E se as pensões em Portugal fossem geridas por um sucedâneo da dona Branca?
Charles Ponzi foi um vigarista italiano que ficou famoso por criar um esquema financeiro fraudulento. Nascido em 1882 na Itália, emigrou para os Estados Unidos no início do século XX. Em 1919, lançou um “modelo de negócio” que garantia o reembolso total do valor investido em 90 dias, continuando depois disso a gerar rendimentos. Em vez de investir o dinheiro, os fundos arrecadados aos novos "investidores" serviam para pagar os antigos, criando a ilusão de ser um negócio lucrativo. Não demorou muito até as autoridades descobrirem que ali não existia qualquer investimento, mas apenas uma fraude. Depois de condenado, Charles Ponzi foi preso e mais tarde deportado para a Itália. Ao longo dos anos, muitos casos idênticos foram surgindo, provando que é infinita a capacidade dos crédulos em serem enganados. Por cá, ficou bem conhecido o caso da senhora "muito séria" que dá o nome ao postal. O sistema de financiamento das reformas em Portugal é designado como sendo contributivo, uma vez que as pensões dos reformados são financiadas pelas contribuições dos trabalhadores activos e assim como pelas respectivas entidades empregadoras. A alternativa seria um sistema de capitalização onde cada indivíduo acumularia uma poupança própria para a sua reforma. O modelo português depende por isso do que é designado por solidariedade intergeracional, uma vez que os trabalhadores actuais financiam as pensões dos aposentados, esperando que no futuro, as próximas gerações façam o mesmo. Tal e qual como no esquema Ponzi, o sistema contributivo da Segurança Social em Portugal depende da entrada contínua de novos participantes para sustentar as reformas aos mais antigos. Tivéssemos nós uma pirâmide etária efectivamente em forma de pirâmide, ou seja com bastantes mais jovens do que idosos, e o Ponzi poderia respirar fundo durante muitos anos. Como isso não se verifica, não faltarão muitos anos até que o vigarista seja desmascarado. Os mais crédulos poderão considerar como certas as garantias de António Costa em que a sustentabilidade da segurança social está assegurada por muitos e muitos anos. Mas apesar destas promessas, o Tribunal de Contas, no seu Relatório sobre a Sustentabilidade Financeira da Segurança Social apresentado em Dezembro de 2024, afirma que “a diferença entre as receitas futuras e responsabilidades futuras do sistema de pensões em Portugal é negativa em mais de 228 mil milhões de euros”. De forma a adiar o dia em que o senhor Ponzi será desmascarado, é inevitável que a idade de reforma seja cada vez mais tardia e os rendimentos auferidos sejam cada vez menores. Segundo a Comissão Europeia, até 2045, os pensionistas portugueses passarão a receber menos da metade do seu último salário! Este será o legado da geração que instituiu o actual regime aos já nascidos depois daquele dia inicial inteiro e limpo. Setenta anos depois de Abril, a miséria a que os reformados serão relegados envergonhará o país e, não duvido, abalará o regime. É necessário reformar o sistema de pensões. Em 1999, a Suécia e a Polónia implementaram sistemas mistos, que combinam a vertente de contribuição e de capitalização. Existem outros exemplos internacionais, com diferentes combinações destas duas vertentes, mas antes disso é necessário enfrentar-se o problema e deixar de tratar os portugueses como crianças incapazes de entender a realidade. Gostaria de ver este assunto debatido na próxima campanha eleitoral. O que pensa cada partido sobre a necessidade de reformar o sistema de pensões? Só se conseguem entender sobre a desagregação de freguesias?

Charles Ponzi foi um vigarista italiano que ficou famoso por criar um esquema financeiro fraudulento. Nascido em 1882 na Itália, emigrou para os Estados Unidos no início do século XX. Em 1919, lançou um “modelo de negócio” que garantia o reembolso total do valor investido em 90 dias, continuando depois disso a gerar rendimentos. Em vez de investir o dinheiro, os fundos arrecadados aos novos "investidores" serviam para pagar os antigos, criando a ilusão de ser um negócio lucrativo. Não demorou muito até as autoridades descobrirem que ali não existia qualquer investimento, mas apenas uma fraude. Depois de condenado, Charles Ponzi foi preso e mais tarde deportado para a Itália. Ao longo dos anos, muitos casos idênticos foram surgindo, provando que é infinita a capacidade dos crédulos em serem enganados. Por cá, ficou bem conhecido o caso da senhora "muito séria" que dá o nome ao postal.
O sistema de financiamento das reformas em Portugal é designado como sendo contributivo, uma vez que as pensões dos reformados são financiadas pelas contribuições dos trabalhadores activos e assim como pelas respectivas entidades empregadoras. A alternativa seria um sistema de capitalização onde cada indivíduo acumularia uma poupança própria para a sua reforma. O modelo português depende por isso do que é designado por solidariedade intergeracional, uma vez que os trabalhadores actuais financiam as pensões dos aposentados, esperando que no futuro, as próximas gerações façam o mesmo.
Tal e qual como no esquema Ponzi, o sistema contributivo da Segurança Social em Portugal depende da entrada contínua de novos participantes para sustentar as reformas aos mais antigos. Tivéssemos nós uma pirâmide etária efectivamente em forma de pirâmide, ou seja com bastantes mais jovens do que idosos, e o Ponzi poderia respirar fundo durante muitos anos. Como isso não se verifica, não faltarão muitos anos até que o vigarista seja desmascarado.
Os mais crédulos poderão considerar como certas as garantias de António Costa em que a sustentabilidade da segurança social está assegurada por muitos e muitos anos. Mas apesar destas promessas, o Tribunal de Contas, no seu Relatório sobre a Sustentabilidade Financeira da Segurança Social apresentado em Dezembro de 2024, afirma que “a diferença entre as receitas futuras e responsabilidades futuras do sistema de pensões em Portugal é negativa em mais de 228 mil milhões de euros”.
De forma a adiar o dia em que o senhor Ponzi será desmascarado, é inevitável que a idade de reforma seja cada vez mais tardia e os rendimentos auferidos sejam cada vez menores. Segundo a Comissão Europeia, até 2045, os pensionistas portugueses passarão a receber menos da metade do seu último salário!
Este será o legado da geração que instituiu o actual regime aos já nascidos depois daquele dia inicial inteiro e limpo. Setenta anos depois de Abril, a miséria a que os reformados serão relegados envergonhará o país e, não duvido, abalará o regime.
É necessário reformar o sistema de pensões. Em 1999, a Suécia e a Polónia implementaram sistemas mistos, que combinam a vertente de contribuição e de capitalização. Existem outros exemplos internacionais, com diferentes combinações destas duas vertentes, mas antes disso é necessário enfrentar-se o problema e deixar de tratar os portugueses como crianças incapazes de entender a realidade.
Gostaria de ver este assunto debatido na próxima campanha eleitoral. O que pensa cada partido sobre a necessidade de reformar o sistema de pensões? Só se conseguem entender sobre a desagregação de freguesias?