Xi Jinping, da China, compara hegemonia dos EUA com o fascismo
China e Rússia buscam consolidar parceria estratégica contra as pressões ocidentais, destacando resistências históricas às hegemonias Xi Jinping comparou a “hegemonia dos EUA” atual à arrogância das “forças fascistas” de 80 anos atrás, véspera da cúpula em Moscou com Vladimir Putin e das celebrações russas pelo Dia da Vitória na Segunda Guerra Mundial. O presidente […] O post Xi Jinping, da China, compara hegemonia dos EUA com o fascismo apareceu primeiro em O Cafezinho.

China e Rússia buscam consolidar parceria estratégica contra as pressões ocidentais, destacando resistências históricas às hegemonias
Xi Jinping comparou a “hegemonia dos EUA” atual à arrogância das “forças fascistas” de 80 anos atrás, véspera da cúpula em Moscou com Vladimir Putin e das celebrações russas pelo Dia da Vitória na Segunda Guerra Mundial. O presidente chinês e o russo estão aproveitando a visita para reafirmar a força de sua aliança diante da ordem internacional liderada pelos Estados Unidos. Isso ocorre enquanto Donald Trump impõe tarifas à China e tenta persuadir Moscou a buscar um acordo de paz com a Ucrânia.
“No passado, forças justas no mundo, incluindo China e União Soviética, lutaram bravamente e derrotaram juntas as arrogantes forças fascistas”, escreveu Xi em artigo publicado na mídia russa e chinesa antes de sua chegada a Moscou nesta quarta-feira (7).
Ele acrescentou: “80 anos depois, o unilateralismo, o hegemonismo e o bullying são extremamente prejudiciais. A humanidade está novamente numa encruzilhada.”
Moscou também adotou tom semelhante antes da cúpula de quinta-feira, primeira entre Putin e Xi desde que Trump assumiu o cargo em janeiro e intensificou a guerra comercial.
O encontro vai “enviar um poderoso sinal contra tentativas de reescrever os resultados da Segunda Guerra Mundial”, afirmou o ministério das Relações Exteriores russo, segundo a agência Tass, destacando que a Europa estaria se preparando para uma guerra contra a Rússia como fez a Alemanha nazista.
No entanto, os dois líderes enfrentam desafios. A China busca melhorar relações com a Europa após sofrer tarifas dos EUA. Além disso, Pequim teme que uma aproximação entre Trump e Putin possa impactar sua parceria com a Rússia.
Na sexta-feira, Xi participará de um desfile na Praça Vermelha marcado pelo 80º aniversário da vitória da União Soviética na Segunda Guerra Mundial, ao lado de outros 28 líderes estrangeiros, incluindo Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil, Aleksandar Vučić, da Sérvia, e Robert Fico, da Eslováquia.
Os preparativos foram prejudicados por três dias consecutivos de ataques com drones ucranianos na Rússia, que obrigaram o fechamento de aeroportos em Moscou por algumas horas.
Além de criticar os EUA no comércio, Xi usará as celebrações do Dia da Vitória para lembrar ao mundo sobre a soberania reivindicada por Pequim sobre Taiwan, contra a qual já ameaçou usar força militar.
O Kremlin deseja mostrar Xi observando o poderio militar russo, destacando como Moscou superou anos de tentativas ocidentais de isolamento após a invasão à Ucrânia. Putin tem justificado a guerra fazendo comparações infundadas entre o governo de Kiev e a Alemanha nazista.
Pequim não tomou posição aberta no conflito, mas ajudou Moscou a resistir às sanções. O comércio bilateral saltou de US$ 147 bilhões em 2021 para US$ 245 bilhões no ano passado.
Nas últimas semanas, porém, as exportações bilaterais têm caído para os níveis mais baixos desde o início da invasão, devido à redução nos preços dos hidrocarbonetos russos e à menor demanda russa por carros chineses.
“A relação econômica entre China e Rússia já é muito elevada, em parte por causa da guerra na Ucrânia, e talvez não haja tanto potencial adicional”, disse Li Mingjiang, professor da Nanyang Technological University, em Cingapura.
Para elevar significativamente o comércio com a Rússia, a China teria de considerar projetos ambiciosos de infraestrutura, como o gasoduto Power of Siberia-2, há muito adiado — algo que até agora foi evitado, segundo Alexander Gabuev, diretor do Carnegie Russia Eurasia Center.
A Rússia, que enfrenta alta inflação impulsionada pela guerra, tem capacidade limitada para absorver maiores volumes de produtos chineses, disse Gabuev.
Mas, caso Trump não negocie um acordo com a China sobre tarifas, Pequim poderia “deixar de se importar” com as sanções americanas à Rússia, disse Gabuev. “Se houver tarifas de 125%, a China pode simplesmente dizer aos EUA para se ferrar e fazer o que quiser com a Rússia”, completou.
A guerra comercial com os EUA também aproximou a China da Europa, limitando até certo ponto a profundidade dos laços de Pequim com Moscou. Alguns especialistas chineses sugerem que o país torce para que a Rússia assine um acordo de paz mediado pelos EUA com a Ucrânia, apenas para simplificar suas relações com o continente europeu.
“Se a guerra acabasse, a China finalmente poderia encerrar essa atuação equilibrada entre Rússia e Ocidente e retomar relações mais fluidas entre as grandes potências. O conflito na Ucrânia sempre assombra a China”, disse Zhu Feng, decano da School of International Studies da Universidade de Nanjing.
Li, da Nanyang Technological University, afirmou que, embora a China não vá romper abertamente com a Rússia, “não me surpreenderia se os funcionários chineses discretamente entregassem certas mensagens que ajudem a tranquilizar os europeus de que a China tentará desempenhar um papel útil em termos de um acordo de cessar-fogo”.
Xi não mencionou a Ucrânia em seu artigo. Em vez disso, atacou os “criminosos de guerra” da Segunda Guerra Mundial, descrevendo China e Rússia como “forças construtivas no mantenimento da estabilidade estratégica global” e defendendo o respeito à Carta da ONU.
Analistas, porém, alertaram que a mensagem provocará críticas, já que Putin iniciou o maior conflito na Europa desde 1945, violando normas da ONU e sendo acusado de crimes de guerra.
“As pessoas perceberão a ironia e as contradições”, disse Li. “Isso certamente enfraquecerá a eficácia dessas narrativas chinesas perante a comunidade internacional.”
Com informações de Joe Leahy em Pequim e Max Seddon em Berlim para o The Financial Times
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