Escritos de uma estrela
Estrela de Ainda Estou Aqui, que levou o Oscar de Melhor Filme Internacional neste domingo (02), Fernanda Torres já colaborou com a piauí. Seus textos abordam temas variados – do prazer de estar no palco à ficção inspirada na violência carioca. No primeiro deles, na edição de dezembro de 2006, a atriz escreveu sobre as delícias e as agruras da profissão. “São muitos os medos da profissão. O mais comum é o pavor de esquecer a fala. São casos e mais casos”, diz Torres. Em outro momento, afirma que dá para contar nos dedos os atores que não tenham “suas mandingas antes de entrar em cena”. Ela, então, revela as suas. “Tenho que pisar no palco com o pé direito, e não repito um sutiã ou calcinha que tenha me trazido má sorte.” The post Escritos de uma estrela first appeared on revista piauí.

Estrela de Ainda Estou Aqui, que levou o Oscar de Melhor Filme Internacional neste domingo (02), Fernanda Torres já colaborou com a piauí. Seus textos abordam temas variados – do prazer de estar no palco à ficção inspirada na violência carioca.
No primeiro deles, na edição de dezembro de 2006, a atriz escreveu sobre as delícias e as agruras da profissão. “São muitos os medos da profissão. O mais comum é o pavor de esquecer a fala. São casos e mais casos”, diz Torres. Em outro momento, afirma que dá para contar nos dedos os atores que não tenham “suas mandingas antes de entrar em cena”. Ela, então, revela as suas. “Tenho que pisar no palco com o pé direito, e não repito um sutiã ou calcinha que tenha me trazido má sorte.”
Em abril do ano seguinte, Torres perfilou Bráulio Mantovani, roteirista do filme Cidade de Deus (2002), indicado ao Oscar na categoria de Melhor Roteiro Adaptado em 2004. “Bráulio tem 43 anos; e eu, um pouco menos. Apesar de nunca ter cruzado com ele, salvo em Bertioga, vi que passamos pelo mesmo rosário de descobertas da borbulhante São Paulo do fim do último milênio. Bráulio namorou o Oficina, fez teatro do improviso, teatro engajado, teatro de rua, performances, era fã do grupo Ornitorrinco e sofreu o mesmo impacto que todos nós quando assistimos, pela primeira vez, às peças do Gerald Thomas com a sua Companhia de Ópera Seca.”
No texto Hany no Alá-lá-ô, de julho de 2009, a atriz voltou a escrever sobre o cinema, dessa vez para analisar a filmografia do diretor palestino Hany Abu-Assad, que dirigiu Paradise Now (2005) e, em 2014, foi indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro por Omar. “Conversar com Hany é como ver o Ocidente pelo avesso”, sintetizou Torres ao descrever o modo pessimista como o cineasta, à época vivendo no Brasil, analisava questões pertinentes do período, como a vitória de Barack Obama na eleição presidencial norte-americana um ano antes.
Autora de romances como Fim (2013) e A Glória e seu Cortejo de Horrores (2017), Torres publicou, na edição de agosto de 2009, Deus é Química, em que simula um diálogo entre Adão, Eva, o Senhor, traficantes e policiais durante um tiroteio em Ipanema. Um ano depois, em julho de 2010, Torres analisou a correspondência do ator e diretor britânico John Gielgud. “Nas cartas de John Gielgud, os anseios, glórias e incertezas, a preocupação com o sustento, as fofocas de bastidor, o estoicismo diante do fracasso, a insegurança com a técnica cinematográfica e o humor de um dos grandes atores do século XX”, descreveu Torres.
Em abril de 2012, no ensaio Minha Cerimônia do Adeus, a atriz relembrou seu trabalho em Kuarup, filme dirigido por Ruy Guerra e baseado no romance – Quarup – de Antonio Callado. “Quando fui sondada para participar do projeto de levar para as telas o romance de Callado, sofri frenesis de expectativa: eu tinha 23 anos. A vontade de me perder no Brasil profundo por quatro semanas (que viraram dez), alojada junto a tribos do Alto Xingu, encarnando Francisca, uma das heroínas do livro, e dirigida por Ruy Guerra, legendário expoente do Cinema Novo – tudo isso me cegava, e ofuscava quaisquer outras vontades.”
Torres voltou à ficção na edição_86, de novembro de 2013, com o conto Álvaro, em que um homem rememora sua vida enquanto caminha pelas ruas de Copacabana. Em maio de 2015, a atriz homenageou a crítica de teatro Barbara Heliodora que “adorava Shakespeare e cujas opiniões sobre um espetáculo pautavam jornais e críticos do país”. Em seu último texto para a piauí, publicado em outubro de 2015, Torres descreveu a influência do ator, dramaturgo e romancista norte-americano Spalding Gray. “Nada, nenhuma outra peça, filme ou exposição me impactaram tanto, em meus quatro anos de Manhattan, quanto a redução radical do teatro à sua essência feita por Gray.”
A íntegra dos textos escritos por Fernanda Torres escritos para a piauí estão reunidos aqui.
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