O retorno triunfal do café
O preço do café explodiu nas prateleiras dos supermercados, aborrecendo as famílias brasileiras, a maioria das quais consome a bebida diariamente. Entretanto, nas áreas rurais com lavouras de café, há muitos anos não se via uma situação tão boa. Como alguns dos internautas já sabem, eu trabalhei com jornalismo especializado em café durante muito tempo, […] O post O retorno triunfal do café apareceu primeiro em O Cafezinho.

O preço do café explodiu nas prateleiras dos supermercados, aborrecendo as famílias brasileiras, a maioria das quais consome a bebida diariamente.
Entretanto, nas áreas rurais com lavouras de café, há muitos anos não se via uma situação tão boa.
Como alguns dos internautas já sabem, eu trabalhei com jornalismo especializado em café durante muito tempo, uns 15 anos, até meados de 2006, então conheço um pouco esse universo.
Em geral, quando a produção brasileira está muito alta, o preço está baixo, pela simples razão de que a maior oferta deixa os compradores mais confortáveis para pedirem preços menores.
E vice-versa. Quando os preços estão elevados, isso costuma significar que houve alguma quebra na produção nacional.
O que está acontecendo hoje é diferente.
A produção brasileira vem crescendo, e os preços também vem crescendo.
Em 2025, a estimativa do governo (via Conab, que faz esse serviço) é de que a produção brasileira de café chegue a 55 milhões de sacas de 60 kg, o maior volume já produzido num ano de baixa bianualidade.
O café é uma safra bianual, ou seja, tem um ano ruim seguido de um ano bom. 2025 deveria ser um ano “ruim”, mas os avanços tecnológicos no cultivo de café vem conseguindo reduzir essa característica de bianualidade cada vez mais. Com isso, a safra de 2025 deverá ser 3% maior que a do ano anterior, mesmo sendo um ano de baixa.
O recorde de produção no Brasil aconteceu em 2020, quando o país colheu 63 milhões de sacas.
Para se ter uma ideia do tamanho da safra brasileira para o planeta, a producão mundial de café em 2025 foi de 174,8 milhões de sacas. Ou seja, o Brasil responde por mais de um terço da oferta global.
Segundo o USDA, o departamento de agricultura do governo americano, os estoques mundiais de café em 2025 caíram para 20,8 milhões de sacas, o menor nível em muitos anos.
O consumo global de café em 2025, por sua vez, chegou a 168,0 milhões de sacas, um dos maiores da história, ligeiramente atrás apenas de 2023, quando atingiu 168,7 milhões. de sacas.
Este cenario de estoques baixos e consumo forte, tem garantido cotações internacionais elevadas para o café nas bolsas internacionais, e também um preço muito bom pago aos produtores brasileiros.
Segundo da Esalq, instituição vinculada a USP, os produtores de café arábica receberam, nos últimos meses, mais de R$ 2.500 por saca de 60 kg. Há apenas 2 anos, o preço para o mesmo produto estava menos de R$ 1.000.
A mescla de bons preços, boa colheita e forte demanda internacional, está fazendo as exportações brasileiras de café literalmente explodirem.
Nos últimos 12 meses até abril, o Brasil exportou US$ 14,38 bilhões em café, um aumento impressionante de quase 60% sobre o ano anterior, além de constituir um recorde histórico!
Este desempenho positivo do café vem fazendo com que ele volte a ter peso expressivo na balança comercial do país.
No 12 meses até abril, a exportação de café correspondeu a quase 4,5% de todas as exportações brasileiras.
Em quantidade, porém, as exportações brasileiras de café (considerando sempre todos os tipos de café) cresceram apenas 10% nos últimos 12 meses, para 2,78 milhões de toneladas, que ainda assim é um recorde histórico.
Os dados de comércio exterior brasileiro são todos do Comexstat, o banco de dados da Secretaria de Comércio Exterior.
A demanda pelo café brasileiro, reitero, vem crescendo no mundo inteiro.
Os principais destinos do grão brasileiro ainda são os países mais desenvolvidos do Norte Global, a começar pelos EUA, o principal comprador do nosso café.
Considerando apenas o mês de abril, os EUA importaram US$ 283,37 milhões em café brasileiro, um aumento de 96% sobre o mesmo mês de 2024.
Quase todos os tradicionais consumidores do café brasileiro aumentaram de maneira vigorosa as compras do nosso produto.
Mas vale chamar atenção para um país que, até pouco tempo, não era um consumidor tradicional do nosso café, e que agora é: a China.
Segundo o Comexstat, as exportações brasileiras de café para a China em abril chegaram a US$ 37,57 milhões, alta de 171% em 1 ano. Em 10 anos, o crescimento foi superior a mil por cento, e mais de 14 mil por cento em 20 anos!
A Rússia também está comprando muito café do país, e já ultrapassou tradicionais consumidores como França, Holanda, Espanha e Canadá.
Em abril, a Rússia comprou US$ 39,58 milhões em café brasileiro, alta de 155% em 1 ano.
Хочешь ли ты кофе, товарищ?
是的,我的朋友,巴西咖啡万岁!
Tradução das frases acima:
Aceita um cafezinho, camarada? (original em russo)
Aceito sim, meu amigo, e viva o café do Brasil! (original em mandarim chinês).
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