‘Desventuras em série’ de Trump e mais espaço para manutenção da Selic: veja os destaques desta terça-feira (11)

EUA pode passar por uma recessão? Veja como cenário impacto economia do Brasil e fique por dentro dos principais destaques do dia. O post ‘Desventuras em série’ de Trump e mais espaço para manutenção da Selic: veja os destaques desta terça-feira (11) apareceu primeiro em Empiricus.

Mar 11, 2025 - 15:54
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‘Desventuras em série’ de Trump e mais espaço para manutenção da Selic: veja os destaques desta terça-feira (11)

Os mercados globais começaram a reagir com mais intensidade à crescente incerteza sobre os rumos da economia americana sob o governo de Donald Trump. O problema não é apenas a política protecionista já esperada, mas também a aparente aceitação, por parte da Casa Branca, da possibilidade de uma recessão. Esse cenário elevou a ansiedade dos investidores, gerando uma corrida por ativos considerados mais seguros.

O fantasma da estagflação entrou no radar, adicionando mais um fator de turbulência ao humor dos mercados. Os principais alvos da liquidação foram justamente os ativos mais caros, aqueles precificados sob expectativas exuberantes de crescimento e, portanto, mais vulneráveis a revisões negativas – aqui, o setor de tecnologia foi o epicentro do choque. Embora os fundamentos da economia global ainda não tenham mudado drasticamente, os riscos aumentaram de maneira inegável.

Além do impacto direto da guerra comercial, que ganhou um novo capítulo com a China impondo tarifas sobre produtos agrícolas dos EUA (uma brecha potencialmente favorável para o Brasil), há um desafio estrutural mais amplo: o rearranjo do sistema geopolítico e a reconfiguração das cadeias de suprimentos. Esse pano de fundo adiciona mais um nível de imprevisibilidade às estratégias de investimento.

Diante desse cenário, o mercado asiático registrou um dia difícil, embora com quedas menos expressivas do que as observadas ontem no Ocidente. Na Europa, os índices operam sem direção única, com algumas bolsas ensaiando uma modesta recuperação após o tombo da véspera. Já os futuros americanos sinalizam uma abertura em alta, mas, dado o nível de nervosismo recente, é cedo para dizer se essa recuperação terá fôlego.

· 00:51 — Retórica?

No Brasil, os ativos de risco seguiram a correção internacional ontem, refletindo uma agenda local esvaziada. Hoje (11), o cenário começa a ganhar tração com a divulgação da produção industrial de janeiro, que pode finalmente ensaiar uma recuperação após três meses consecutivos de queda. Um dado mais fraco poderia reforçar a tese de que o Banco Central terá menos espaço – ou vontade – para manter o aperto monetário no mesmo ritmo. Mas o que realmente está movimentando as mesas de operação agora é a antecipação do trade eleitoral, tema que venho martelando há meses por aqui. Ontem, por exemplo, a Verde Asset, em sua carta mensal, escancarou o que já está evidente: a popularidade de Lula segue despencando e o presidente demonstra uma incapacidade crescente de reverter a trajetória errática do governo. Esse mesmo diagnóstico parece ter sido um dos fatores que levaram o J.P. Morgan a elevar sua recomendação para Brasil de neutro para compra – algo que, convenhamos, só confirma o que já venho dizendo: 2025 é apenas uma ponte para 2026.

Para quem tem estômago para a volatilidade, a combinação é interessante: valuations descontados, posicionamento técnico ruim (ou seja, mercado leve), proximidade do fim do ciclo de aperto monetário e, claro, a possibilidade de uma guinada política no ano que vem. Mas o trajeto será turbulento, até porque Brasília segue sem rumo — não aprovamos nem o Orçamento de 2025. Aliás, falando em Brasília, chamou atenção o discurso moderado de Gleisi Hoffmann na sua posse na Secretaria de Relações Institucionais (ela chegou a citar Fernando Haddad e prometeu fortalecer o ministro da Fazenda). Francamente, não compro essa narrativa. Gleisi foi uma das principais sabotadoras da agenda econômica do governo nos últimos dois anos, ao lado de Rui Costa, e não há motivos para acreditar que tenha mudado de ideia. Essa dinâmica coloca ainda mais pressão sobre a Fazenda, que deve enviar nesta semana ao Congresso a MP do novo crédito consignado. Depois disso, abre-se o caminho para outra bomba fiscal prestes a explodir: o infame projeto de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil. Se essa pauta avançar, podemos esperar um mal-estar crescente até 2026 – tanto nos mercados quanto na economia real.

· 01:43 — Caiu com vontade

Nos EUA, a segunda-feira (10) foi um verdadeiro banho de sangue para as ações americanas, com o S&P 500 despencando 2,7% e o Nasdaq 100 tombando 3,8%, registrando seu pior dia desde 2022. O Dow Jones não ficou muito atrás, com uma queda de 2,1%. E o culpado da vez? Incerteza, o eterno veneno dos mercados.

O clima de tensão veio da combinação tóxica das ameaças tarifárias erráticas de Donald Trump, que seguem sem um rumo definido, e das demissões em massa no funcionalismo federal, em meio à aparente indiferença do presidente sobre o risco de empurrar a economia para uma recessão. O resultado foi um movimento clássico de fuga para segurança, com os investidores correndo para ativos defensivos.

Mas sejamos francos: tem muita espuma nesse movimento. O mercado exagera, como sempre. Não é porque Trump governa com um estilo caótico e imprevisível que uma recessão se torna inevitável da noite para o dia. Basta lembrar que, há poucas semanas, o S&P 500 renovava suas máximas históricas, o que torna essa correção menos um sinal de pânico e mais um ajuste natural diante de tanta volatilidade política.

Para medir a temperatura do mercado de trabalho – e, por tabela, entender se o temor de recessão tem fundamento –, os olhos estarão voltados hoje para o relatório JOLTS (Pesquisa de Vagas de Emprego e Rotatividade de Mão de Obra) de janeiro. Dependendo dos números, essa narrativa pode mudar rapidamente.

· 02:32 — Evitando um shutdown

Com o prazo final para um possível shutdown se aproximando na sexta-feira (14), a Casa Branca e o Congresso americano entram em mais um cabo de guerra orçamentário. O presidente da Câmara, Mike Johnson, apresentou uma resolução contínua, que, se aprovada, manteria o financiamento do governo até setembro, evitando o colapso imediato das operações federais. Donald Trump decidiu apoiar a medida.

Mas a questão não se resume a apenas manter as luzes acesas em Washington. Os mercados já estão inquietos com o impacto das políticas tarifárias de Trump e a forma errática com que são aplicadas, o que só aumenta a incerteza econômica. Ao invés de propor um novo orçamento, os republicanos tentam congelar os gastos do governo nos níveis estabelecidos sob Joe Biden no ano passado, numa tentativa de segurar as rédeas do déficit público americano, que cresce a olhos vistos.

O problema? O ajuste fiscal americano não é opcional – mas pode custar uma recessão. O impasse agora é se o plano conseguirá votos suficientes no Senado. Mesmo que os republicanos da Câmara consigam aprovar a medida, será preciso o apoio de pelo menos sete senadores democratas para que o projeto chegue à mesa de Trump. Isso dá a Chuck Schumer, líder democrata no Senado, um trunfo.

O risco de um shutdown prolongado, como o que ocorreu em 2019, não está descartado. E com um governo já paralisado politicamente em diversas frentes, a última coisa que os EUA precisam é de mais um travamento operacional.

· 03:28 — Nova negociação

Os EUA e a Ucrânia se reúnem hoje (11) na Arábia Saudita para negociações que podem redefinir o futuro da guerra. Este será o primeiro grande encontro entre os dois países desde o barraco diplomático no Salão Oval, quando Volodymyr Zelensky e Donald Trump trocaram farpas sobre o apoio americano à resistência ucraniana. Agora, com a dinâmica geopolítica alterada, Zelensky deve realizar concessões. O cenário é tenso. Recentemente, os EUA mudaram sua política externa, iniciando negociações diretas de paz com a Rússia sem sequer convidar a Ucrânia para a mesa, um movimento que pegou Kiev e os aliados europeus completamente de surpresa. Se havia alguma dúvida sobre o novo direcionamento de Trump, agora não há mais: o apoio incondicional à Ucrânia ficou no passado e a prioridade americana parece ser encerrar o conflito o mais rápido possível – nos termos de Washington e Moscou, não de Kiev.

Outro ator fundamental nesse teatro geopolítico é o príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, que tem se posicionado como mediador e aproveita a situação para fortalecer o protagonismo da Arábia Saudita nas negociações internacionais. O grande objetivo do encontro em Jeddah será definir o momento e o escopo de um possível cessar-fogo inicial com a Rússia, enquanto Trump pressiona Zelensky ao limite para aceitar uma trégua parcial. Mas há mais em jogo do que apenas paz e diplomacia: as terras raras da Ucrânia, essenciais para a indústria de tecnologia e defesa, e a possibilidade de concessões territoriais que podem redefinir as fronteiras da Europa pós-guerra. O que está sendo discutido hoje pode não ser apenas o fim de um conflito, mas o início de uma nova ordem geopolítica – e, ao que tudo indica, a Ucrânia pode ter pouca margem de manobra para resistir ao novo roteiro de Trump e Putin.

· 04:14 — Você conhece a Aliança dos Cinco Olhos?

A política externa de Donald Trump continua a redefinir as alianças globais – e, desta vez, o Canadá foi novamente alvo de uma ameaça nada sutil. Nos bastidores de Washington, surgiu a informação de que a Casa Branca estaria considerando expulsar o Canadá da aliança de inteligência Five Eyes (Aliança dos Cinco Olhos), um dos pactos mais antigos e estratégicos do Ocidente. A parceria, que inclui EUA, Reino Unido, Austrália, Nova Zelândia e Canadá, é um dos pilares da segurança global, mas, segundo fontes, Trump estaria disposto a reconfigurar o grupo caso Ottawa não se alinhe completamente às suas exigências comerciais, de defesa e de imigração.

O grande agitador dessa crise foi Peter Navarro, um dos estrategistas mais radicais do governo Trump. Ele teria feito lobby para excluir o Canadá do pacto de inteligência, supostamente como forma de pressão. Quando a informação vazou, o impacto foi imediato – a comunidade de inteligência internacional ficou em estado de choque. Navarro rapidamente negou as acusações, mas o dano já estava feito. A ameaça de retirar o Canadá do Five Eyes pode ser interpretada como mais uma peça do jogo de negociação agressivo de Trump, uma tática que ele já usou repetidamente para arrancar concessões de aliados. O problema? A simples especulação de uma possível mudança nas bases do pacto Five Eyes já foi suficiente para gerar ruídos diplomáticos.

· 05:09 — Oportunidade de entrada

A Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC34) continua a reforçar sua posição como a espinha dorsal da revolução da inteligência artificial. As vendas de fevereiro cresceram 43% na comparação anual, e os números de janeiro e fevereiro já atingiram 66,4% da previsão para o primeiro trimestre de 2025 – superando confortavelmente o limite superior da faixa estimada, que variava …

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