Base de Lula ajuda a colocar de pé CPI do INSS na Câmara

Abertura de investigação pode travar a agenda política de interesse do Planalto no Parlamento; pedido da oposição testa fidelidade de Motta a Lula

Abr 30, 2025 - 16:49
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Base de Lula ajuda a colocar de pé CPI do INSS na Câmara

A oposição bolsonarista na Câmara vai anunciar logo mais, no Salão Verde da Casa, a conquista das 171 assinaturas necessárias para instalar a CPI do INSS, que mira fraudes bilionárias contra aposentados.

A Polícia Federal descobriu que o esquema começou no governo de Jair Bolsonaro, mas ganhou escala impressionante depois da chegada de Lula ao Planalto. É, pelos elementos colhidos até agora, um assunto explosivo para a gestão petista.

Além de colocar sob pressão o ministro da Previdência, Carlos Lupi, e já ter derrubado o chefe do INSS Alessandro Stefanutto, o caso tem personagens que levam uma eventual CPI ao círculo familiar de Lula, já que Frei Chico, o irmão do presidente, é dirigente de uma das entidades investigadas no escândalo.

Apesar de todos os sinais de que a CPI fazer estragos no projeto eleitoral de Lula, a própria base parlamentar do governo na Câmara ajudou a colocar de pé a investigação. É o que pretende anunciar o deputado Coronel Chrisóstomo. Não foram poucas as assinaturas de parlamentares de partidos que integram o ministério de Lula.

A conquista de apoio regimental ao início das investigações, no entanto, é apenas uma parte do caminho. Lula saberá, a partir de agora, se a aparente lua de mel com Hugo Motta é para valer.

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A pressão da oposição para que o chefe da Câmara instale a CPI vai testar a fidelidade de Motta a Lula e determinar se a Casa presidida pelo “aliado” se tornará uma trincheira da oposição para desgastar o governo petista.

Como chefe do Planalto, Lula já enfrentou uma série de CPIs em sua caminhada política. O petista sabe como ninguém o que é comandar um governo sob a mira de uma apuração política. Depoimentos transmitidos ao vivo na televisão e nas redes sociais, quebras de sigilos de aliados e vazamentos de dados que comprometem aliados são apenas alguns atrativos que costumam ditar o espetáculo das investigações parlamentares no Congresso.

Líder de um governo impopular e sem projetos importantes a entregar ao país, Lula contava com a pacificação do ambiente no Congresso para conseguir aprovar propostas para melhorar sua imagem nessa caminhada até a reeleição. Com a abertura de uma CPI, a agenda legislativa deve ser totalmente contaminada pela disputa política com a oposição.

Projetos como a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até 5.000 reais e a PEC da Segurança Pública ficariam em segundo plano. Ciente disso, o governo já começou a trabalhar para tentar evitar que a oposição consiga instalar a comissão. O jogo, no entanto, está só no começo.

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