WhatsApp e privacidade: Descubra o que realmente está protegido
A empresa não tem acesso às comunicações e aos ficheiros trocados porque são encriptados, mas o Google pode ser um ponto de entrada para esse conteúdo.


Que tipo de informação podem conter estas pastas? As mensagens que enviamos através do WhatsApp são seguras? E as fotos ou ficheiros que trocamos com os nossos contactos? O WhatsApp ou outras empresas são obrigadas a fornecer este tipo de informação?
O WhatsApp pode fornecer a um juiz dados sobre as minhas mensagens, fotografias ou ficheiros enviados?
Estas são algumas perguntas que questionamos e para as quais este artigo lhe pode fornecer (algumas) respostas.
“O WhatsApp não divulga nem pode divulgar o conteúdo das mensagens dos seus utilizadores em resposta a pedidos governamentais”, refere a empresa nos seus termos e condições de utilização. Não pode, porque as comunicações são encriptadas de ponta a ponta. Ou seja: cada vez que enviamos algo para um contacto, o conteúdo dessa comunicação é encriptado e é gerada uma chave que apenas o destinatário pode aceder. O próprio fornecedor do serviço, neste caso o WhatsApp (Meta), não consegue aceder ao mesmo.
Assim sendo, as mensagens, fotos e outros ficheiros enviados utilizando serviços encriptados serão mantidos apenas pelo remetente e pelo destinatário dessas comunicações.
Mas que dados tem o WhatsApp sobre um utilizador?
Embora o conteúdo das comunicações encriptadas seja inacessível a terceiros, o WhatsApp tem informações valiosas: os chamados metadados. O WhatsApp não sabe o que enviou ao seu amigo, mas sabe quando o enviou, que números de telefone utilizou para comunicar, quantas vezes contactou com quem, que tipo de dispositivo utilizou, o tamanho das mensagens (o que lhe permite inferir se continham anexos e até que tipo de anexos) e o tipo de comunicação (texto ou chamada).
Além dos metadados, o WhatsApp pode também fornecer às autoridades dados do utilizador: “informações básicas do subscritor (como o nome, a data de início do serviço, a data da última utilização, o endereço IP, o tipo de dispositivo e o endereço de e-mail) e informações da conta (como as fotografias de perfil, as informações do grupo e a lista de contatos)”, de acordo com o site da empresa.
Quer isto dizer que não existe forma do Whatsapp aceder às mensagens?
Tecnicamente, existe. E é aqui que entra a Google: “Quando ativa o backup do WhatsApp, o backup é feito para a conta Google configurada no Android em texto não encriptado. Há alguns anos que é oferecida a opção de encriptar o ficheiro de backup. Mas, por defeito, este backup é guardado em texto não encriptado”, explica Jorge García Herrero, advogado especializado em proteção de dados, ao jornal espanhol El País. Por outro lado, no caso dos iPhones, os dados são encriptados antes de serem enviados para o iCloud, a cloud da Apple, pelo que ficam inacessíveis.
“Se o documento foi enviado para a Google, é seguro assumir que a pessoa sob investigação é um utilizador do Android”, especula o especialista. Portanto, se não optou por encriptar o seu backup, as suas comunicações poderão estar disponíveis para revisão.
É certo que qualquer pessoa pode apagar mensagens do WhatsApp trocadas com outro utilizador. Ou até todo o histórico de conversas com todos os contatos. Mas estas mensagens apesar de já não aparecerem no telefonem não desapareceram. Os dados permanecerão alojados nos servidores das plataformas durante um período de tempo razoável.
A mesma coisa acontece se decidir eliminar a sua conta Google, que está ligada ao backup do WhatsApp. Estes dados não são destruídos quando a conta é eliminada.