10 jogos icônicos lançados em 1990

O ano de 1990 representa um marco crucial na história dos games. Com o Nintendinho já consolidado no mercado e o Mega Drive conquistando rapidamente seu espaço, a indústria vivia um momento de efervescência criativa. Foi também neste ano que o Super Nintendo começou seu reinado no Japão, inaugurando oficialmente a era dos 16-bits e elevando os padrões de qualidade visual e sonora dos videogames domésticos. 10 melhores jogos do Mario já lançados 15 melhores jogos online grátis Nos Estados Unidos, as empresas apostavam em marketing agressivo para conquistar jogadores, com a famosa "guerra dos consoles" começando a tomar forma entre Sega e Nintendo. O PC gaming também vivia um momento importante com títulos revolucionários da Sierra e LucasArts redefinindo o que era possível fazer em termos de narrativa nos jogos. Enquanto isso, no Japão, desenvolvedoras como Square, Enix e Capcom estabeleciam os fundamentos de franquias que permanecem relevantes até hoje. 1990 marcou a transição entre gerações de consoles e trouxe avanços significativos em termos de design, narrativa e mecânicas. Títulos lançados naquele ano introduziram inovações que influenciariam o desenvolvimento de jogos pelos anos seguintes, como modos de corrida em perspectiva e RPGs com enredos mais complexos. Nesta lista, o Canaltech reúne 10 jogos icônicos que não só definiram 1990, mas também deixaram um legado duradouro na indústria. -Entre no Canal do WhatsApp do Canaltech e fique por dentro das últimas notícias sobre tecnologia, lançamentos, dicas e tutoriais incríveis.- 10. Mega Man 3 Quando Mega Man 3 chegou ao Nintendinho em setembro de 1990, os jogadores já esperavam um alto nível de qualidade da série. O que eles não imaginavam é que a Capcom conseguiria superar as expectativas, entregando o que muitos fãs consideram ainda hoje o auge da franquia na era 8-bits. O título introduziu novidades importantes, como o adorado cão robótico Rush e o carismático Proto Man, irmão mais velho de Mega Man que se tornaria um personagem recorrente nas aventuras futuras. Mega Man 3 levou o Nintendinho ao limite e revolucionou ao fazer adições importantes à franquia (Imagem: Reprodução/Capcom) A dificuldade meticulosamente calibrada é um dos grandes méritos do jogo. Desafiador sem ser frustrante, Mega Man 3 exigia reflexos precisos e estratégia na ordem de enfrentamento dos chefes, já que cada um era fraco contra uma arma específica obtida após derrotar outro robô mestre. A trilha sonora composta por Yasuaki Fujita e Harumi Fujita também merece destaque especial, com músicas memoráveis que são reverenciadas até hoje e frequentemente remixadas por fãs. O grande trunfo da produção, porém, foi o refinamento do já excelente sistema de controle. A adição do Power Slide (deslize) ampliou as possibilidades de movimentação e deu uma fluidez ainda maior às batalhas e fases. A Capcom também caprichou no nível de polimento visual, com sprites detalhados e cenários variados que extraíam o máximo do hardware do NES, já em seus anos finais de vida comercial. Comercialmente, o jogo vendeu mais de um milhão de cópias só nos Estados Unidos, consolidando a posição de Mega Man como um dos mascotes mais importantes da Capcom. Entre crítica especializada e público, o consenso é que Mega Man 3 representou o equilíbrio perfeito entre inovação e tradição, expandindo o universo da série sem perder sua essência. Não é à toa que muitos veteranos da franquia o consideram superior até mesmo ao celebrado Mega Man 2. 9. The Secret of Monkey Island Em outubro de 1990, a LucasArts revolucionou o gênero de aventuras point-and-click com o lançamento de The Secret of Monkey Island. Sob a direção criativa de Ron Gilbert e com contribuições de Tim Schafer e Dave Grossman, o jogo estabeleceu novos padrões para narrativa humorística e design inteligente de puzzles. Ambientado em um Caribe fantástico repleto de piratas, o título apresentou ao mundo Guybrush Threepwood, um protagonista ao mesmo tempo desajeitado e carismático que sonhava em se tornar pirata. Uma das maiores inovações do jogo foi a abordagem ao design: pela primeira vez em um adventure, os jogadores não podiam morrer ou chegar a um beco sem saída que impedisse o progresso. Isso permitiu que os jogadores explorassem e experimentassem soluções sem medo de perder horas de progresso. O sistema SCUMM (Script Creation Utility for Maniac Mansion), já utilizado em jogos anteriores da LucasArts, foi aprimorado para oferecer uma interface mais fluida e intuitiva para os comandos de interação. O humor afiado e os diálogos memoráveis são marcas registradas de Monkey Island. Os duelos de insultos entre piratas, onde a vitória dependia mais de tiradas espirituosas do que de habilidade com espadas, tornaram-se instantaneamente icônicos. A trilha sonora composta por Michael Land, com sua mistura de reggae e música caribenha, complementava perfeitamente o ambiente do jogo, criando uma atmosfera única que permanece reconhecível d

Mar 25, 2025 - 11:03
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10 jogos icônicos lançados em 1990

O ano de 1990 representa um marco crucial na história dos games. Com o Nintendinho já consolidado no mercado e o Mega Drive conquistando rapidamente seu espaço, a indústria vivia um momento de efervescência criativa. Foi também neste ano que o Super Nintendo começou seu reinado no Japão, inaugurando oficialmente a era dos 16-bits e elevando os padrões de qualidade visual e sonora dos videogames domésticos.

Nos Estados Unidos, as empresas apostavam em marketing agressivo para conquistar jogadores, com a famosa "guerra dos consoles" começando a tomar forma entre Sega e Nintendo. O PC gaming também vivia um momento importante com títulos revolucionários da Sierra e LucasArts redefinindo o que era possível fazer em termos de narrativa nos jogos. Enquanto isso, no Japão, desenvolvedoras como Square, Enix e Capcom estabeleciam os fundamentos de franquias que permanecem relevantes até hoje.

1990 marcou a transição entre gerações de consoles e trouxe avanços significativos em termos de design, narrativa e mecânicas. Títulos lançados naquele ano introduziram inovações que influenciariam o desenvolvimento de jogos pelos anos seguintes, como modos de corrida em perspectiva e RPGs com enredos mais complexos. Nesta lista, o Canaltech reúne 10 jogos icônicos que não só definiram 1990, mas também deixaram um legado duradouro na indústria.

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10. Mega Man 3

Quando Mega Man 3 chegou ao Nintendinho em setembro de 1990, os jogadores já esperavam um alto nível de qualidade da série. O que eles não imaginavam é que a Capcom conseguiria superar as expectativas, entregando o que muitos fãs consideram ainda hoje o auge da franquia na era 8-bits. O título introduziu novidades importantes, como o adorado cão robótico Rush e o carismático Proto Man, irmão mais velho de Mega Man que se tornaria um personagem recorrente nas aventuras futuras.

Mega Man 3 levou o Nintendinho ao limite e revolucionou ao fazer adições importantes à franquia (Imagem: Reprodução/Capcom)

A dificuldade meticulosamente calibrada é um dos grandes méritos do jogo. Desafiador sem ser frustrante, Mega Man 3 exigia reflexos precisos e estratégia na ordem de enfrentamento dos chefes, já que cada um era fraco contra uma arma específica obtida após derrotar outro robô mestre. A trilha sonora composta por Yasuaki Fujita e Harumi Fujita também merece destaque especial, com músicas memoráveis que são reverenciadas até hoje e frequentemente remixadas por fãs.

O grande trunfo da produção, porém, foi o refinamento do já excelente sistema de controle. A adição do Power Slide (deslize) ampliou as possibilidades de movimentação e deu uma fluidez ainda maior às batalhas e fases. A Capcom também caprichou no nível de polimento visual, com sprites detalhados e cenários variados que extraíam o máximo do hardware do NES, já em seus anos finais de vida comercial.

Comercialmente, o jogo vendeu mais de um milhão de cópias só nos Estados Unidos, consolidando a posição de Mega Man como um dos mascotes mais importantes da Capcom. Entre crítica especializada e público, o consenso é que Mega Man 3 representou o equilíbrio perfeito entre inovação e tradição, expandindo o universo da série sem perder sua essência. Não é à toa que muitos veteranos da franquia o consideram superior até mesmo ao celebrado Mega Man 2.

9. The Secret of Monkey Island

Em outubro de 1990, a LucasArts revolucionou o gênero de aventuras point-and-click com o lançamento de The Secret of Monkey Island. Sob a direção criativa de Ron Gilbert e com contribuições de Tim Schafer e Dave Grossman, o jogo estabeleceu novos padrões para narrativa humorística e design inteligente de puzzles. Ambientado em um Caribe fantástico repleto de piratas, o título apresentou ao mundo Guybrush Threepwood, um protagonista ao mesmo tempo desajeitado e carismático que sonhava em se tornar pirata.

Uma das maiores inovações do jogo foi a abordagem ao design: pela primeira vez em um adventure, os jogadores não podiam morrer ou chegar a um beco sem saída que impedisse o progresso. Isso permitiu que os jogadores explorassem e experimentassem soluções sem medo de perder horas de progresso. O sistema SCUMM (Script Creation Utility for Maniac Mansion), já utilizado em jogos anteriores da LucasArts, foi aprimorado para oferecer uma interface mais fluida e intuitiva para os comandos de interação.

O humor afiado e os diálogos memoráveis são marcas registradas de Monkey Island. Os duelos de insultos entre piratas, onde a vitória dependia mais de tiradas espirituosas do que de habilidade com espadas, tornaram-se instantaneamente icônicos. A trilha sonora composta por Michael Land, com sua mistura de reggae e música caribenha, complementava perfeitamente o ambiente do jogo, criando uma atmosfera única que permanece reconhecível décadas depois.

The Secret of Monkey Island marcou a indústria com abordagem inovadora de design (Imagem: Reprodução/Lucasfilm Games)

Embora não tenha sido um blockbuster imediato em vendas, The Secret of Monkey Island rapidamente conquistou o status de cult entre os jogadores e foi unanimemente aclamado pela crítica. Sua influência se estendeu muito além do gênero adventure, impactando a maneira como jogos contam histórias e incorporam humor. O legado do jogo é tão duradouro que a franquia continua viva até hoje, com o mais recente título, Return to Monkey Island, lançado em 2022 com o retorno de Ron Gilbert ao comando criativo.

8. Metal Gear 2: Solid Snake

Lançado exclusivamente no Japão para o MSX2 em julho de 1990, Metal Gear 2: Solid Snake consolidou Hideo Kojima como um mestre da narrativa nos videogames. Apesar de ter permanecido restrito ao território japonês até muito tempo depois (só chegando ao Ocidente por meio de coletâneas), este título estabeleceu praticamente todas as bases que fariam da franquia um fenômeno mundial quando Metal Gear Solid foi lançado para o PlayStation em 1998.

Metal Gear 2: Solid Snake trouxe aprimoramentos importantes em relação ao primeiro game (Imagem: Reprodução/Konami)

Metal Gear 2 aprimorou drasticamente as mecânicas de furtividade do primeiro jogo. Os guardas agora tinham campo de visão de 45 graus, podiam ouvir barulhos, seguir rastros e até chamar reforços quando avistavam Solid Snake. A implementação de elementos como se esconder em caixas, rastejar, bater nas paredes para distrair inimigos e usar itens específicos para cada situação tornou a experiência muito mais estratégica e tensa. Essas mecânicas eram tão bem pensadas que muitas delas permaneceram praticamente intactas na transição para os jogos 3D da série.

O que realmente diferenciava Metal Gear 2 dos outros jogos da época era sua abordagem cinematográfica à narrativa. Kojima já demonstrava sua habilidade para criar histórias militares complexas com toques de ficção científica e comentários políticos. O enredo girava em torno de uma crise de combustível e um misterioso biocombustível chamado OILIX, abordando temas como a dependência do petróleo e os conflitos geopolíticos resultantes — questões surpreendentemente maduras e atuais até os dias de hoje.

Embora inicialmente ofuscado pela ausência de um lançamento global, Metal Gear 2 hoje é reconhecido como um dos jogos mais inovadores de sua época, sendo um dos alicerces do gênero stealth. Quando jogadores ocidentais finalmente tiveram a chance de experimentá-lo através do bônus de Metal Gear Solid 3: Subsistence em 2006, puderam entender como Kojima havia concebido muitos dos elementos que definiram o gênero de espionagem em jogos muito antes do que se imaginava.

7. ActRaiser

Quando a Enix (antes da fusão com a Square) lançou ActRaiser para o Super Nintendo em dezembro de 1990 no Japão, ninguém sabia ao certo como classificá-lo. Misturando de forma ousada elementos de ação plataforma com simulação de construção de civilizações, o jogo criado pelo estúdio Quintet surpreendeu por sua originalidade, tornando-se rapidamente um dos títulos mais distintos do início da era 16-bits.

A premissa era fascinante: o jogador assumia o papel de "O Mestre", uma divindade que precisava reconquistar o mundo das mãos de Tanzra, o senhor do mal. Para isso, alternava entre segmentos de ação side-scrolling, onde controlava uma estátua guerreira para limpar áreas de monstros, e fases de simulação, onde, como um deus, orientava seus fiéis na construção e expansão de civilizações. Esta dualidade no gameplay era uma novidade absoluta em 1990, oferecendo uma experiência que nenhum outro jogo conseguia replicar.

A trilha sonora orquestral composta por Yuzo Koshiro é celebrada até hoje como uma das melhores da era 16-bits. As composições clássicas eram impressionantes para a época e demonstravam o potencial sonoro do Super Nintendo logo em seus primeiros meses. O trabalho de Koshiro, que mais tarde seria reconhecido por outras obras-primas como a trilha de Streets of Rage, ajudou a estabelecer ActRaiser como uma experiência audiovisual completa.

ActRaiser chamava a atenção por misturar dois estilos muito distintos de gameplay (Imagem: Reprodução/Enix)

Embora tenha recebido uma sequência que abandonou a parte de simulação para focar apenas na ação (para a tristeza de muitos fãs), o ActRaiser original permaneceu como um exemplo de experimentação bem-sucedida na indústria dos games. Em 2021, mais de três décadas após o lançamento original, a Square Enix surpreendeu os fãs com ActRaiser Renaissance, um remake que preservou a fórmula híbrida do original, provando a durabilidade e o apelo do conceito pioneiro de Quintet.

6. Castle of Illusion Starring Mickey Mouse

Castle of Illusion Starring Mickey Mouse, lançado em novembro de 1990 para o Mega Drive, representou um marco importante tanto para a Sega quanto para os jogos licenciados da Disney. Em uma época em que títulos baseados em personagens famosos geralmente resultavam em produções medíocres feitas às pressas, Castle of Illusion surpreendeu ao oferecer qualidade e capricho dignos da marca do camundongo mais famoso do mundo.

Castle of Illusion foi um dos primeiros jogos licenciados da Disney bem-sucedidos da história (Imagem: Reprodução/Sega)

Desenvolvido pela Sega AM7 (que mais tarde se tornaria o Sonic Team), o jogo impressionou visualmente com gráficos coloridos e animações fluidas que capturavam perfeitamente a personalidade de Mickey. Os cenários eram extremamente variados, levando o jogador por florestas encantadas, montanhas de doces, bibliotecas mágicas e outros ambientes inspirados em contos de fadas. Cada estágio apresentava mecânicas únicas e inimigos diferentes, evitando a repetição e mantendo a experiência sempre fresca.

A jogabilidade era simples, mas refinada, com controles precisos que tornavam satisfatórios tanto os pulos quanto as investidas de Mickey contra os inimigos. O sistema de ataque, em que o jogador podia arremessar maçãs ou saltar em cima dos adversários, era intuitivo e responsivo. O nível de dificuldade progressivo também merece destaque: começava acessível para crianças, mas os estágios finais exigiam reflexos afiados e timing perfeito, satisfazendo jogadores mais experientes.

Castle of Illusion acabou se tornando um dos primeiros grandes sucessos exclusivos do Mega Drive e ajudou a definir a identidade da plataforma em seus primeiros anos. O jogo vendeu mais de 1,5 milhão de cópias em todo o mundo e recebeu notas altas nas revistas especializadas da época, sendo frequentemente citado como um exemplo de como jogos de plataforma podiam ser, ao mesmo tempo tecnicamente impressionantes e divertidos. Seu legado é tão significativo que em 2013 a Sega lançou um remake completo, recriando a experiência para uma nova geração de jogadores.

5. Dragon Quest IV

Lançado em fevereiro de 1990 no Japão para o Famicom (versão japonesa do Nintendinho), Dragon Quest IV: Chapters of the Chosen foi uma evolução significativa para a já popular série da Enix. Sob a direção de Yuji Horii, com o saudoso design de personagens de Akira Toriyama e a memorável trilha sonora de Koichi Sugiyama, o jogo inovou ao apresentar uma estrutura narrativa dividida em capítulos, algo raramente visto nos RPGs da época.

Ao todo eram cinco capítulos distintos, com os quatro primeiros introduzindo diferentes personagens e seus motivações individuais, antes de reuni-los no quinto e último capítulo para a grande jornada final. Essa abordagem permitiu um desenvolvimento de personagens muito mais profundo do que o habitual e criou um senso de mundo vivo, onde as ações de cada protagonista afetavam o panorama geral. Torneiros, ex-soldados, mercantes e bailarinas: cada um tinha sua própria história antes de se juntar ao herói escolhido para derrotar o vilão Psaro.

Além da inovação narrativa, Dragon Quest IV introduziu o sistema "Tactics", que permitia ao jogador definir comportamentos para seus companheiros controlados por IA. Embora essa mecânica tenha sido removida da versão estadunidense lançada como Dragon Warrior IV em 1992, ela representou um dos primeiros sistemas de IA programável para aliados em RPGs japoneses, influenciando inúmeros jogos que vieram depois.

O impacto cultural de Dragon Quest IV foi tamanho que governo do Japão instituiu a "lei Dragon Quest" (Imagem: Reprodução/Enix)

O impacto cultural de Dragon Quest IV no Japão foi enorme — como de costume para a série. O lançamento causou o já tradicional "fenômeno Dragon Quest", com milhões de japoneses formando filas enormes para comprar o jogo, a ponto de o governo do país posteriormente estabelecer uma "lei Dragon Quest" não-oficial, pedindo à Enix que lançasse futuros títulos da série apenas nos fins de semana para evitar faltas em massa de trabalhadores e estudantes. Com mais de 3 milhões de cópias vendidas só no Japão, Dragon Quest IV consolidou a série como um fenômeno cultural no país e estabeleceu padrões narrativos que influenciariam RPGs por décadas.

4. F-Zero

Quando o Super Nintendo foi lançado no Japão em novembro de 1990, F-Zero estava entre os títulos de lançamento que demonstravam o potencial técnico do novo console de 16-bits da Nintendo. Desenvolvido pela equipe interna da Nintendo EAD, o jogo de corrida futurista impressionou visualmente e estabeleceu as bases para um novo subgênero: as corridas antigravitacionais em alta velocidade.

F-Zero oferecia corridas alucinantes com gráficos que simulavam movimento 3D graças ao chamado Mode 7 do SNES (Imagem: Reprodução/Nintendo)

O grande diferencial técnico de F-Zero estava no uso pioneiro do "Mode 7", um recurso gráfico do SNES que permitia rotacionar e escalar planos 2D para criar a ilusão de movimento 3D. Isso possibilitou que o jogo oferecesse uma sensação de velocidade vertiginosa nunca antes vista em consoles domésticos, com pistas que se contorciam, se inclinavam e giravam enquanto os veículos futuristas atingiam velocidades alucinantes. Para uma época em que gráficos 3D ainda eram raros nos consoles, a fluidez e velocidade de F-Zero eram simplesmente revolucionárias.

As quatro naves disponíveis (Blue Falcon, Golden Fox, Wild Goose e Fire Stingray) não eram meras opções estéticas — cada uma oferecia um equilíbrio diferente entre aceleração, velocidade máxima e dirigibilidade, exigindo estilos de corrida distintos. A dificuldade elevada, especialmente nas ligas mais avançadas, e o sistema de dano que podia destruir seu veículo completamente criavam uma tensão constante, exigindo precisão milimétrica nas curvas mais acentuadas e nas manobras entre obstáculos.

F-Zero foi universalmente aclamado pela crítica especializada, que destacou sua jogabilidade viciante e o nível de polimento técnico impressionante para um jogo de lançamento. Mais importante, porém, foi seu legado: o título não apenas deu origem a uma franquia amada, mas influenciou diretamente todos os jogos de corrida futuristas que vieram depois, desde Wipeout até Redout.

3. Final Fight

Quando Final Fight chegou aos fliperamas japoneses no final de 1989 (e aos ocidentais em 1990), a Capcom já tinha experiência com jogos beat 'em up, mas nada comparado ao impacto que esse título causaria. Originalmente concebido como uma sequência para Street Fighter e temporariamente chamado Street Fighter '89, o jogo acabou seguindo um caminho a parte e se tornou um dos mais influentes exemplares do gênero "briga de rua".

Ambientado na fictícia Metro City, Final Fight colocava o jogador no controle de um entre três personagens distintos: Mike Haggar, o prefeito ex-lutador de wrestling; Cody, um lutador de rua; e Guy, especialista em ninjutsu. Cada um tinha seu próprio estilo de luta, com Haggar sendo mais forte e lento, Cody mais equilibrado e Guy mais rápido mas com menos poder de ataque. Esta variedade de estilos foi uma das primeiras implementações bem-sucedidas de personagens com características realmente diferentes em um beat 'em up, influenciando praticamente todos os jogos do gênero que viriam depois.

Tecnicamente, Final Fight estabeleceu novos padrões para o gênero. Os sprites grandes e detalhados, as animações fluidas de golpes e quedas e os cenários repletos de elementos destrutíveis criavam uma experiência impressionante. A dificuldade bem calibrada — desafiadora, mas justa — e a possibilidade de jogar cooperativamente com um amigo tornaram o título um sucesso imediato nos arcades, consumindo incontáveis fichas de jogadores do mundo todo.

Final Fight estabeleceu os fundamentos para praticamente todos os jogos de "briga de rua" (Imagem: Reprodução/Capcom)

A conversão para o Super Nintendo, em 1991, embora com algumas limitações técnicas (como a remoção do modo cooperativo e de um personagem jogável devido às restrições de memória), ajudou a consolidar o legado do jogo e a expandir sua influência. Final Fight acabou originando uma franquia própria e estabeleceu um patamar de qualidade para os beat 'em ups que seria perseguido por anos. Jogos como Streets of Rage da Sega foram desenvolvidos como resposta direta ao sucesso de Final Fight, comprovando o impacto duradouro que o título da Capcom teve na indústria.

2. Final Fantasy III

Lançado em abril de 1990 no Japão para o Famicom, Final Fantasy III representou o ápice técnico da série na era 8-bits e coroou os esforços da Square em expandir os limites do que era possível fazer em um JRPG naquela plataforma. Vale notar que este jogo permaneceu exclusivo do Japão por quase duas décadas, até o lançamento do seu remake para Nintendo DS em 2006, o que criou certa confusão na numeração ocidental da série (com Final Fantasy VI sendo lançado como Final Fantasy III no ocidente).

Final Fantasy III empurrou o Nintendinho ao limite e introdizu conceitos que seriam usados em praticamente toda a franquia dali em diante (Imagem: Reprodução/Square)

A maior inovação de Final Fantasy III foi seu sistema de classes. O jogo introduziu o conceito de "Job System", que permitia aos quatro protagonistas mudarem de profissão a qualquer momento, entre 22 classes diferentes —  incluindo Guerreiro, Mago Negro, Invocador, Viking e Ninja. Cada classe tinha habilidades únicas, equipamentos específicos e estatísticas próprias, criando inúmeras possibilidades estratégicas e incentivando a experimentação. Esta flexibilidade permitia que os jogadores adaptassem seu time para diferentes desafios, um conceito que seria refinado em jogos futuros da série.

Visualmente, Final Fantasy III empurrou o hardware do Famicom ao limite. Com gráficos detalhados para a época, animações elaboradas de batalha e uma variedade impressionante de inimigos, o jogo demonstrava o quanto a Square havia evoluído desde o primeiro Final Fantasy. A narrativa também ganhou complexidade, com temas como o equilíbrio entre luz e escuridão e a responsabilidade de poder, apresentando um mundo flutuante que escondia segredos de uma antiga civilização tecnologicamente avançada.

Nobuo Uematsu, já então compositor residente da série, entregou uma trilha sonora memorável que conseguia evocar emoção e epicidade mesmo com as limitações sonoras do console. A dificuldade do jogo era notória, especialmente em sua reta final e na batalha contra o chefe final, Cloud of Darkness, o que o tornou um verdadeiro teste para jogadores experientes. Com mais de 1,4 milhão de cópias vendidas apenas no Japão, Final Fantasy III consolidou a série como uma força dominante no mercado de RPGs e lançou as bases para muitos dos sistemas de jogabilidade que a franquia refinaria nas gerações seguintes.

1. Super Mario World

Em 21 de novembro de 1990, junto com o lançamento do Super Famicom no Japão, a Nintendo apresentou aquele que seria considerado por muitos como o melhor jogo de plataforma já criado: Super Mario World. A primeira aventura de Mario nos 16-bits não apenas demonstrava todo o potencial do novo console, mas também elevava a já aclamada série a um novo nível de excelência em design de jogos.

Com 96 saídas espalhadas por 72 níveis distintos, Super Mario World impressionava pela sua amplitude e variedade. Cada fase apresentava um desafio único, com mecânicas introduzidas de maneira gradual e natural, sem nunca precisar de tutoriais explícitos. Shigeru Miyamoto e sua equipe se manifestavam na forma como cada elemento de gameplay era apresentado em um ambiente seguro antes de ser exigido em situações mais desafiadoras. A descoberta de caminhos secretos, saídas alternativas e fases ocultas adicionava uma camada extra de exploração que recompensava a curiosidade dos jogadores.

A maior adição à fórmula foi indiscutivelmente Yoshi, o dinossauro verde que se tornaria um dos personagens mais queridos da Big N. Além de servir como uma "vida extra", absorvendo um golpe antes que Mario fosse atingido, Yoshi podia engolir inimigos e, dependendo da cor do casco que comesse, ganhar habilidades especiais. Essa mecânica, junto com a capa que permitia voar e a flor de fogo retornando dos jogos anteriores, diversificava enormemente as possibilidades de gameplay.

Até hoje Super Mario World é considerado por muitos fãs o melhor jogo do Mario já lançado e o ápice da criatividade de Shigeru Miyamoto (Imagem: Reprodução/Nintendo)

Tecnicamente, o jogo mostrava o que o Super Nintendo era capaz, com gráficos coloridos e detalhados, múltiplas camadas de parallax scrolling para criar sensação de profundidade e uma trilha sonora composta por Koji Kondo que até hoje é reconhecida como uma das mais memoráveis da história dos videogames. A fluidez das animações de Mario e a resposta precisa dos controles estabeleceram um padrão de excelência técnica para os jogos de plataforma que poucos conseguiram igualar desde então.

Super Mario World vendeu mais de 20 milhões de unidades ao longo da vida do SNES (muitas como parte do pacote que acompanhava o console) e é frequentemente listado entre os melhores jogos já feitos em qualquer plataforma. Seu legado vai além dos números: o jogo definiu o que uma experiência de plataforma poderia ser e influenciou incontáveis designs de jogos nas décadas seguintes. Para muitos desenvolvedores atuais, estudar Super Mario World continua sendo uma masterclass em level design e mecânicas intuitivas de jogabilidade.

Os 10 jogos icônicos lançados em 1990 em resumo

Ao revisitarmos esses 10 jogos clássicos lançados em 1990, fica evidente a importância deste ano para a história dos videogames. Foi um período de transição entre gerações que estabeleceu fundamentos cruciais para o desenvolvimento da indústria nas décadas seguintes. Os jogos lançados naquele ano aproveitaram ao máximo o hardware existente e apresentaram inovações técnicas e criativas que continuam influenciando desenvolvedores até hoje.

Seja pelo revolucionário sistema de classes de Dragon Quest IV, pela jogabilidade perfeita de Super Mario World ou pela perspectiva de corrida inovadora de F-Zero, os títulos de 1990 estabeleceram novos padrões de qualidade e, acima de tudo, entregaram experiências memoráveis que resistem ao teste do tempo, permanecendo relevantes e divertidos mesmo três décadas depois.

  1. Mega Man 3: Introduziu o cão Rush e Proto Man, refinando a jogabilidade da série com o Power Slide e consolidando Mega Man como um dos mascotes mais importantes da Capcom
  2. The Secret of Monkey Island: Revolucionou o gênero adventure com humor afiado, diálogos memoráveis e uma abordagem inovadora ao design que não permitia mortes ou becos sem saída
  3. Metal Gear 2 Solid Snake: Aperfeiçoou mecânicas de furtividade que definiram o gênero stealth e apresentou uma narrativa cinematográfica impressionante para a época
  4. ActRaiser: Combinação pioneira de ação plataforma com simulação de construção de civilizações, complementada por uma trilha sonora orquestral marcante
  5. Castle of Illusion Starring Mickey Mouse: Elevou o padrão dos jogos licenciados com animações fluidas, controles precisos e cenários variados
  6. Dragon Quest IV: Inovou com sua estrutura narrativa dividida em capítulos e o sistema "Tactics" de IA programável, causando um fenômeno cultural no Japão
  7. F-Zero: Utilizou o "Mode 7" do SNES para criar a ilusão de movimento 3D, estabelecendo as bases para o subgênero de corridas antigravitacionais
  8. Final Fight: Estabeleceu novos padrões para os jogos beat 'em up com sprites grandes e detalhados, influenciando praticamente todos os jogos do gênero que viriam depois
  9. Final Fantasy III: Introduziu o revolucionário "Job System" com 22 classes diferentes, representando o ápice técnico da série na era 8-bits
  10. Super Mario World: A obra-prima de Shigeru Miyamoto que introduziu Yoshi e definiu o que um jogo de plataforma poderia ser, com design de níveis impecável e controles perfeitos

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