Moraes retira sigilo de carta enviada a ele por mulher que pichou estátua

Débora Rodrigues dos Santos disse que pensou estar indo a uma "manifestação pacífica" no 8 de Janeiro

Mar 26, 2025 - 20:43
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Moraes retira sigilo de carta enviada a ele por mulher que pichou estátua

A cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos, de 39 anos, julgada pela 1ª Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) por ter pichado com batom a estátua “A Justiça” no 8 de Janeiro, escreveu em outubro de 2024 em uma carta ao ministro Alexandre de Moraes em que diz que foi ao ato em Brasília acreditando ser uma “manifestação pacífica”.

O documento foi juntado aos autos da AP (Ação Penal) 2508 em novembro de 2024. O ministro retirou nesta 4ª feira (26.mar.2025) o sigilo do documento. Eis a íntegra (PDF – 724 kB).

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Débora dos Santos disse na carta “repudiar o vandalismo”, mas estava no ato em Brasília para “tentar ser ouvida”

“Por isso, no calor do momento, cheguei a cometer aquele ato tão desprezível (pichar a estátua). Posso assegurar que não foi nada premeditado”, afirmou.

A cabeleireira está presa preventivamente desde 17 de março de 2023, por ordem de Moraes. Ela tem 2 filhos menores de idade e diz na carta que as crianças “estão sofrendo muito e choram todos os dias” por sua ausência. “Um castigo e uma culpa que vou lamentar enquanto eu viver”, disse Débora. 

A mulher disse ter pouco ou nenhum conhecimento em política e que “não sabia da importância” da estátua que pichou. “Se eu soubesse, jamais teria a audácia de sequer encostar nela. Minha intenção não era ferir o Estado Democrático de Direito, pois sei que o mesmo consiste na base de uma nação”.

Débora finaliza a carta a Moraes dizendo ter “esperança” que a “demonstração sincera de arrependimento possa ser levada em consideração” por Alexandre de Moraes.

ENTENDA O CASO

Débora escreveu “perdeu, mané”, referência a uma frase dita por Roberto Barroso, presidente da Corte, em 2022, na estátua.

Ela se tornou ré por unanimidade pela 1ª Turma do STF em 9 de agosto de 2024. O mesmo colegiado, agora, analisa a sua condenação. A turma é formada por Moraes, Flávio Dino, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Luiz Fux.

Os ministros Alexandre de Moraes (relator) e Flávio Dino votaram por condená-la a 14 anos de prisão por seu ato. Como o colegiado é formado por 5 ministros, falta 1 voto para a maioria condenar a cabeleireira.

O julgamento, em sessão virtual, se encerraria na 6ª feira (28.mar), mas foi suspenso por Luiz Fux na 2ª feira (24.mar). O magistrado pediu vista dos autos -ou seja, mais tempo para analisá-los. Nesta 4ª feira (26.mar), ele explicou que a suspensão se deu para revisar a pena.

Débora foi detida pela PF (Polícia Federal) na 8ª fase da operação Lesa Pátria, que tinha como alvo os participantes dos atos do 8 de janeiro de 2023. Na ocasião, manifestantes depredaram as sedes dos Três Poderes, em Brasília.

Durante os atos extremistas, Débora foi fotografada pichando a estátua que fica em frente ao STF. Segundo a defesa, ela portava só um batom para fazer a pichação.