Confiança da indústria recua em abril com piora na avaliação de estoques e contratações, aponta FGV

A Fundação Getulio Vargas (FGV) informou nesta segunda-feira, 29, que a confiança da indústria brasileira registrou queda em abril, influenciada por uma piora na percepção sobre o nível de estoques e na intenção de contratações para os próximos meses. O Índice de Confiança da Indústria (ICI) recuou 0,4 ponto em relação a março, alcançando 98,0 pontos.

Segundo a FGV, o resultado marca a segunda redução do indicador em 2025, refletindo a avaliação dos empresários sobre o cenário atual e as perspectivas para o setor no curto prazo.

A pesquisa é realizada pelo Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre) e mede a percepção dos empresários em relação ao momento presente e às expectativas para o futuro.

O economista do FGV Ibre, Stéfano Pacini, afirmou que “a confiança da indústria piorou pela segunda vez no ano confirmando o cenário de cautela dos empresários”. Ele destacou que “a queda em abril é fruto de aumento no nível dos estoques que, apesar da piora, ainda seguem em níveis normais”.

De acordo com a pesquisa, a piora na confiança foi determinada tanto pela percepção sobre a situação atual quanto pelas expectativas em relação aos próximos meses. O Índice de Situação Atual (ISA), que capta a avaliação sobre o momento presente, recuou 0,4 ponto, atingindo 100,1 pontos.

O levantamento mostra que o aumento dos estoques acima do desejado foi um dos principais fatores que influenciaram a redução da confiança em abril. Esse indicador reflete o descompasso entre a produção e a demanda, o que pode afetar a programação de novas encomendas e investimentos em expansão.

Em relação ao futuro, o economista Stéfano Pacini avaliou que “nota-se acomodação das expectativas após um período de pessimismo quanto o futuro dos negócios nos próximos seis meses”.

O Índice de Expectativas (IE), que mede a projeção dos empresários para os meses seguintes, também registrou variação no mês, mas os dados específicos desse subíndice não foram detalhados no comunicado.

O ICI é composto pelo ISA e pelo IE, e sua pontuação varia em uma escala que indica o nível de confiança do setor industrial. Resultados abaixo de 100 pontos sugerem percepção negativa ou cautelosa por parte dos empresários, enquanto níveis acima desse patamar indicam otimismo.

A pesquisa da FGV abrange empresas de diferentes segmentos da indústria de transformação e busca captar a avaliação dos gestores sobre as condições de negócios, estoques, produção e demanda.

O monitoramento dos índices de confiança é utilizado como um dos termômetros da atividade econômica, auxiliando na análise do ambiente para investimentos e decisões de política econômica.

A queda no índice de abril ocorre em um cenário de avaliação sobre o comportamento da economia brasileira e internacional, incluindo fatores como inflação, juros, consumo interno e demanda externa por produtos industriais. Esses elementos impactam diretamente as decisões das empresas em relação a produção, estoques e contratações.

O levantamento da FGV também contribui para o acompanhamento da dinâmica do mercado de trabalho no setor industrial, uma vez que a intenção de contratar é um dos componentes analisados nas expectativas dos empresários.

A divulgação do Índice de Confiança da Indústria faz parte do calendário mensal de sondagens da FGV, que inclui outros setores da economia, como comércio, serviços e construção.

Esses indicadores são utilizados por analistas e formuladores de políticas públicas para avaliar o ambiente econômico e projetar tendências para a atividade produtiva no país.

O próximo relatório do ICI está previsto para maio, quando a FGV apresentará os dados atualizados sobre a confiança da indústria brasileira.

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