Algumas lições do apagão

Não pretendo ser mais um especialista em energia. Já chega os que saltaram nos últimos dias. Desde os habituais comenta–tudo aos que disseram algumas banalidades que como costume não ajudam a esclarecer coisa nenhuma. Quero por isso olhar apenas para o que se passou ao nível da comunicação ou falta dela. Quis o destino que […]

Mai 7, 2025 - 12:26
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Algumas lições do apagão

Não pretendo ser mais um especialista em energia. Já chega os que saltaram nos últimos dias. Desde os habituais comenta–tudo aos que disseram algumas banalidades que como costume não ajudam a esclarecer coisa nenhuma.

Quero por isso olhar apenas para o que se passou ao nível da comunicação ou falta dela. Quis o destino que estivesse em Espanha, em Madrid mais propriamente, quando Espanha e Portugal ficaram às escuras. (Estragaram-me o 1° dia do torneio de ténis e por arrastamento o 2° e isso é aborrecido).

Lá como cá, Espanha como Portugal, a rádio passou a ser a única fonte disponível de informação. Mas até esse momento ainda tínhamos os WhatsApp e as redes sociais para dizer e propagar os maiores disparates. Pessoas responsáveis partilhavam textos que cheiravam a ChatGPTe feitos por amadores.

Lá como cá apareceram os arautos da desgraça. Lá como cá apareceram ministros a lançar umas atoardas sobre ciberataques que não confirmavam, pois não sabiam nada de nada, mas não excluíam a hipótese de o ser. E calados não seriam mais úteis a todo um processo de comunicação? Claro que essa coisa, ciberataque, poderia ser a causa e pode vir a ser uma hipótese. Mais cedo do que possamos imaginar, mas convém não antecipar o futuro. E admito que os governantes sejam mais informados do que eu. Mas convém não antecipar cenários.(aproveito para recomendar ver a série “Dia Zero,” com Roberto de Niro na netflix).

Lá como cá, o governo procurou minimizar danos, não criando alarmismos, mais a mais que era necessário saber/prever se e quando estaria reposta a normalidade.

E essa garantia só podia ser dada por técnicos. Os tais especialistas que são engenheiros e não gostam de falar por falar.

Lá como cá os autarcas, sem comunicação direta com os governos centrais, foram importantes na ativação dos seus serviços de emergência local.

Mais lá do que cá, ouvia-se música na rua, as esplanadas estavam cheias e ainda havia cervejas frescas. Tudo pago em “efetivo”.

No momento em que escrevo, as certezas absolutas das causas ainda não são absolutas.

Mas para mim são absolutas certezas estes pequenos conselhos, que servem para governantes e governados:

  1. Não partilhem informação não credível;
  2. Mais do que nunca os media tradicionais são a melhor fonte de informação. Para informar e serem informados;
  3. Se não tiverem nada para dizer mantenham-se calados. Não correm o risco de dizer disparates;
  4. Antes de falar o PM a dar nota que a situação está a ponto de ser resolvida, ou não, deve haver uma comunicação intermédia a sossegar os governados. O que sucedeu cá e não lá.
  5. Comprem um rádio e umas pilhas. Sempre ficam informados por bons profissionais da rádio. Parabéns Antena 1 e TSF, por cá, e por lá a Onda Madrid que me acompanhou numa viagem de 90 minutos num táxi.

Lá como cá o tempo passou a voar e percebemos que afinal há malta que percebe de energia, apesar da sempre opinião contrária de alguns ressabiados.

Mas será que vamos aprender alguma coisa? De comunicação, claro. E quem já tem kits de sobrevivência? Não se esqueçam de um campingaz.