Porto Tawny enche o copo aos reis do Douro com vendas a crescer 10%
Symington prevê mais vendas, apesar dos desafios em mercados cruciais. Enoturismo vai sair beneficiado com mais turistas. Se Trump impuser tarifas, será um “revés bastante duro”.

Há mais de 140 anos, um jovem escocês chegou a Portugal com a ambição de singrar no negócio de vinho do Porto. Após ganhar alguma experiência, Andrew James Symington montou o seu próprio negócio de exportação. A empresa familiar cresceu ao longo de um século e tornou-se na principal proprietária de vinhas no Douro, com 25 quintas com mais de mil hectares a produzir vinho.
Depois de um 2024 em que as vendas ficaram “aquém dos objetivos traçados”, o objetivo para este ano é “conseguir um crescimento de cerca de 10% no volume de vendas”, disse ao JE Rupert Symington, o novo líder da empresa familiar após a saída recente de Johnny Symington.
Para 2025, o novo líder da Symington Family Estates reconhece que as “condições no terreno continuam difíceis, em alguns dos nossos mercados estratégicos”, como o Reino Unido onde aumentou recentemente a carga fiscal sobre as bebidas alcoólicas. Ao mesmo tempo, a “pressão sobre o preço do cabaz de compras” para os consumidores europeus “faz com que haja menos disponibilidade” para comprar vinhos do Porto e vinhos não fortificados. Mas a empresa garante estar “otimista” em relação à “boa evolução nas vendas das categorias especiais de vinho do Porto, particularmente os Tawny velhos”. O crescimento do número de turistas em Portugal também é uma boa notícia para a divisão de enoturismo.
A companhia conta como principais mercados de exportação o Reino Unido, Países Baixos, Bélgica, França, Estados Unidos, Dinamarca, Polónia, Canadá e Alemanha.
A incursão nos vinhos tranquilos teve início em 1999, mantendo agora quintas nas regiões do Douro, Alentejo e Vinho Verde, a par da produção de vinho espumante em Hampshire, no Reino Unido.
O enoturismo é a unidade de negócio mais recente com a abertura de dois restaurantes na Quinta do Bomfim, no Douro, detida pela família: Casa dos Ecos e Bomfim 1896. Também abriu um centro de visita na Quinta da Fonte Souto, no Alentejo, e tem para estrear um “novo e aliciante projeto na baixa do Porto”, não revelando mais pormenores. Em 2019, a família comprou um edifício de três andares na Praça Carlos Alberto no Porto para desenvolver um bar de vinhos e um restaurante.
A família detém também as casas de Porto: Graham’s, Cockburn’s, Dow’s e Warre’s. Alguns dos seus projetos mais emblemáticos no Douro são a Quinta do Vesúvio, Quinta do Ataíde ou a Altano.
Olhando para o futuro, Rupert Symington aponta vários desafios para o setor, incluindo o “excesso de produção de vinho a nível mundial, o que mantém uma forte pressão sobre os preços dos vinhos”, a par do aumento do custo de produção.
“Este é um grande dilema: como transmitir esses aumentos dos custos de produção ao consumidor num momento em que este vê o seu poder de compra cada vez mais condicionado pelo aumento assinalável do custo de vida”, sublinha.
Por outro lado, a redução do consumo de álcool, ou a substituição do vinho por outras bebidas, também pressiona o setor.