Guerra entre EUA e China turbina exportações agrícolas brasileiras no mercado chinês

A imposição de tarifas adicionais pelos Estados Unidos contra produtos chineses, em vigor desde janeiro de 2025, tem provocado impactos diretos no comércio agrícola entre os dois países. Segundo reportagem do Global Times, que utilizou dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) e informações do Wall Street Journal (WSJ), as exportações americanas de […] O post Guerra entre EUA e China turbina exportações agrícolas brasileiras no mercado chinês apareceu primeiro em O Cafezinho.

Abr 28, 2025 - 14:46
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Guerra entre EUA e China turbina exportações agrícolas brasileiras no mercado chinês

A imposição de tarifas adicionais pelos Estados Unidos contra produtos chineses, em vigor desde janeiro de 2025, tem provocado impactos diretos no comércio agrícola entre os dois países.

Segundo reportagem do Global Times, que utilizou dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) e informações do Wall Street Journal (WSJ), as exportações americanas de soja e carne suína registraram forte queda na primeira quinzena de abril.

A retração das vendas ocorre em meio à ampliação da diversificação de fornecedores pela China. De acordo com a plataforma Yuyuantantian, vinculada ao China Media Group e citada pelo Global Times, aproximadamente 40 navios carregados com soja brasileira devem atracar no porto de Zhoushan, na província de Zhejiang, durante o mês de abril.

O volume previsto é de 700 mil toneladas, um aumento de 32% em relação às 530 mil toneladas descarregadas no mesmo período de 2024. O número de embarcações representa alta de 48% na comparação anual.

O movimento faz parte da estratégia chinesa de reduzir a dependência de fornecedores dos Estados Unidos. Segundo Li Yong, pesquisador da Associação Chinesa de Comércio Internacional, “este é o reflexo mais direto de como a guerra tarifária provocada pelos EUA está prejudicando suas principais indústrias e os cidadãos comuns”.

Os dados do USDA mostram que, entre os dias 11 e 17 de abril, as vendas líquidas de soja americana caíram 50% em relação à semana anterior. No mesmo período, as vendas líquidas de carne suína registraram queda de 72%.

O WSJ informa que a China adquiriu apenas 1.800 toneladas de soja dos Estados Unidos na semana, número inferior às 72.800 toneladas compradas até 10 de abril.

No caso da carne suína, houve cancelamento de 12 mil toneladas em pedidos previamente anunciados, resultando em vendas líquidas de 5.800 toneladas. O volume é o menor registrado para entregas previstas em 2025, de acordo com os dados oficiais.

“A agricultura americana já sente fortemente os efeitos das tarifas, especialmente em setores como a soja e a carne suína, que dependem fortemente do mercado chinês”, disse Li Yong ao Global Times.

Segundo ele, “o vasto mercado chinês e seu forte poder de compra foram profundamente afetados pela ruptura das relações comerciais”.

A política tarifária foi intensificada pelos Estados Unidos durante o segundo mandato do presidente Donald Trump. Desde janeiro, Washington elevou tarifas sobre produtos chineses, o que motivou resposta imediata de Pequim.

Em contrapartida, a China aplicou tarifas de 15% sobre frango, trigo, milho e algodão americanos, além de 10% sobre sorgo, soja, carne suína, carne bovina, frutos do mar, frutas, vegetais e laticínios, a partir de 10 de março.

Segundo especialistas citados pelo WSJ, a continuidade das restrições comerciais pode influenciar os preços globais de commodities agrícolas, em razão da diminuição da participação americana no mercado chinês e da ampliação das importações chinesas de outros fornecedores.

Li Yong avaliou que a guerra tarifária deve acelerar o processo de diversificação das importações da China. “Apesar de os EUA serem um fornecedor competitivo, as tarifas forçaram os agricultores americanos a perder mercado para concorrentes internacionais”, afirmou.

Dados da emissora estatal chinesa CCTV, também mencionados pelo Global Times, indicam que a participação dos Estados Unidos nas importações chinesas de soja caiu de 40% em 2016 para 18% em 2024.

No setor de carne suína, os EUA exportaram 416 mil toneladas para a China no ano passado, correspondendo a 18% do total importado pelo país asiático. O volume coloca os americanos atrás de Brasil e Argentina como principais fornecedores.

O processo de substituição inclui outros exportadores. “Seja na soja, carne suína ou carne bovina, a China pode encontrar amplos substitutos entre exportadores como Brasil, Argentina e Austrália, que possuem políticas comerciais mais abertas do que as dos EUA”, afirmou Li Yong.

O pesquisador também defendeu a reversão das medidas adotadas pelo governo norte-americano. “A única maneira de mitigar os problemas enfrentados pelos setores afetados é eliminar todas as tarifas unilaterais”, disse. Li Yong argumentou que o protecionismo não atingirá os objetivos estabelecidos por Washington e poderá ampliar a perda de competitividade das exportações agrícolas dos Estados Unidos.

Com a continuidade das medidas tarifárias, o cenário aponta para uma reconfiguração das cadeias de fornecimento globais de produtos agrícolas, com impacto direto nas exportações americanas e no fortalecimento da posição de países concorrentes no abastecimento do mercado chinês.

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