Cesta básica saudável compromete mais de 20% da renda média no Brasil e é inacessível para maioria da população
Um levantamento do Instituto Pacto Contra a Fome indicou que o custo da cesta básica ideal para uma alimentação saudável no Brasil atingiu R$ 432 por pessoa no mês de abril de 2025. O valor representa 21,4% da renda média mensal per capita dos brasileiros, estimada em R$ 2.020, conforme dados da Pesquisa Nacional por […] O post Cesta básica saudável compromete mais de 20% da renda média no Brasil e é inacessível para maioria da população apareceu primeiro em O Cafezinho.

Um levantamento do Instituto Pacto Contra a Fome indicou que o custo da cesta básica ideal para uma alimentação saudável no Brasil atingiu R$ 432 por pessoa no mês de abril de 2025.
O valor representa 21,4% da renda média mensal per capita dos brasileiros, estimada em R$ 2.020, conforme dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no dia 8 de maio.
As informações constam na edição de maio do Boletim Mensal de Monitoramento da Inflação dos Alimentos, publicado pelo instituto. O relatório também aponta que mais de 70% da população brasileira não possui renda suficiente para custear tanto a alimentação adequada quanto as demais despesas básicas mensais.
De acordo com o instituto, aproximadamente 21,7 milhões de pessoas vivem com uma renda inferior ao valor necessário para a aquisição da cesta alimentar considerada ideal. Essa parcela equivale a mais de 10% da população do país.
Segundo Ricardo Mota, gerente de Inteligência Estratégica do Instituto Pacto Contra a Fome, “essa estimativa revela que, mesmo sendo um direito garantido, a alimentação adequada está fora do alcance da maioria da população. Nosso objetivo é evidenciar a distância entre a garantia constitucional e a realidade econômica das famílias”.
A metodologia utilizada no cálculo considera a cesta desenvolvida pelo Núcleo de Epidemiologia e Biologia da Nutrição (NEBIN), da Universidade de São Paulo (USP).
O modelo baseia-se na oferta de alimentos in natura e minimamente processados, de acordo com as diretrizes do Guia Alimentar para a População Brasileira e as recomendações da Comissão EAT-Lancet.
O levantamento também destaca que a ausência de monitoramento regular e de políticas públicas estruturadas com base em evidências contribui para a manutenção da insegurança alimentar no país.
Para o Instituto, a implementação de ações governamentais coordenadas seria essencial para ampliar o acesso da população a uma alimentação nutritiva e financeiramente viável.
O boletim apresenta ainda a evolução dos preços dos alimentos em abril, com ênfase no impacto da inflação alimentar sobre o orçamento das famílias.
De acordo com os dados, o grupo Alimentação e Bebidas registrou alta de 0,82% no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no período. Entre os itens com maiores aumentos de preço, destacam-se a batata (18,29%), o tomate (14,32%) e o café moído (4,48%).
No mesmo mês, o IPCA geral foi de 0,43%, o que, segundo o relatório, evidencia o peso desproporcional da inflação dos alimentos sobre o custo de vida.
A publicação observa que esse impacto é mais acentuado entre famílias de baixa renda, para as quais a inflação alimentar pode ser até 2,5 vezes maior do que para as famílias de renda mais alta.
Apesar de quedas pontuais nos preços de itens como arroz (-4,19%), mamão (-5,96%) e feijão preto (-5,45%), o boletim ressalta que os produtos essenciais e in natura continuam sujeitos a pressões inflacionárias provocadas por fatores climáticos e sazonais.
Isso, segundo o instituto, contribui para a instabilidade nos preços e compromete o acesso da população a alimentos fundamentais para uma dieta equilibrada.
O relatório aponta que a oscilação de preços nos alimentos frescos e não processados, considerados essenciais na cesta alimentar ideal, limita a previsibilidade dos gastos das famílias e afeta diretamente os índices de insegurança alimentar no país.
A entidade sugere que políticas públicas voltadas ao fortalecimento da agricultura familiar, ao subsídio de alimentos básicos e à ampliação do acesso à renda podem contribuir para mitigar o cenário atual.
A análise considera que, em um contexto de desigualdade de renda e de fragilidade na proteção social, o aumento do custo dos alimentos impacta diretamente a capacidade de milhões de brasileiros de garantir uma alimentação de qualidade.
O boletim reforça que o direito à alimentação adequada está previsto na Constituição Federal, e seu cumprimento depende de ações coordenadas entre diferentes esferas do poder público.
O Instituto Pacto Contra a Fome defende a criação de mecanismos permanentes de monitoramento da inflação de alimentos, com foco em populações vulneráveis, para subsidiar decisões políticas baseadas em dados e evidências. O objetivo seria fornecer respostas mais eficazes diante das variações de preços e da manutenção dos direitos sociais assegurados na legislação brasileira.
O estudo aponta, ainda, que o custo da cesta ideal tende a manter-se elevado caso as oscilações no setor alimentício não sejam acompanhadas de medidas corretivas, sobretudo em relação aos produtos mais sensíveis a variações climáticas. A entidade conclui que o acesso à alimentação saudável permanece restrito e condicionado ao poder aquisitivo da população, especialmente entre os grupos de menor renda.
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