Ingrid Silva discursa na ONU e reforça a importância da representatividade feminina
Ingrid Silva, uma das principais bailarinas da atualidade, foi convidada pela ONU para discursar em Nova Iorque durante a celebração do Dia Internacional da Mulher. O evento reuniu líderes globais para debater equidade de gênero e o reconhecimento das conquistas femininas. Radicada há 17 anos nos Estados Unidos, Ingrid é a bailarina principal do […] O post Ingrid Silva discursa na ONU e reforça a importância da representatividade feminina apareceu primeiro em Harper's Bazaar » Moda, beleza e estilo de vida em um só site.


Ingrid Silva e sua filha momentos antes da bailarina discursar na ONU – Foto: Rodolfo Sanches
Ingrid Silva, uma das principais bailarinas da atualidade, foi convidada pela ONU para discursar em Nova Iorque durante a celebração do Dia Internacional da Mulher. O evento reuniu líderes globais para debater equidade de gênero e o reconhecimento das conquistas femininas.
Radicada há 17 anos nos Estados Unidos, Ingrid é a bailarina principal do Dance Theatre of Harlem e se tornou um símbolo de representatividade ao ser a primeira bailarina negra a receber sapatilhas no tom da sua pele, que hoje fazem parte do acervo do Museu Nacional Smithsonian. Além da dança, atua no ativismo social e na educação, sendo autora de dois livros e integrante do Círculo de Apoiadores dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.
Após o evento, Ingrid conversou com a BAZAAR sobre sua trajetória, a responsabilidade de representar mulheres negras e latino-americanas e o impacto da arte na luta por equidade. A entrevista completa está disponível a seguir.
Haper’s Bazaar Brasil – Como foi para você discursar no evento da ONU em celebração ao Dia Internacional da Mulher?
Ingrid Silva – Tenho um longo relacionamento com as Nações Unidas, e esse convite veio no início do ano. Faço parte do grupo SDG Circle of Supporters das Nações Unidas. Fiquei extremamente lisonjeada e muito feliz com essa grande oportunidade.
HBB – O evento trouxe o tema “Por TODAS as mulheres e meninas: direitos. Igualdade. Empoderamento.” Como esse tema se conecta com sua trajetória?
IS – Esse tema faz parte da minha vida e da minha existência como mulher negra, vivendo no mundo completamente clássico que é o balé, que muitas vezes está fora da normalidade de oportunidades, principalmente para meninas de comunidades do Rio de Janeiro, de onde vim. Esse tema engloba toda a minha trajetória, desde onde iniciei até onde estou hoje. Sem oportunidades, eu não teria chegado onde cheguei.
HBB – Você representou não só as mulheres, mas também as mulheres pretas e latino-americanas. Como enxerga a importância dessa representatividade em um espaço como a ONU?
IS – A responsabilidade de representar nós, mulheres pretas e latino-americanas, é muito grande. Quando me vejo em um espaço como esse, que preza a diversidade e me dá a oportunidade de estar lá, enxergo também um momento político, em que minha existência nesse ambiente causará um impacto gigantesco para o futuro de muitas outras meninas que sonham em chegar ao lugar que cheguei.
HBB – A dança sempre foi um meio de expressão para você. De que forma sua arte se conecta com a luta por equidade de gênero e raça?
IS – Minha arte, como um todo, se conecta a partir do momento em que participo de um projeto social, faço uma audição para uma companhia dos Estados Unidos e, com muito esforço e perseverança, conquisto as oportunidades e vivo as experiências que tenho hoje. A equidade de gênero e raça se manifesta na minha presença como mulher preta em um mundo majoritariamente branco, que é o balé clássico, mas onde também lutamos por um espaço que é e deve ser nosso. Estou trazendo visibilidade e ressaltando a importância da equidade entre homens e mulheres nesse meio.
HBB – Sua parceria com a ONU começou em 2019 e se fortaleceu com sua participação no Círculo de Apoiadores dos ODS. Como tem sido essa relação e quais projetos você tem desenvolvido nesse contexto?
IS – Tem sido ótima! Tenho ajudado a amplificar as comunicações da organização e os discursos do secretário-geral, António Guterres. Também participei de um painel em 2023, falando sobre o SDG Circle.
HBB – Qual a mensagem central que você gostaria que as pessoas absorvessem do seu discurso?
IS – Uma das mensagens mais importantes que quis transmitir nesse discurso foi que as possibilidades e oportunidades só acontecem onde há espaço, e esse espaço precisa ser concedido. Também quis destacar o momento histórico de ter minha filha me assistindo e como o futuro dela pode ser tão potente quanto deveria, com equidade de gênero, raça, oportunidades e empoderamento.

Foto: Rodolfo Sanches
HBB – O impacto de um discurso como o seu vai além do evento em si. Como espera que suas palavras ressoem e inspirem ações concretas?
IS – Espero que as minhas palavras inspirem ações concretas e incentive governos, organizações e indivíduos no que diz respeito ao investimento em educação. Acredito que a chave para um futuro mais igualitário e para a transformação social está na educação.
HBB – Para você, o que é ser mulher em um país como o Brasil e no mundo em que vivemos?
IS – Ser mulher no Brasil e no mundo de hoje é um constante ato de resistência e reinvenção. É enfrentar desafios diários, como a desigualdade de gênero, a violência e a falta de representação, mas também se fortalecer na luta por direitos, visibilidade e equidade. No Brasil, especialmente, ser mulher negra carrega um peso adicional na luta contra o racismo estrutural, mas também simboliza resistência, coragem e transformação. Ser mulher, em qualquer contexto, é afirmar-se em um mundo que muitas vezes tenta silenciar, mas que também oferece espaços para se destacar, resistir e, acima de tudo, inspirar mudanças.
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