Agenda de resultados trimestrais com Embraer (EMBR3) e Prio (PRIO3), mercados europeus azedos e início de reuniões do Fed e BC são destaques desta terça-feira (6)
Os mercados na Europa azedam o apetite global após uma reviravolta nas eleições alemãs. Veja o que mais deve chamar atenção dos investidores hoje. O post Agenda de resultados trimestrais com Embraer (EMBR3) e Prio (PRIO3), mercados europeus azedos e início de reuniões do Fed e BC são destaques desta terça-feira (6) apareceu primeiro em Empiricus.

Começamos a sessão com o humor azedando na Europa, contaminando o apetite global por risco, apesar da retomada positiva observada nos mercados asiáticos após o feriado do Dia do Trabalho. O gatilho da correção veio da política alemã: Friedrich Merz, líder conservador e em vias de se tornar o novo chanceler, fracassou na tentativa de formar maioria parlamentar em sua votação, postergando a transição de poder. O episódio adiciona um novo grau de instabilidade à já congestionada lista de incertezas internacionais — especialmente no momento em que os mercados esperavam avanços concretos nas negociações comerciais entre os EUA e seus principais parceiros (foi justamente essa expectativa de negociação que alimentou a animação na Ásia).
Assim, depois de duas semanas de fôlego renovado para os ativos de risco, o mercado global parece agora pausar para tomar ar — ou rever expectativas. O S&P 500 abriu a semana ontem em queda, puxando para baixo os demais ativos de risco, em movimento típico de consolidação após fortes altas. No radar, os investidores voltam suas atenções para a maratona de decisões de política monetária, com destaque para as reuniões do Federal Reserve e do Banco Central brasileiro, ambas começando hoje (6).
A temporada de balanços corporativos também segue em ritmo acelerado, enquanto, nos EUA, o mercado digere com cautela a balança comercial de março — dado que contribuiu diretamente para a queda do PIB no primeiro trimestre. Entre as commodities, o petróleo ensaia recuperação nesta manhã, após as recentes quedas.
· 00:53 — Sentiu calor
No Brasil, depois das altas recentes, a semana começou com o pé esquerdo. O Ibovespa encerrou a segunda-feira (5) em queda, puxado principalmente pelo desempenho decepcionante da Petrobras (PETR4), que afundou acompanhando o tombo do petróleo. A sinalização da Opep+ de que pode aumentar a oferta global foi o estopim, minando o apetite dos investidores. Como se não bastasse, a estatal ainda anunciou a terceira redução consecutiva no preço do diesel nas refinarias, o que alimenta preocupações sobre sua rentabilidade e reforça o ambiente de aversão ao risco — agravado, inclusive, por uma revisão negativa feita por um dos grandes bancos locais.
Esse mau humor também se refletiu na moeda brasileira, que cedeu terreno em linha com a queda generalizada das divisas emergentes. No front corporativo, a temporada de balanços segue aquecida, com nomes de peso como Embraer, Prio, Carrefour, Raia Drogasil, Vibra, Vamos e JSL no radar dos investidores. Mas, entre balanços e petróleo, quem começa a roubar a cena mesmo é o Banco Central, que começa sua reunião de política monetária hoje e decide amanhã o rumo da taxa Selic. A alta de 50 pontos-base, levando a taxa a 14,75% ao ano, já está precificada. O que o mercado quer entender agora é: o ciclo acaba aqui ou ainda teremos um ajuste residual de 25 pontos na próxima reunião? O mais provável é que o Copom mantenha a porta entreaberta e se reserve o direito de decidir mais adiante, conforme seja permitido.
Enquanto isso, em Brasília, a pauta fiscal continua sendo empurrada com a barriga. Deve ser instalada hoje a Comissão Especial que analisará o projeto de isenção de Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil — uma promessa populista com potencial de impacto relevante nas contas públicas. A votação, no entanto, só deve ocorrer no segundo semestre. O problema, como sempre, é a falta de compensação crível: o governo insiste em vender a narrativa de responsabilidade, mas não entrega soluções estruturais. O Brasil continua ostentando indicadores fiscais piores que os de seus pares, e essa conta — por ora empurrada — cedo ou tarde terá de ser quitada.
Para piorar o quadro, o Planalto pode ganhar mais uma dor de cabeça política: há chances de que a oposição protocole o pedido de abertura de uma CPMI para investigar fraudes no INSS — um escândalo que culminou recentemente na queda do ministro Carlos Lupi. Em um governo já desgastado, frágil em articulação e com base parlamentar capenga, mais esse ruído político pode ajudar a travar ainda mais uma agenda que já anda devagar, quase parando. O mercado percebe — e precifica. Pelo menos, com as eleições de 2026 no horizonte, a inércia atual reduz o risco de que algo ande — o que, dadas as circunstâncias (péssima agenda), talvez nem seja tão ruim…
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· 01:46 — Nervosismo
Nos EUA, os principais índices acionários voltaram a ceder ontem (6), em um movimento de correção que, convenhamos, era mais do que esperado — e até desejável — após a sequência de altas recentes. A semana passada já havia sido carregada em termos de divulgação de resultados corporativos, mas a segunda-feira trouxe pouco em termos de novidades capazes de animar o mercado. O marasmo era previsível.
Hoje, o foco se desloca para o início da reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), que se encerra na quarta-feira. As expectativas para um corte de juros nesta reunião são praticamente nulas — e, para junho, também vêm diminuindo. A economia americana segue surpreendentemente resiliente: o mercado de trabalho permanece aquecido, e a atividade mostra mais fôlego do que o desejado por quem aposta em cortes rápidos. O cenário, por ora, não elimina o afrouxamento monetário neste ano, mas empurra qualquer mudança mais concreta para o segundo semestre.
Na agenda do dia, a atenção se volta para uma nova leva de resultados, com destaque para nomes como AMD, Super Micro, Brookfield, Constellation, Marathon Petroleum, Marriott e Zoetis. Por ora, seguimos em um compasso de espera — e o mercado, que até outro dia apostava em cortes imediatos, agora começa a ajustar as lentes.
· 02:33 — Juros de 10 anos voltaram a subir?
Se a esperada desvalorização do dólar acabar provocando uma saída em massa do mercado de Treasuries — num ambiente já marcado por déficits fiscais crescentes e pressão inflacionária persistente —, o resultado mais provável será um aumento nos rendimentos dos títulos de longo prazo. E o risco não para por aí: caso a inflação se mantenha elevada, o estresse sobre a curva de juros só tende a piorar.
Já discutido algumas vezes por aqui, Stephen Miran argumentava em seu estudo que, em resposta às tarifas, o dólar deveria se valorizar, impondo o ônus do ajuste ao país alvo. Na teoria, fazia sentido. Mas a realidade se mostrou mais complicada. Miran reconhecia que o dólar poderia, sim, cair, e que, nesse cenário, o aumento da inflação e a deterioração fiscal colocariam pressão sobre os títulos públicos americanos. Pois bem: foi exatamente o que vimos acontecer. Para piorar, os dados oficiais de inflação até agora têm sido incapazes de captar com precisão o impacto das tarifas — o que levanta dúvidas sobre a eficácia das métricas tradicionais em uma guerra comercial.
A postura da Casa Branca, por sua vez, não ajuda. Após mais de 100 dias de governo, Washington entrou de cabeça no conflito tarifário com uma autoconfiança desproporcional, conduzindo a ofensiva de forma mais abrupta e beligerante do que muitos formuladores de política previam — e desejavam. A administração até conseguiu seu dólar mais fraco, mas por caminhos tortuosos, com custo alto e sem construir confiança externa. Nesse cenário, a ideia de um “acordo de Mar-a-Lago” — aquele descrito por Miran, em que países comprariam títulos de 100 anos com cupom zero em troca de garantias de segurança dos EUA — parece cada vez mais um delírio diplomático. Mesmo que fosse tecnicamente viável, exigiria habilidade negocial e credibilidade institucional que, francamente, não têm dado as caras em Washington.
O que sobra, portanto, é um ambiente altamente incerto, onde a política econômica americana se aproxima perigosamente de um jogo de roleta. O custo dessa imprudência? Pode vir na forma de juros mais altos, perda de confiança externa e, ironicamente, uma inflação mais difícil de controlar paralela a um menor crescimento — tudo o que a guerra comercial prometia combater, mas que pode acabar amplificando.
· 03:21 — Ruídos asiáticos
O Paquistão vive dias de tensão máxima após declarações oficiais afirmarem que Nova Délhi estaria planejando ataques militares em seu território — uma alegação que reacendeu o temor de um confronto direto entre dois rivais históricos. Desde o atentado que matou 26 civis na Caxemira indiana no mês passado, as trocas de tiros na região disputada tornaram-se quase rotineiras, em mais um capítulo de um conflito que nunca foi resolvido, apenas empurrado sob o tapete da diplomacia internacional. A retórica escalou com rapidez. A Índia fechou seu espaço aéreo ao Paquistão e determinou a saída da maioria dos cidadãos paquistaneses de seu território. Islamabad, por sua vez — enquanto nega qualquer envolvimento no ataque — revidou com a suspensão de vistos para indianos, numa espiral de retaliações diplomáticas que beira o colapso.
O pânico gerado por essas medidas evocou lembranças traumáticas da Partição de 1947, quando hindus e muçulmanos fugiram de massacres étnicos nas recém-independentes Índia e Paquistão. Setenta anos depois, os fantasmas voltam a rondar. China e Estados Unidos, em um raro alinhamento, pedem moderação, mas suas vozes soam cada vez mais como um eco distante diante do agravamento da crise. A verdade é que a Índia, que já venceu as guerras de 1965 e 1971 — esta última de forma avassaladora —, consolidou uma posição amplamente superior no cenário econômico e militar. O Paquistão, atolado em dificuldades internas, sabe que não tem como vencer um conflito convencional. Resta-lhe a cartada nuclear — e é justamente isso que torna o impasse tão perigoso. Desde que ambos os países se tornaram potências nucleares, ainda no século passado, o equilíbrio do medo tem funcionado como único anteparo a uma nova guerra total. Mas esse equilíbrio é precário e, no atual clima de paranoia mútua e nacionalismos inflamados, o risco de um erro de cálculo nunca foi tão alto. O mundo, já atolado em guerras e instabilidades, não suportaria mais uma faísca em uma das fronteiras mais voláteis do planeta.
Evitar o confronto deveria ser óbvio. Mas, em tempos de líderes imprevisíveis e sociedades inflamadas, o óbvio precisa ser reiterado. Um conflito indo-paquistanês não teria vencedores — apenas consequências devastadoras, regionais e globais. A paz, neste caso, é menos uma escolha e mais uma obrigação civilizatória. A ver…
· 04:15 —Quando a Alemanha espirra, a Europa pega gripe — mais uma vez
Friedrich Merz sofreu um baque inesperado e constrangedor ao não alcançar a maioria no parlamento para ser confirmado como novo chanceler da Alemanha — um revés que adia sua posse e compromete sua autoridade antes mesmo de ela começar. Apesar de liderar uma coalizão majoritária entre CDU/CSU e os sociais-democratas, com 328 assentos, Merz obteve apenas 310 votos no escrutínio secreto — seis a menos do que o necessário. É o tipo de humilhação política que mina credibilidade e expõe rachaduras internas antes mesmo da tinta secar nas nomeações.
O mais irônico é que Merz vinha de uma vitória política considerável ao conseguir alterar o “freio da dívida” no início do ano, um feito raro na rigidez fiscal alemã. Mas, ao contrário da medida orçamentária, que dependia do apoio institucional, sua confirmação exigia apoio pessoal — e nele, Merz claramente não é uma unanimidade. Falta-lhe carisma e popularidade, enquanto sobra-lhe resistência interna.
Ser o primeiro chanceler eleito que não consegue ser confirmado no cargo já o coloca em uma posição historicamente desconfortável — e politicamente enfraquecida. Ainda que uma nova votação possa ocorrer entre hoje (6) e sexta-feira (9), o dano reputacional está feito. A hesitação do parlamento em chancelar sua liderança levanta dúvidas sobre sua capacidade de articulação, algo vital para quem pretende recolocar a Alemanha no comando político e econômico da Europa. Vale lembrar que a locomotiva alemã tem patinado há anos, com crescimento anêmico, paralisia institucional e um vácuo de liderança desde a saída de Angela Merkel. A aposta recente dos investidores na tese europeia em 2025 pressupõe uma Alemanha revigorada. Sem isso, o impulso pode não se sustentar. Se Merz quiser resgatar a imagem do país como âncora da estabilidade continental, precisará mais do que números — precisará governar com legitimidade.
· 05:02 — Depois de um susto: o Bitcoin cai, sacode e assusta, mas sobrevive
O Bitcoin continua escapando de definições formais. Enquanto uma parte do mercado ainda o enxerga como um beta sofisticado das big techs americanas, outros o tratam como um embrião de reserva de valor — um “quase ouro” ainda em estágio de consolidação. Em 2025, a performance tem surpreendido…
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