"Ruben Amorim foi um dos pilares para o sucesso de Trincão"

A exibição de Francisco Trincão na vitória de Portugal diante da Dinamarca (5-2), registada no domingo e que valeu a passagem à final four da Liga das Nações, deverá ser alvo de atenção de Roberto Martínez para os próximos jogos da seleção nacional. O jogador do Sporting precisou de pouco tempo para fazer 'estragos' em Alvalade e quem o conhece não tem dúvidas que o sucesso de Trincão seria uma mera questão de tempo. 

É o caso de Rui Santos, antigo coordenador da formação do Sp. Braga, e um dos responsáveis pela aposta do então jovem extremo nos minhotos, que destaca a forma como o jogador, agora com 25 anos, cresceu e se tornou mais maduro em campo, pese embora sem perder a capacidade de desequilibrar qualquer linha defensiva adversária. 

"Quem trabalhou com Trincão, como foi o meu caso, que trabalhei com ele durante três ou quatro anos, e vê a evolução de um atleta talentoso que era capaz de sair de cabine telefónica com a bola controlada.... Tem o poder de decisão muito grande e está um jogador completo aos 25 anos", começa por dizer Rui Santos, em declarações ao Desporto ao Minuto, lembrando os tempos de formação em Braga. 

"Na altura, com 16 anos, já víamos nele um grande talento. Hoje fala-se que Trincão foi o salvador. Para quem o conhece, não é uma surpresa ver a forma como ele em nove minutos, e numa fase de pressão para a seleção passar a fase seguinte, mostrou que com a sua experiência, maturidade e qualidade técnica é capaz de resolver jogos. Foi uma confirmação de algo que detetámos ao longo da sua carreira. Fez o seu percurso de uma forma briosa e está no lugar que merece e que tanto trabalhou para o conseguir", aponta o agora treinador principal de 48 anos. 

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Pedem-se mais minutos a Martínez

Rui Santos acredita que Roberto Martínez tem mostrado algum conservadorismo à frente da seleção nacional e que deve apostar mais nos jovens valores, como Trincão, e não tanto em 'pesos pesados'. A noite de domingo deve, de resto, servir de exemplo para o selecionador nacional. 

"Espero que sim e que Roberto Martínez comece a olhar para a formação com outros olhos. Temos muitos jovens valores a despontar e não podemos apenas acreditar nos jogadores que já estão feitos, que muitas das vezes o seu querer e ambição já não é tão grande como os dos mais novos. Ainda no domingo, o Francisco Trincão, com a sua irreverência, em apenas nove minutos deu tudo em prol da seleção. Marcou em nove minutos e depois no prolongamento foi novamente determinante, com mais um golo e com o passe para o Diogo Jota, que assistiu Gonçalo Ramos. A confiança [do selecionador] tem de ser concretizada, não apenas falada", avisa o técnico que esta época esteve no comando do Oliveira do Hospital. 

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De irregular a mais do que fiável 

Uma das maiores críticas de que Trincão foi alvo ao longo da sua carreira prendia-se com a falta de regularidade em campo, algo que por esta altura deixou de ser um problema. O jogador português tornou-se num dos elementos mais fiáveis no Sporting, tanto a nível físico como exibicional, e tudo está ligado... ao trabalho.

"O segredo do Trincão para esta regularidade prende-se com a quantidade de jogos e minutos que vai tendo nas pernas e na cabeça. Um jogador forma-se assim. O trabalho mental que o Trincão tem vindo a fazer tornou-o mais completo. Não só na participação no processo ofensivo, mas também no defensivo. Ainda no domingo, vimos que ele estava na linha final a recuperar bolas com uma intensidade alta. O talento dele já se vem denotando ao longo do tempo. Tem aquele refinamento técnico e na grande área teve discernimento, lucidez e a rapidez de perceber que um gesto técnico poderia valer um golo no meio de tantas pernas", vinca Rui Santos, que também não deixa de lembrar que Trincão não se deslumbrou com o salto para o Barcelona no verão de 2020. 

Foi especial, Trincão #LeõesNasSelecções pic.twitter.com/9RisX5crB9 — Sporting CP (@SportingCP) March 24, 2025

"Para além da sua qualidade técnica, o que eu tenho vindo a notar é o seu compromisso defensivo. Tem atitude mental de nunca virar a cara à luta. Poderia ser um atleta que chegasse ao Barcelona e ficasse acomodado, mas ele é um miúdo que nunca vira a cara à luta e um verdadeiro guerreiro. Quem trabalha desta forma, aliada à capacidade técnica, tem tudo para dar certo como ele deu no domingo ao serviço da seleção", vaticina. 

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