BCE prepara cortes abaixo da taxa neutra com “total liberdade de ação”, avisa Olli Rehn
O Banco Central Europeu (BCE) poderá vir a surpreender os mercados ao cortar as taxas de juro para níveis abaixo do chamado “nível neutral” — patamar que não estimula nem trava a economia —, mantendo, ao mesmo tempo, maior flexibilidade possível na condução da política monetária. O cenário foi admitido por Olli Rehn, governador do […]


O Banco Central Europeu (BCE) poderá vir a surpreender os mercados ao cortar as taxas de juro para níveis abaixo do chamado “nível neutral” — patamar que não estimula nem trava a economia —, mantendo, ao mesmo tempo, maior flexibilidade possível na condução da política monetária.
O cenário foi admitido por Olli Rehn, governador do Banco Central da Finlândia e membro do Conselho do BCE, no decorrer de um evento na segunda-feira, numa altura em que a inflação na Zona Euro dá sinais de abrandamento e os riscos para o crescimento económico se intensificam.
Segundo Olli Rehn, “não devemos descartar cortes de taxas abaixo do nível neutro”. Esta declaração surge num contexto de incerteza sobre a evolução da economia europeia, marcada por uma conjuntura de concessão crédito mais restritivo e de riscos crescentes para as projeções de inflação. “Há algum aperto nas condições de crédito, mas pode ser de curto prazo, o júri ainda está fora”, referiu o governador.
“A força do euro está a adicionar complexidade à perspetiva de preços”, explicou Olli Rehn, sublinhando a necessidade de uma abordagem flexível por parte do Banco Central Europeu para lidar com esta situação.
Olli Rehn sublinha que a evolução da inflação continua a ser monitorizada de perto pelo BCE, numa altura em que os mercados já antecipam novos cortes. “Se as perspetivas mostrarem uma queda abaixo dos 2%, mais cortes são corretos”, admitiu, referindo-se ao objetivo de inflação do banco central.
O contexto externo também pesa nas decisões do BCE, sobretudo devido ao impacto das tarifas comerciais. “Concordo com os mercados de que as tarifas vão abrandar a inflação” e que “há sobretudo riscos descendentes para as projeções”, afirmou Olli Rehn, acrescentando que “há riscos descendentes para as perspetivas de inflação de março” e que “os efeitos das tarifas na Zona Euro são de duas vias”.
A força do euro é outro fator que “complica” o cenário para a política monetária. “A força do euro está a adicionar complexidade à perspetiva de preços”, explicou o governador finlandês, sublinhando a necessidade de uma abordagem flexível. “A taxa do euro é importante na avaliação do rumo da política”, acrescentou.
O BCE, garante Rehn, está atento à evolução dos mercados para garantir a estabilidade dos preços e do sistema financeiro. “Estamos a monitorizar os mercados para garantir a estabilidade dos preços e financeira”, destacou.