O Brutalista: “Se alguém odeia, está certo; se alguém ama, está certo também”, diz diretor
A dupla de diretores e roteiristas Brady Corbet e Mona Fastvold é um dos power couples mais promissores do momento. Juntos, assinaram o roteiro de O Brutalista, filme que garantiu a Brady o prêmio de direção no Festival de Veneza e desponta como um forte candidato ao Oscar*. A trama narra a jornada de László […] O post O Brutalista: “Se alguém odeia, está certo; se alguém ama, está certo também”, diz diretor apareceu primeiro em Harper's Bazaar » Moda, beleza e estilo de vida em um só site.


O diretor Brady Corbet nos bastidores da produção (Foto: Divulgação)
A dupla de diretores e roteiristas Brady Corbet e Mona Fastvold é um dos power couples mais promissores do momento. Juntos, assinaram o roteiro de O Brutalista, filme que garantiu a Brady o prêmio de direção no Festival de Veneza e desponta como um forte candidato ao Oscar*. A trama narra a jornada de László Tóth, um arquiteto judeu ambicioso que deixa a Hungria em busca do sonho americano. Fugindo dos horrores da Segunda Guerra, ele enfrenta uma difícil ascensão nos Estados Unidos. Ao desembarcar em Nova York, László tem sua primeira visão: a Estátua da Liberdade, mas de ponta-cabeça. Uma poderosa metáfora que prenuncia como seu sonho americano se transformará em pesadelo.
“O êxtase vem sempre acompanhado de agonia, e vice-versa. Mesmo que, de alguma forma, o personagem de László alcance o sucesso, é um sucesso bastante complicado”, reflete Brady, por videochamada direto de Londres. Além de parceiros na vida, Brady e Mona compartilham uma colaboração criativa que vai do roteiro à produção de seus projetos. “Fizemos todos os nossos projetos juntos. Além de escrevermos, colaboramos nos trabalhos um do outro e produzimos nossos longas. O processo é bastante simbiótico do início ao fim”, comenta Mona. Curiosamente, o casal começou sua parceria como co-roteiristas, antes de engatar um relacionamento. “Tivemos que redefinir nossos papéis. Não sei como seria se nossa parceria profissional tivesse começado já como casal”, reflete Mona.

Adrien Brody interpreta o visionário arquiteto que foge da Europa em busca do sonho americano (Foto: Divulgação)
Surgido no pós-Segunda Guerra Mundial, nos anos 1950, o brutalismo se destaca por suas linhas retas, formas geométricas e o uso marcante do concreto aparente, características que refletem a essência de seu personagem. Arquiteto formado pela Bauhaus, László Tóth foi inspirado por ícones do brutalismo como Marcel Breuer, Louis Kahn e Paul Rudolph. László ganha vida com a intensidade de Adrien Brody (vencedor do Oscar por O Pianista). Sua esposa, Erzebeth, é interpretada por Felicity Jones (indicada ao Oscar por A Teoria de Tudo). Ela é uma jornalista que permanece presa na Europa, separada de László. “Uma das coisas que mais me encantaram no roteiro é que o público precisa esperar oito anos para que eles finalmente se reencontrem”, detalha.
Para Felicity, Erzebeth foi uma das personagens mais desafiadoras de sua carreira por ser um ser humano completo. “Ela lida com seu próprio ego enquanto enfrenta o de László, que é imenso. Na verdade, ambos têm egos enormes, e isso cria uma dinâmica intensa. Ela busca realização profissional, mas também acredita na visão criativa de László. Há muita coisa em jogo dentro dela. É difícil encontrar o equilíbrio”, reflete. “Como conciliar sua busca por reconhecimento intelectual e profissional com um casamento onde o parceiro também almeja o mesmo?”, diz Felicity sobre a aura da personagem.

Adrien Brody interpreta László Tóth, enquanto Felicity Jones vive sua mulher, Erzsébet (Foto: Divulgação)
Logo após chegar aos Estados Unidos, László – é contratado pelo filho de um poderoso milionário – vivido por Joe Alwyn – para reformar a biblioteca de seu pai, Harrison Lee Van Buren, interpretado magistralmente por Guy Pearce (Priscila, a Rainha do Deserto). Para Pearce, o que impulsiona o magnata é a necessidade de parecer poderoso, estar no controle e conquistar a admiração alheia. “Mas isso tem um custo, porque há forças antagônicas em jogo. Ele mantém uma postura aparentemente despreocupada, mas por trás dela existem questões internas, como ambição e sede de poder, que acrescentam profundidade ao personagem”, reflete o ator.
O filme, com 3h34 minutos de duração, é dividido em duas partes separadas por um intervalo de 15 minutos — mas o tempo passa voando. O Brutalista foi filmado em VistaVision, um processo criado pela Paramount em 1954 que oferece uma resolução muito superior. Clássicos como Um Corpo que Cai e Intriga Internacional, de Alfred Hitchcock, foram gravados no mesmo formato. Porém, não foi apenas a técnica que Brady Corbet “pegou emprestada” dos clássicos dos anos 1960. Se, em Psicose, o Mestre do Suspense chocou ao matar sua protagonista, Janet Leigh, aos 40 minutos, Corbet inverteu o conceito: Erzebeth (Felicity Jones) só aparece na segunda metade do filme. “Roubamos a ideia do Hitchcock, mas subvertemos o conceito. Naquela época, os filmes corriam riscos muito maiores do que hoje, havia mais ousadia”, reflete o diretor. Com um orçamento de apenas US$ 10 milhões — relativamente baixo para grandes produções internacionais —, as filmagens, realizadas em sua maior parte na Hungria, foram concluídas em apenas 33 dias.

Foto: Divulgação
Felizmente, O Brutalista, com suas cópias em 70mm, 35mm e arquivos digitais, está destinado a permanecer como um marco preservado na história do cinema. Para Brady, o legado de László vai além de suas obras arquitetônicas; é, acima de tudo, sua linhagem. “Meu legado é nossa filha, Ada, que está com 10 anos e meio. Fazemos cinema porque sentimos uma estranha compulsão de continuar criando. Acho que isso é tudo o que uma pessoa pode esperar da vida.” Brady descreve o filme como uma obra de extremos e contrastes: “É minimalista e maximalista, otimista e pessimista ao mesmo tempo. Talvez por isso provoque debates tão apaixonados — sejam eles positivos ou negativos. Entendo ambas as interpretações. Se alguém odeia o filme, está certo; se alguém ama, está certo também.” Com um impacto técnico, emocional e reflexivo, O Brutalista não é apenas uma história de ascensão e queda, mas um convite a interpretar o que permanece, mesmo quando tudo parece ruir. Tire suas próprias conclusões. Quanto a mim, confesso: amei.
*O filme tem 10 indicações, incluindo categorias principais como Melhor Filme e Melhor Direção para Brady Corbet. O protagonista Brody foi indicado a Melhor Ator por sua atuação. Felicity Jones, no papel de Erzsébet Toth, e Guy Pearce, como Harrison Lee Van Buren, receberam indicações nas categorias de Melhor Atriz Coadjuvante e Melhor Ator Coadjuvante, respectivamente. O roteiro original, coescrito por Corbet e Mona Fastvold, também foi reconhecido. Além disso, o filme foi indicado por sua Trilha Sonora Original, composta por Daniel Blumberg, e Direção de Arte, Fotografia e Montagem, por isso deve ter uma das principais aclamações na premiação.

Foto: Divulgação
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