Estudo diz que a solidão acelera perda de memória em idosos

A perda de memória costuma ser atribuída ao envelhecimento natural, como se fosse apenas uma consequência inevitável do passar dos anos. No entanto, uma nova pesquisa da Universidade de Waterloo, no Canadá, revela um fator emocional com peso ainda maior que o tempo: a solidão. Não se trata apenas de estar fisicamente distante das pessoas, […]

Mai 3, 2025 - 20:39
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Estudo diz que a solidão acelera perda de memória em idosos

A perda de memória costuma ser atribuída ao envelhecimento natural, como se fosse apenas uma consequência inevitável do passar dos anos. No entanto, uma nova pesquisa da Universidade de Waterloo, no Canadá, revela um fator emocional com peso ainda maior que o tempo: a solidão. Não se trata apenas de estar fisicamente distante das pessoas, mas de sentir-se desconectado, mesmo quando cercado por elas. E esse sentimento, segundo os cientistas, pode ser um forte catalisador do declínio cognitivo.

Estudo diz que a solidão acelera perda de memória em idosos (Foto usada apenas para fins ilustrativos. Posada por profissional)

Solidão e isolamento: conceitos parecidos, efeitos diferentes

  • Embora muitas vezes usados como sinônimos, solidão e isolamento não são a mesma coisa.
  • O isolamento social é a falta objetiva de interação com outras pessoas. Já a solidão é um sentimento subjetivo — pode-se estar rodeado de gente e ainda assim sentir-se só.
  • O estudo da Universidade de Waterloo acompanhou, ao longo de seis anos, quatro grupos distintos de idosos: os que eram socialmente isolados e se sentiam solitários; os apenas isolados; os apenas solitários; e os bem conectados, sem sinais de solidão.
  • Os piores resultados de memória surgiram no grupo que acumulava tanto o isolamento quanto a solidão.
  • Porém, o dado mais surpreendente foi que mesmo aqueles com redes sociais ativas, mas que se sentiam sozinhos, também apresentaram perdas cognitivas significativas.
  • A conclusão? Não basta estar acompanhado — é preciso sentir-se pertencente e emocionalmente conectado.

Como a solidão afeta o cérebro

  • O sentimento de solidão desencadeia reações biológicas e químicas que impactam diretamente o funcionamento cerebral.
  • Um dos principais agentes envolvidos é o cortisol, hormônio associado ao estresse, que pode se manter em níveis elevados em pessoas que se sentem sozinhas.
  • A exposição constante a esse estado afeta a cognição, a atenção e a capacidade de formar novas memórias.
  • Segundo o pesquisador Ji Won Kang, o impacto da solidão sobre a memória foi maior do que o do próprio isolamento social — um dado que reforça a importância das conexões emocionais de qualidade.

Como manter a mente ativa e saudável

Apesar dos riscos, há formas eficazes de proteger o cérebro. A chave está em estimular a plasticidade neural, a capacidade do cérebro de criar e reorganizar conexões.

Praticar atividades que exigem raciocínio, coordenação ou criatividade ajuda a manter a mente em movimento. Entre elas:

  • Aprender novos idiomas ou instrumentos musicais
  • Participar de jogos de tabuleiro ou desafios de lógica
  • Ler com frequência e se engajar em conversas significativas
  • Praticar atividades físicas regulares, como dança ou caminhadas
  • Cultivar hobbies e explorar novas experiências, como viagens ou oficinas culturais

O valor das conexões humanas

  • Mais do que hábitos saudáveis, o que protege a memória é o sentimento de pertencimento.
  • A partilha de histórias, a troca de afeto e as relações verdadeiras têm um efeito poderoso sobre o cérebro.
  • No fim das contas, nossas lembranças não são apenas arquivos mentais — elas são construídas nas interações e guardadas em emoções.
  • E como mostra o estudo: aquilo que é vivido em conexão tem mais chance de ser lembrado.