Ana Paula Padrão aponta “vieses traiçoeiros” na transição de carreira
A jornalista e empresária participará na terceira edição da Casa Clã 2025

Há vieses femininos traiçoeiros quando o assunto é transição de carreira, alerta a jornalista e empresária Ana Paula Padrão. Para ela, por exemplo, o empreendedorismo que dá certo não é o que se faz por paixão, mas sim por oportunidade.
“Eu moro em um lugar que não tem padaria.
Eu nunca fiz um pão, mas vou descobrir como se faz. Isso é oportunidade. Agora, abrir mais um salão de beleza no bairro onde já tem dez porque você é apaixonada por fazer cabelo tem tudo para dar errado. Realmente eu não acho que a coisa que você faz melhor no mundo tem de ser necessariamente a sua grande paixão. O que faço de melhor é ser uma boa líder, uma boa gestora, uma pessoa inquieta e corajosa. E entrego esses atributos em algum lugar que não diz respeito apenas à minha paixão”, explica.
É preciso, segundo ela, desromantizar. “Existe uma visão romântica hollywoodiana de esperar o príncipe encantado, a juventude eterna, que o sonho se realize, que a carreira caia no colo. Não é assim”, afirma.
“Transição de carreira: Recalculando a rota” é o tema do painel que Ana Paula participará na Casa Clã 2025, o maior evento feminino da Editora Abril, que acontece nos dias 21 e 22 de março, quando celebramos o mês das mulheres. Organizado por CLAUDIA e Boa Forma, o evento reúne conversas sobre as pautas mais importantes do universo feminino. O bate-papo com Ana Paula será na sexta-feira (21/03), às 14h30, no Casarão Higienópolis.
Com 30 anos de jornalismo, Ana Paula construiu uma trajetória que foi de repórter local a correspondente internacional em regiões de conflito, passando pela bancada do telejornal em rede nacional e liderando equipes de jornalistas em diferentes emissoras. Nesse período, foi funcionária, abriu o próprio CNPJ e se tornou executiva.
“Quando pensei ‘já deu de jornalismo’, não sabia a outra coisa que queria fazer. Nessa época, já tinha empresas abertas, uma produtora de vídeo e a Tempo de Mulher (plataforma de conteúdo feminino). Resolvi olhar para o mercado, mas foi o mercado que olhou para mim”, conta.
O convite para comandar o MasterChef Brasil veio nessa fase de transição e a levou para o entretenimento por uma década, até 2024. Em outubro do ano passado, mais uma virada: tornou-se sócia da Conquer Unna, unidade da escola de negócios Conquer focada na formação de lideranças femininas. “É uma empresa bebê ainda, que nasceu com muitas responsabilidades”, diz a empresária.
Para Ana Paula, empreender é uma maneira de enxergar a vida. “Em trinta anos de jornalismo, eu sempre pautei. Nunca fui para o trabalho para sentar e esperar, nunca cheguei na redação sem interesse, um assunto que quisesse entender melhor. Isso é um jeito de ser empreendedora na vida: não acreditar que a sua carreira vai se fazer sozinha, você precisa construir”, diz.
Ana Paula reforça que o possível não é pouco. “Eu quero o possível porque ele já dá um trabalho danado, tem que dedicar muito para fazê-lo bem. A imensa maioria das pessoas, no caminho do possível, desiste. Acho que devemos colocar um degrau depois do outro até que, quando se vê, já subiu uma escada gigantesca, além do que imaginou. São atitudes cotidianas que perseguem o possível muito bem feito”, explica.
Estudiosa do feminismo, amante de arquitetura, decoração e gastronomia, perto de completar 60 anos, a brasiliense compartilha da ideia que autoconhecimento dá muito trabalho. “É um negócio difícil, profundo, que exige muito da gente, exige muito de desconstrução da expectativa social com relação a você. A expectativa era que eu, aos sessenta, estivesse me aposentando, casada, com três filhos criados. E eu não fiz nada disso. É preciso levar em consideração o que é melhor para você e não o que se espera de você”, diz.
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