Ministros lamentam atuação de Lula em mais uma missão internacional
Trapalhada envolvendo a primeira-dama Janja foi só mais um episódio em que falas impensadas ofuscaram o trabalho dos ministérios -- relembre os casos

Ministros estão desconsolados. A crise envolvendo Janja e o pedido de intervenção chinesa no funcionamento do TikTok no Brasil ofuscou a vitoriosa agenda de Lula na China.
Terminada a viagem, não foram os importantes anúncios de investimentos e parcerias com os chineses que brilharam, mas sim a aparente vontade de censurar uma rede na inútil tentativa de conter a atuação da oposição. Tudo colocado na conta de uma primeira-dama que insiste em ignorar a liturgia da Presidência da República.
Antes dessa viagem, auxiliares tentaram aconselhar Lula a reduzir a exposição de Janja — “para preservá-la”. O petista nem quis ouvir. Deu no que deu.
Lula, diga-se de passagem, também contribuiu para a crise ao admitir a trapalhada e ainda cobrar ministros publicamente. O presidente da República, não é de hoje, atua como chefe do governo e como seu mais eficiente opositor. Falando o que não devia, Lula já ofuscou pelo menos duas missões oficiais neste mandato.
Diz um ministro: “O presidente já criou ruídos com falas sobre guerra na Ucrânia, holocausto em Gaza e, agora, sobre TikTok. Só aí são três missões internacionais ofuscadas por erros”.
Em abril de 2023, o petista deu uma entrevista, quando voltava de uma viagem aos Emirados Árabes, em que acusou os Estados Unidos e a Europa de prolongarem a guerra na Ucrânia. A fala provocou reações internacionais e ofuscou a missão oficial.
Em julho de 2023, Lula foi a Cabo Verde e agradeceu a África o premiê de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, “por tudo que foi produzido durante a escravidão”. “Temos profunda gratidão ao continente africano por tudo que foi produzido durante 350 anos de escravidão no nosso país”, disse o petista.
Em fevereiro de 2024, Lula, também em viagem pela África, achou prudente comparar o conflito em Gaza com o extermínio de judeus empreendido por Hitler. “O que está acontecendo na Faixa de Gaza e com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu: quando o Hitler resolveu matar os judeus.”