O Eternauta: As maiores mudanças que a série fez em relação aos quadrinhos

Adaptação da Netflix atualiza conceitos e modifica personagens-chave sem perder a essência da obra original. O post O Eternauta: As maiores mudanças que a série fez em relação aos quadrinhos apareceu primeiro em Observatório do Cinema.

Mai 10, 2025 - 00:57
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O Eternauta: As maiores mudanças que a série fez em relação aos quadrinhos
O-Eternauta

Baseada em um dos quadrinhos mais relevantes da história argentina, a série O Eternauta estreou na Netflix com a tarefa de modernizar e adaptar uma obra cercada por simbolismo histórico e significado político.

Escrita por Héctor Germán Oesterheld e ilustrada por Francisco Solano López, a HQ publicada entre os anos 1950 e 1970 ganhou notoriedade por abordar temas como resistência, autoritarismo e identidade coletiva.

A primeira temporada da série manteve o clima apocalíptico e o protagonismo de Juan Salvo, mas alterou diversos elementos para dialogar com o público. Entre ajustes de enredo, aprofundamento de personagens e novos recursos narrativos, a adaptação fez escolhas que a distanciam da obra original.

Controle mental ganhou nuances mais complexas

Na HQ, os humanos dominados pelos alienígenas agem como autômatos: perdem completamente a consciência e passam a servir aos invasores sem questionamento.

Já na série, a abordagem é mais ambígua. Alguns personagens demonstram sinais de resistência, como Clara, que oscila entre lucidez e submissão.

Além disso, enquanto os quadrinhos não explicam com clareza como se dá o controle mental, a série sugere métodos mais visuais, como a presença de implantes sob a pele.

O uso da música como ferramenta de dominação, especialmente pela figura conhecida como “A Mão”, também é uma inovação criada especificamente para a linguagem audiovisual.

Clara ganha protagonismo

Na obra original, Clara é uma personagem secundária, praticamente sem participação ativa no desenrolar da história.

A série, por outro lado, coloca a filha de Juan Salvo no centro dos conflitos emocionais e narrativos, fazendo dela um dos principais motores da ação.

Essa mudança responde a uma necessidade de ampliar o escopo de pesonagens para o enriquecimento narrativo da série, criando espaço para uma dinâmica mais profunda.

A estética da invasão foi atualizada

Os quadrinhos apresentam a chegada dos alienígenas por meio de discos voadores, em um estilo típico da ficção científica dos anos 1950.

A série, porém, opta por uma abordagem mais abstrata e moderna, utilizando feixes de luz vermelha e atmosferas carregadas de tensão visual para representar a chegada das criaturas.

Essa escolha de estilo atualiza o conceito de invasão para um público que já está acostumado a grandes produções do gênero e evita clichês visuais que poderiam soar datados.

Alterações nos alienígenas e seus nomes

No material original, as criaturas invasoras possuem nomes específicos, como os Cascarudos (os chamados “beetles”) e os Ellos, que representam uma força superior.

Na série, esses termos ainda não são utilizados explicitamente, mas os elementos visuais e comportamentais dessas entidades sugerem que suas versões televisivas já foram introduzidas, mesmo sem nome.

A adaptação também incorpora a figura de “A Mão”, um ser de múltiplos dedos que exerce influência sobre humanos e beetles. Seu papel como articulador do controle mental parece equivalente ao dos Ellos, mas ainda envolto em mistério.

A viagem no tempo foi ressignificada

Uma das características mais marcantes da HQ é a presença do próprio autor, Oesterheld, como personagem que encontra Juan Salvo, um viajante do tempo. Esse prólogo é eliminado na série, que começa diretamente no cenário da catástrofe.

Mesmo assim, a viagem no tempo não foi deixada de lado. O roteiro da série insere gradualmente a ideia de que Juan está preso em um ciclo temporal, revivendo situações e reconhecendo padrões que sugerem uma existência fragmentada no espaço-tempo.

O Eternauta

O passado militar de Juan foi reformulado

A série apresenta Juan Salvo como um veterano de guerra, marcado por traumas e memórias recorrentes do conflito. Essa bagagem militar ajuda a justificar suas habilidades de combate e a disposição em proteger a própria família a qualquer custo.

Nos quadrinhos, Juan também possui conexões com o exército, mas sua experiência é retratada de forma mais modesta. Ele é descrito como um integrante da reserva, com treinamento básico, sem o peso emocional ou estratégico atribuído ao personagem na versão televisiva.

Essas mudanças mostram que a série não pretende replicar os quadrinhos ponto a ponto, mas sim reinterpretá-los com liberdade criativa. O importante agora é acompanhar como essas escolhas serão desenvolvidas na próxima temporada.

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