‘O amor não está no DNA’, diz publicitária que recebeu óvulos doados para ser mãe, aos 45 anos
Luciana Correia Vuyk se tornou mãe aos 45 anos. Não por acaso, — pelo contrário — por escolha, ainda que tardia, muita vontade e resiliência. Após quase quatro anos de tentativas frustradas, enfrentando infertilidade pela idade, medos e silêncios, ela acolheu uma nova forma de gerar: a ovodoação. Um gesto anônimo e solidário que atravessa […]

Luciana Correia Vuyk se tornou mãe aos 45 anos. Não por acaso, — pelo contrário — por escolha, ainda que tardia, muita vontade e resiliência. Após quase quatro anos de tentativas frustradas, enfrentando infertilidade pela idade, medos e silêncios, ela acolheu uma nova forma de gerar: a ovodoação. Um gesto anônimo e solidário que atravessa barreiras genéticas para plantar amor no lugar de incertezas.
Ela, que por muito tempo se dedicou à carreira de publicitária e não se imaginava mãe, anos mais tarde enfrentou a realidade da baixa reserva ovariana — que é a redução da quantidade e/ou qualidade dos óvulos disponíveis nos ovários, algo que tornava mais difícil uma gravidez natural.
Tentou todos os caminhos da reprodução assistida: coito programado, inseminação artificial e fertilização in vitro (FIV) com seus próprios óvulos. “Cheguei a achar que era um castigo de Deus, porque por muitos anos eu dizia que não queria ser mãe”, lembra.
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Mas foi ao reconhecer que maternidade é mais do que biologia que Luciana se libertou. E se permitiu amar. A doação anônima de óvulos se apresentou como uma porta aberta para a maternidade. Neste procedimento, uma mulher doa seus óvulos para outra que deseja engravidar, mas não pode usar seus próprios óvulos.

Desconstrução de tabus para aceitar a ovodoação
O processo não foi nada fácil. Luciana enfrentou muitos medos: medo da reação das pessoas, medo de sofrer preconceito com o filho que ela teria. “Minha família é do Nordeste, onde há uma ligação muito forte com o sangue, com a árvore genealógica… Eu temia que minha mãe e meus irmãos não amassem meus filhos como amam meus sobrinhos.”