MV Bill lembra críticas à Globo nos anos 90 e celebra protagonismo negro nas novelas
O ator e rapper destacou que a diversidade atual é fruto da luta de quem denunciou o apagamento


Discurso resgata críticas do passado
MV Bill relembrou as críticas que fez à TV brasileira nos anos 1990 durante sua participação no Festival Negritudes, evento realizado pela Globo na quinta-feira (16/5). O ator e rapper, que recentemente atuou na série “Volta por Cima”, destacou que a falta de diversidade nas produções da época o motivou a se posicionar publicamente contra o apagamento da população negra.
“A gente ligava a TV nos 90 e parecia que a gente estava na Dinamarca, de tão distante que era do nosso povo”, afirmou.
Relembre a polêmica no Altas Horas
Ele citou como exemplo o episódio em que se manifestou a favor das cotas raciais durante uma edição do “Altas Horas”, em 2008. “Eu me expus quando estava no programa do Sérgio Groisman, o assunto cotas foi levantado. E eu nem tinha sido questionado, eu nem fazia parte daquela discussão. Mas eu ia me sentir muito mal se eu não me metesse naquele momento, não desse a minha opinião, não levasse a discussão pra outro lugar”, recordou.
O rapper revelou que ficou 14 anos sem voltar ao programa após aquele episódio. “Não sei se foi por isso, mas eu não me arrependo. Acho que aquilo ali norteou muita coisa. Acho que aquilo mexeu com muita coisa, com muita estrutura”, declarou.
“A Negação do Brasil” influenciou seu posicionamento
MV Bill também destacou a influência do livro e documentário “A Negação do Brasil”, de Joel Zito Araújo, em sua visão crítica sobre a teledramaturgia nacional. “Eu tinha acabado de ler o livro do Joel Zito Araújo, chamado ‘A Negação do Brasil’, que é um livro e documentário fundamental. Não foi uma história romantizada, de glamour. É a gente que levou muita porrada pra chegar nesse momento que a gente está aqui hoje”, afirmou.
Ator celebra o momento atual
O artista comemorou o avanço da representatividade com as protagonistas negras nas três principais novelas da Globo. “E a gente ter um período com três protagonistas, nas três principais novelas do país, acho que diz muito. E o mais importante foi que a emissora não levantou bandeira. Não precisa. Isso tem que ser uma coisa natural, do jeito que foi. Tem que ser parte do nosso dia a dia. E que bom que está tendo uma mudança de pensamento”, concluiu.