Como Bilionários Estão se Protegendo contra Crimes Violentos após Onda de Ressentimento contra Ricos

Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo. Bilionários estão mais preocupados do que nunca com a própria segurança e a de seus familiares O post Como Bilionários Estão se Protegendo contra Crimes Violentos após Onda de Ressentimento contra Ricos apareceu primeiro em Forbes Brasil.

Mai 11, 2025 - 10:59
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Como Bilionários Estão se Protegendo contra Crimes Violentos após Onda de Ressentimento contra Ricos

Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.

 

 

As tensões aumentaram após o assassinato do CEO da UnitedHealthcare, Brian Thompson, em dezembro. Em seguida, veio o sequestro, em janeiro, do fundador francês de uma criptomoeda, David Balland, que ficou dois dias em cativeiro enquanto os agressores mutilavam sua mão. Mais recentemente, em abril, um ataque incendiário foi registrado na casa do bilionário Steve Sarowitz, cometido por um suspeito que, segundo promotores, também fez ameaças de sequestro e exigência de resgate.

Esses ataques vêm ocorrendo em um contexto de crescente ressentimento contra os ricos e poderosos, em meio à desigualdade de riqueza, guerras no exterior e uma política extremamente polarizada. Uma pesquisa recente do instituto Emerson revelou, por exemplo, que 41% dos eleitores entre 18 e 29 anos consideraram “aceitável” o suposto assassinato de Thompson por Luigi Mangione — que declarou-se inocente. A empresa de gestão de riscos Nisos apontou que o número de ameaças online contra CEOs aumentou 41% nas seis semanas seguintes ao assassinato.

Tudo isso fez com que os mais ricos dos Estados Unidos e suas empresas procurassem por segurança pessoal com muito mais frequência nos últimos meses, segundo 13 empresas ouvidas pela Forbes. Cinco delas disseram que o número de pedidos por seus serviços está entre os mais altos já registrados, enquanto quatro afirmaram que é o maior de todos. A Allied Universal, maior fornecedora de seguranças privados do mundo, afirma que está recebendo 1.500% mais pedidos de avaliação de ameaças do que nesta mesma época no ano passado.

“Muitas empresas estão nervosas neste momento”, afirma James Hamilton, consultor da Gavin de Becker e fundador da Hamilton Security Group. Segundo ele, as companhias que estão começando agora a investir na proteção de seus executivos saem em desvantagem, porque não há profissionais qualificados suficientes para atender toda a demanda — muitos já estão comprometidos com clientes de longo prazo. “Se você me disser: ‘queremos contratar alguém só pelos próximos 90 dias, até a situação acalmar’, bem, eu não vou aceitar.”

A escassez de profissionais também provocou um aumento no número de pessoas fingindo ser especialistas em segurança nas redes. O setor é regulado por estados e alguns exigem licenciamento rigoroso, enquanto outros são bem mais flexíveis. A ausência de padrões nacionais faz com que muitos clientes em potencial tenham dificuldade para diferenciar especialistas de golpistas.

“É muito, muito fácil se passar por um profissional de proteção executiva”, diz Chis Falkenberg, fundador da Insite Risk Management. “A barreira de entrada é baixa. Você precisa de uma licença estadual, mas são só alguns dias de treinamento. Para conseguir porte de arma também é fácil. Depois é só comprar um par de óculos escuros e, na prática, já parece um agente de segurança executiva”, conclui.

Contratar um guarda-costas com alguma reputação, por um preço “baixo”, pode custar a partir de US$ 120.000 por ano (R$ 679.200). Mas esse raramente é o tipo de medida recomendada por especialistas para reduzir riscos. Na verdade, a maioria dos bilionários americanos não tem guarda-costas em tempo integral. Entre os serviços mais comuns estão:

  • Equipe para monitorar ameaças e vazamentos de dados pessoais na internet, que custa entre US$ 200 mil e US$ 300 mil (R$1,1 milhão e R$1,6 milhão) por ano nas empresas mais sofisticadas, para cobertura 24 horas por dia;
  • Motoristas particulares com treinamento em segurança que, quando são dois profissionais, custam entre US$ 250 mil e US$ 500 mil (R$ 1,4 milhão e R$ 2,8 milhões);
  • Segurança residencial com câmeras e guardas armados: de US$ 750 mil a mais de US$ 1 milhão (R$ 4,2 milhões a R$ 5,6 milhões)
  • Proteção durante viagens, cujos custos variam conforme o destino. Uma equipe completa de proteção executiva — que geralmente inclui todos esses serviços, além de guarda-costas com treinamento médico e profissionais que avaliam os locais antes da chegada do bilionário — custa no mínimo US$ 2 milhões (R$ 11,3 milhões), podendo ultrapassar esse valor com facilidade. Cada integrante da equipe costuma ganhar cerca de US$ 200.000 (R$ 1,1 milhão), segundo especialistas ouvidos pela Forbes.

Esses custos às vezes são cobertos pelas empresas como parte do pacote de remuneração dos executivos. O código tributário dos EUA permite que funcionários deduzam esse benefício, desde que haja um motivo demonstrável para preocupação com segurança. No ano passado, a Snap pagou US$ 2,8 milhões (R$ 15,8 milhões) pela segurança pessoal do CEO e cofundador Evan Spiegel. A Alphabet desembolsou US$ 8,3 milhões (R$ 46,9 milhões) para proteger o CEO Sundar Pichai. Já a Meta gastou US$ 24,4 milhões (R$ 137,9 milhões) para proteger Mark Zuckerberg e sua família.

É muito provável que o CEO da Meta ainda tenha arcado com outros custos de segurança. Ele tem uma das maiores equipes de proteção executiva entre os bilionários americanos — possivelmente com cerca de 20 pessoas em tempo integral, segundo estimativas de dois especialistas. “Ele é super aventureiro e faz todo tipo de coisa maluca porque pode”, afirma Michael Julian, CEO da MPS Security. “Esse cara tem uma equipe completa em qualquer lugar que vá — se for correr, pedalar. Tem até uma equipe só para esportes aquáticos, treinada e com conhecimento de técnicas de salvamento.”

Ameaça discreta

Embora pareça óbvio que pessoas famosas possam enfrentar riscos maiores, as ameaças também são mais intensas para aqueles que trabalham em “setores que geram raiva — que deixam as pessoas agitadas”, diz Michael Evanoff, que comandou o Bureau de Segurança Diplomática dos EUA de 2017 a 2020 e agora é CSO da Verkada. “Esses setores são farmacêutico, energético, de saúde e seguros.”

As ameaças podem ser violentas, mas o crime mais comum enfrentado pelos bilionários é a fraude, frequentemente cometida por parentes, funcionários atuais ou ex-funcionários e outras conexões pessoais. Um membro insatisfeito da equipe pode, por exemplo, distorcer informações em um relatório de despesas — algo que seria tratado por um contador forense e não pela equipe de segurança pessoal.

Cuidados com os herdeiros

Muita da ansiedade de segurança entre os ultra-ricos gira em torno dos filhos, que podem estar em risco de sequestro, abuso por parte de cuidadores ou, claro, se envolver em acidentes ou outras situações mais comuns que qualquer outra criança poderia enfrentar. As ameaças são mais altas quando viajam de um lugar para outro, especialmente em padrões rotineiros, como participar de atividades extracurriculares.

A escola tende a ser mais segura, mas ainda assim apresenta riscos. Amanda Uhry, fundadora da Manhattan Private School Advisors, observa que até as instituições privadas de elite nem sempre verificam adequadamente os funcionários ou possuem características básicas de segurança, como entradas trancadas e pessoas verificando identificações. Os pais estão cada vez mais escolhendo onde enviar seus filhos com base na segurança oferecida, diz Uhry, especialmente para crianças em idade pré-escolar.

“O nível de medo em Nova York entre as classes mais altas e seus filhos atingiu um pico histórico. E não é só Nova York; trabalhamos em outros lugares e em LA as pessoas estão dizendo o mesmo”, ela diz, acrescentando que os pais têm citado preconceitos relacionados às guerras na Ucrânia e Gaza como fontes de ansiedade adicional.

Apesar das crescentes preocupações, é raro que o filho de um bilionário seja acompanhado por um guarda-costas, na escola ou em outro lugar. As crianças muitas vezes acham isso embaraçoso ou não querem sentir que sua liberdade de movimento está severamente restrita. Uhry diz que vê mais pais milionários contratando proteção visível e impositiva para seus filhos do que pais bilionários ou celebridades, que tendem a se preocupar mais com o fato de seus primogênitos não terem uma vida normal. “São pessoas inteligentes que percebem o que acontecerá com seus filhos [se eles tiverem] bilhões de dólares e não conseguirem funcionar sozinhos e ser independentes.”

Assim, a solução que eles encontram é proteger seus filhos sem que eles saibam. Dan Linskey, diretor-geral da consultoria de gestão de riscos Kroll, diz que certa vez enviou uma equipe à paisana para a faculdade da filha de um cliente que estava recebendo ameaças. “Obviamente, não queríamos perturbar a rotina deles”, diz ele. “Até hoje, acredito que ela nunca soube que estava sob proteção e que as pessoas estavam cuidando dela.” A filha de outro cliente foi secretamente localizada no meio da noite, quando sua localização no telefone desapareceu enquanto ela viajava. Na ocasião, o que aconteceu foi que seu dispositivo descarregou.

Às vezes, os pais colocam dispositivos de rastreamento nas roupas que seus filhos usam, muitas vezes, sem que eles saibam. O pessoal de segurança às vezes é contratado para parecer membros regulares da equipe de uma escola. Algumas crianças frequentam a escola sob nomes diferentes, especialmente sobrenomes; isso é mais comum para crianças mais novas, algumas das quais podem ser muito pequenas para reconhecer seu nome completo.

Com os ricos e poderosos extremamente focados em proteger a si mesmos e suas famílias, o setor de segurança pessoal está se expandindo — mas o crescimento provavelmente não durará. “A menos que o caos aumente e haja mais ataques a executivos, o que pode acontecer, as pessoas vão esquecer”, diz Falkenberg. “Elas estão realmente focadas nisso agora, ainda mais com o julgamento de Luigi Mangione. Só que com o avançar do tempo, essa preocupação diminuirá”, completa.

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