirem mão de vez, lógico. 

E esse aumento expressivo se deve a inúmeros fatores. O tempo de desenvolvimento dos games, investimento que está com um custo cada vez maior, questões como a demanda e diversos outros — o que inclui também as tarifas do governo dos Estados Unidos, que tornarão diversos produtos eletrônicos mais caros a partir de 2025. 

Ainda assim, o público não está nada feliz e as justificativas não aliviam em nada a sensação de que estão cobrando um valor acima do aceitável. Principalmente quando discutimos os recentes lançamentos, que necessitam de diversas atualizações para terem um bom desempenho e parte de seu conteúdo (às vezes até em relação à sua história) restrito a pagamentos adicionais como DLCs e expansões. 

Preços abusivos dos jogos

Ainda que os preços dos jogos sejam altíssimos em todo o mundo e distancie o hobby da acessibilidade, a situação já foi muito pior no passado. Óbvio que isso não justifica os altos valores vistos na geração atual, mas a indústria gaming foi muito mais severa com os jogadores no passado. 

Através da calculadora do Bureau of Labor Statistics (BLS) dos EUA, baseado no Consumer Price Index for All Urban Consumers (CPI-U) — índice de preços ao consumidor que acompanha a variação média dos preços pagos por produtos e serviços no decorrer dos anos — é possível ter uma noção da equivalência dos preços que eram cobrados nos anos 1990 e 2000.

Já no Brasil, temos o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) que consegue mostrar como a inflação atingiu o mercado nacional, através de dados do IBGE e do Banco Central do Brasil. A partir disso, o Canaltech conseguiu trazer diversos valores ajustados para o ano de 2025 (tanto em dólar quanto em reais, quando possível).

Confira a tabela completa de preços para analisarmos os preços dos jogos ao longo das décadas:

O que mais salta aos olhos são os valores dos games de Nintendo 64, que eram vendidos por US$ 59,99 em 1996. Ajustando à inflação atual, estes títulos seriam vendidos em 2025 por US$ 113,50. Imagine pagar mais em um Conker’s Bad Fur Day ou Jet Force Gemini do que as previsões apontam para GTA 6? 

Não parecia apenas insustentável, mas era um completo absurdo. Jogos do SNES custavam o equivalente a US$ 109, enquanto os lançamentos do Xbox 360 teriam um valor estimado de US$ 90. Não é para menos que existia um sistema completo de locadoras e até cópias piratas  para tornar essas experiências mais acessíveis ao público. 

Em termos de reais, pode-se notar uma escala que beira ao absurdo. Um Mario Kart 64, por exemplo, era vendido no N64 pelo equivalente a R$ 1.280, enquanto o novo Mario Kart World chegará a “apenas” R$ 500. Títulos de Super Nintendo também terem preço equivalente a R$ 632, em pleno início dos anos 1990, é espantoso. 

Os títulos de Nintendo Switch 2 virem ao Brasil por R$ 500 é caro, mas nota-se na tabela que diversas plataformas estariam acima deste patamar nos dias atuais: NES, PS1, PS2, Xbox 360 e PS3 são algumas que surpreendem pelo alto custo.

O mercado de games nunca foi barato, o que é um grande dilema para grande parte do público. Apesar de vermos jogos independentes por preços mais interessantes e títulos AA em constantes promoções, investir em grandes projetos continuará sendo algo distante para grande parte do público. Talvez um, dois por ano (com a chegada do 13º que facilita um pouco mais nas festas de fim de ano) e olhe lá. 

Padrões atuais de precificação

Ainda que parte dos jogos de Nintendo Switch 2 sejam lançados por US$ 80, a tabela também mostra que segue “abaixo” dos demais em termos de inflação de mercado. Mesmo com os valores sendo mantidos, jogos de PS5 e Xbox Series (ambos de 2020) hoje custariam o equivalente a US$ 83 — o que levanta questões se a Big N e a Microsoft  realmente está sendo “injustas” ou apenas estão se ajustando ao elevado padrão atual de custos.

No Brasil, há o agravante da carga tributária. Os impostos sempre representaram um entrave para a indústria gamer no nosso país, já que existem taxas federais e estaduais atuando em cima de cada movimentação. O fato de jogos ainda estarem na categoria de “jogos de azar” e não como “software” são parte do problema, já que contam com uma porcentagem cobrada maior até mesmo do que cigarros.

O que a indústria está tentando ajustar, seja no Brasil ou no mercado internacional, é um equilíbrio entre os custos, demanda global e expectativa de receita. Levando em consideração que GTA 6 levou mais de 10 anos para ser produzido, seria US$ 100 um valor justo? O Nintendo Switch 2 ter jogos com o preço de US$ 80 é menor do que o visto no N64 e Super Nintendo, mas está de bom tom? 

A verdade é que há vários fatores em debate — tanto no valor dos games quanto dos consoles. A Nintendo já mostrou que não voltará atrás da sua precificação, assim como a Rockstar, na verdade, pode cobrar “qualquer” preço em GTA 6: afinal de contas, ele quebrará recordes e será um sucesso, independentemente das nossas condições financeiras e do quanto isso segura alguns dos jogadores. 

Mesmo com várias ameaças de boicote, basta ver as estimativas de mercado: o Nintendo Switch 2, console mais caro nos últimos 30 anos, pode vender até 8 milhões de unidades no seu lançamento. Este seria o maior número já registrado por um videogame, o que é algo a se refletir. 

Já vimos videogames muito mais caros, mas isso não exclui a verdade de que os valores continuam extremamente elevados. As reclamações do público e análises de mercado não vão impedir este avanço. Resta avaliar nossa relação com o videogame ou já conferir, no app do seu banco digital, se é possível aumentar o limite do cartão para bancar o hobby. Qual será a sua escolha? 

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