Warren Buffett investe contra política de Trump: o comércio “não deve ser uma arma de guerra”
O multimilionário, de 94 anos, defendeu, este sábado, na tradicional reunião anual, o comércio livre e tranquilizou os investidores ante o impacto da volatilidade dos mercados na Berkshire Hathaway. "Não é nada", afirmou. O conglomerado reportou 9,6 mil milhões de dólares de lucro operacional, no primeiro trimestre. menos 14% do que no período homólogo.


O multimilionário Warren Buffett afirmou, este sábado, 3 de maio, que o “comércio não pode ser uma arma”. Na tradicional reunião mundial anual de investidores do conglomerado Berkshire Hathaway, no estado norte-americano do Nebrasca, o mago de Omaha, como é conhecido, continuou: “Não acho que seja certo e não acho que seja sensato”.
Os comentários de Buffett, que aos 94 anos exibe uma saúde invejável, são particularmente contundentes na medida em que o próprio reconheceu ter proposto, no passado, uma ideia para ajudar a resolver os desequilíbrios comerciais dos Estados Unidos. Hoje, porém, defende o conceito mais amplo de fluxos comerciais globais: “Devemos fazer o que de melhor fazemos, tal como eles devem fazer o que fazem de melhor”, afirmou, citado pelo jornal norte-americano The New York Times, por entre aplausos.
Na plateia estavam líderes empresariais de primeira linha, incluindo o cofundador da Microsoft, finanças, da Apple, e o financeiro bilionário William A. Ackman. Duas estreantes também marcaram presença: Hillary Rodham Clinton, antiga primeira dama e secretária de Estado de Barack Obama, e Priscilla Chan, esposa do presidente-executivo da Meta, Mark Zuckerberg.
O medo de que as tarifas afundem o comércio global e lancem o mundo numa recessão agitam os mercados desde que Donald Trump tomou posse como Presidente dos EUA e afetam as empresas de um modo geral e as norte-americanas, em particular.
A própria Berkshire revelou hoje uma queda acentuada nos resultados do primeiro trimestre de 2025. O conglomerado reportou 9,6 mil milhões de dólares de lucro operacional, o indicador preferido de Buffett, o que representa uma queda de 14% face ao período homólogo de 2024. Os resultados líquidos caíram ainda mais: 64%, em grande parte devido a perdas nos investimentos acionistas.
Segundo o The New York Times, Warren Buffett demonstrou, no entanto, pouca preocupação com o impacto da volatilidade atual dos mercados na Berkshire Hathaway. “Não é nada”, afirmou aos acionistas, referindo que lidar com as vicissitudes do mercado faz parte do investimento em ações.
Segundo o relatório apresentado hoje, citado pela cadeia CNBC, a Berkshire Hathaway, vendeu nos últimos 10 meses consecutivos mais ações do que comprou. O conglomerado desfez-se de mais de 134 mil milhões de dólares de ações em 2024, principalmente devido à redução das suas duas maiores participações na Apple e no Bank of America. Como resultado da onda de vendas, o ativo da Berkshire atingiu um novo recorde: 347 mil milhões de dólares.
Apesar das críticas diretas de Warren Buffett à política comercial da administração Trump, o empresário voltou a elogiar profundamente os Estados Unidos como uma terra de oportunidades. “Se nascesse hoje, continuaria negociando no útero até que me dissessem que poderia ficar nos Estados Unidos”, afirmou.