Análise XP: dívidas agro pressionam BB, que aposta na safra recorde para se recompor
Bernardo Guttmann, head do setor financeiro da XP, afirma que o resultado ruim do Banco do Brasil no primeiro trimestre já era esperado, mas veio pior do que o projetado The post Análise XP: dívidas agro pressionam BB, que aposta na safra recorde para se recompor appeared first on InfoMoney.


O resultado do primeiro trimestre de 2025 (1T25) do Banco Brasil (BBAS3) veio significativamente abaixo do consenso. “Ele foi mais fraco do que o esperado em quase todas as linhas”, disse Bernardo Guttmann, head do setor financeiro da XP, que participou nesta sexta (16) do programa Morning Call da XP.
Segundo ele, o resultado do 1T25 reflete uma combinação basicamente de dois fatores negativos. Um é a implementação da resolução 4966 do Conselho Monetário Nacional (CMN), que muda a forma como as instituições financeiras brasileiras calculam a Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa (PCLD). “Isso alterou bastante a contabilização de receitas deterioradas”, explicou.
“Com isso, o Banco do Brasil teve que parar de contabilizar diversos contratos considerados de maior risco, mesmo que alguns ainda estivessem em dia. Pela nova regra essa receita não pode ser reconhecida”, pontuou.
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Inadimplência
O problema é que houve um aumento expressivo da inadimplência, sobretudo na carteira de agronegócio do banco estatal, com pressão adicional trazida pela alta da Selic, o que aumentou de imediato o custo de captação do BB, de acordo com o analista.
Guttmann ressalta que a carteira do agronegócio representa um terço do portfólio do Banco do Brasil, significando uma concentração muito grande de crédito em um setor. “Essa carteira sofreu uma onda de renegociações bem grande, com forte aumento da inadimplência no agro, o que exigiu mais provisões do que o esperado”, destacou, complementando que o agronegócio enfrenta uma onda de recuperação judicial.
“Além disso, o forte aumento da Selic acabou encarecendo os passivos do banco, comprimindo a margem financeira”, acrescentou.
O analista da XP disse que, depois da divulgação do balanço do 1T25, o Banco do Brasil informou que reformou sua estrutura de cobrança, seja com aumento de protestos, judicializações e outras medidas para reduzir os atrasos de pagamento de dívida.
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Visão conservadora
“O banco também continua apostando na safra recorde desse ano como potencial catalizador de uma melhora da inadimplência, já acontecendo inclusive no segundo trimestre (do ano)”, afirmou.
O head do setor financeiro disse que já existia uma visão conservadora para o balanço da instituição, principalmente devido à preocupação com o agronegócio, “mas o impacto negativo surpreendeu”.
“O Banco do Brasil inicia 2025 enfrentando um cenário mais difícil, mas o resultado veio ainda pior”, comentou. Mas ele citou que o banco estatal tem um valuation muito descontado e segue pagando um dividendo elevado, o que fez a XP reiterar recomendação de compra para a ação.
“Mas a gente segue atento a capacidade de o banco estabilizar a inadimplência, retomar a previsibilidade e recompor gradualmente a rentabilidade nos próximos trimestres”, disse.
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