Desintoxicação: porque é que os jovens estão a escolher telefones antigos?

A Geração Z e os Millennials estão, cada vez mais, a “desintoxicar-se digitalmente” utilizando dispositivos electrónicos com menos frequência. A venda de telefones antigos aumenta e a nostalgia de um mundo pré-smartphone também cresce. Mas o que está por detrás desta mudança?

O mais recente relatório da WARC “Industry Snapshot: Consumer Technology” aprofunda esta mudança da tecnologia moderna, juntamente com outras tendências importantes que deverão ter impacto no setor este ano.

O que está a acontecer?

Mais de quatro em cada cinco (84%) consumidores na Alemanha, com idades entre os 18 e os 24 anos, afirmam que utilizam os seus telefones “demasiado”, de acordo com uma análise recente da Deloitte. Uma sondagem da The Harris Poll descobriu que um quarto (24%) dos consumidores norte-americanos com menos de 30 anos acredita que os smartphones tiveram um impacto negativo na sua saúde mental.

O stress causado pela constante ligação digital levou a um desejo crescente entre os consumidores de reverter para dispositivos mais antigos e menos avançados. Um exemplo que está a ganhar força é o ressurgimento da tecnologia retro, como as cassetes e os “telefones estúpidos” (ou seja, dispositivos básicos com características simples, como as capacidades de chamadas e mensagens de texto). Os dados da Counterpoint mostram que as vendas de “telefones burros” no Canadá aumentaram 25% entre 2022 e 2023.

Este aumento da procura por dispositivos mais simples cria novas oportunidades de receitas para as empresas de tecnologia de consumo, com algumas a experimentar lançamentos de produtos neste espaço. Em 2024, a HMD colaborou com a Heineken e a Bodega para lançar o “The Boring Phone”, um dispositivo concebido sem internet ou acesso às redes sociais.

O que pode significar isto para os profissionais de marketing

Dado o apetite por tecnologia mais simples, considera-se a renovação de dispositivos mais antigos, incorporando elementos da nova era, para apelar aos consumidores de hoje. Por outro lado, há que explorar ideias criativas que incentivem os consumidores a fazer uma pausa nos seus smartphones. Por exemplo, a Heineken lançou uma campanha que dominou os eventos musicais no México e na Holanda. A marca entregou mensagens aos participantes através dos seus telemóveis, incentivando-os a reduzir o tempo de ecrã e a estar mais presentes durante os eventos.

Há ainda o marketing nostálgico, em que se ressuscitam ideias ou campanhas anteriores, que os consumidores recordam, e que podem ajudar as marcas a proporcionar conforto num momento em que muitos se sentem sobrecarregados.