Filha com o coração partido fala sobre a morte “trágica e dolorosa” da mãe após comer um biscoito de supermercado

Em abril de 2023, um simples erro em uma embalagem de biscoito levou a uma sequência de eventos trágicos que abalaram uma família e levantaram questões urgentes sobre segurança alimentar. Peggy Bryant, uma aposentada de 78 anos, entrou em uma loja da rede Safeway em Duvall, no estado de Washington, para fazer compras rotineiras. Entre os itens que colocou no carrinho estava um pacote de biscoitos identificado como “aveia e passas”. O que ela não sabia é que aquele lanche aparentemente inofensivo escondia um perigo mortal.

Peggy, que planejava comemorar seis décadas de casamento meses depois, decidiu experimentar o biscoito assim que chegou em casa. De acordo com sua filha, Lisa Bishop, o primeiro pedaço foi suficiente para desencadear o pânico. Em vez do sabor suave de aveia, Peggy percebeu algo errado: o biscoito continha manteiga de amendoim, um ingrediente que poderia ser fatal para ela. Alérgica a amendoim desde a juventude, a idosa teve uma reação anafilática quase instantânea.

A anafilaxia, uma resposta alérgica extrema que pode bloquear as vias respiratórias e levar ao colapso circulatório em minutos, exige tratamento imediato. Peggy foi levada às pressas para o hospital, mas não resistiu. Menos de uma hora após a ingestão do alimento, ela faleceu. O laudo do legista confirmou que a causa da morte foi anafilaxia, com relatos de que seus vasos sanguíneos “literalmente se desintegraram” durante a crise.

A família, ainda em choque, descobriu que o biscoito comprado por Peggy não era o que estava descrito na embalagem. A massa, que deveria ser de aveia, havia sido misturada com pasta de amendoim e traços de soja — ingredientes não declarados no rótulo. A falha foi tão grave que a FDA, agência reguladora de alimentos dos EUA, investigou o caso e determinou a retirada imediata do produto das prateleiras. A Safeway, pertencente ao grupo Albertsons Companies, emitiu um recall voluntário, reconhecendo o risco de alergênicos não identificados.

Dois anos após o incidente, a família de Peggy decidiu entrar com uma ação judicial contra a rede de supermercados. O processo não busca apenas compensação financeira, mas também mudanças concretas nos protocolos de rotulagem de alimentos. Lisa, que se tornou uma voz ativa na defesa de vítimas de alergias, afirma que o objetivo é evitar que outras pessoas passem pelo mesmo desespero. “Minha mãe confiou no rótulo. Ela merecia segurança, não uma surpresa mortal”, declarou em entrevista.

A história de Peggy expõe um problema global: a rotulagem imprecisa de alimentos. Nos Estados Unidos, onde cerca de 32 milhões de pessoas têm alergias alimentares, erros como o da Safeway podem ser fatais. No Brasil, a legislação exige que os principais alergênicos — como amendoim, soja e trigo — sejam destacados em negrito nas embalagens. Mesmo assim, casos de contaminação cruzada ou falhas de identificação ainda ocorrem, colocando vidas em risco.

A FDA reforçou, após o ocorrido, a importância de inspeções rigorosas em linhas de produção. Fabricantes devem garantir que equipamentos usados para diferentes produtos sejam limpos adequadamente, evitando resíduos de substâncias alergênicas. Para consumidores, a recomendação é sempre verificar listas de ingredientes, mesmo em produtos conhecidos, já que fórmulas podem mudar sem aviso prévio.

Enquanto o processo contra a Safeway segue em segredo de Justiça, a família de Peggy transformou a dor em um alerta público. “Rótulos existem para salvar vidas. Um erro de impressão não pode ser tratado como algo banal”, enfatizou Lisa. A história dessa avó, que sonhava em renovar suas bodas de diamante, agora ecoa como um exemplo sombrio das consequências da negligência na indústria alimentícia.

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