UE prepara resposta comercial a tarifas dos EUA e intensifica negociações com Mercosul

A União Europeia iniciou uma série de ações diplomáticas e comerciais em resposta às novas tarifas impostas pelos Estados Unidos. As medidas foram implementadas após o início do segundo mandato do presidente norte-americano Donald Trump, que aprovou uma sobretaxa de 20% sobre produtos europeus. A informação foi publicada nesta quinta-feira, 3, pelo Financial Times. A […] O post UE prepara resposta comercial a tarifas dos EUA e intensifica negociações com Mercosul apareceu primeiro em O Cafezinho.

Abr 3, 2025 - 16:27
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UE prepara resposta comercial a tarifas dos EUA e intensifica negociações com Mercosul

A União Europeia iniciou uma série de ações diplomáticas e comerciais em resposta às novas tarifas impostas pelos Estados Unidos.

As medidas foram implementadas após o início do segundo mandato do presidente norte-americano Donald Trump, que aprovou uma sobretaxa de 20% sobre produtos europeus. A informação foi publicada nesta quinta-feira, 3, pelo Financial Times.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, criticou a decisão do governo dos EUA e anunciou que o bloco europeu já discute contramedidas.

Entre as possibilidades avaliadas estão retaliações tarifárias, ações legais e o avanço em acordos comerciais com outras regiões. Um dos acordos mencionados é o tratado com o Mercosul, assinado no fim de 2024 no Uruguai, citado pela Folha de S. Paulo como uma das frentes prioritárias de negociação.

Em pronunciamento, Von der Leyen afirmou que a medida terá consequências diretas para a economia global.

“As consequências serão terríveis para milhões de pessoas em todo o mundo. Também para os países mais vulneráveis, que agora estão sujeitos a algumas das tarifas mais altas dos EUA. É o oposto do que queremos alcançar”, declarou.

A presidente da Comissão acrescentou que a imposição de tarifas terá impacto sobre os consumidores. “Milhões de cidadãos enfrentarão contas de supermercado mais altas. Os medicamentos custarão mais caro, assim como o transporte. A inflação aumentará.”

Segundo a líder europeia, a Comissão já concluiu a elaboração de um pacote inicial de retaliações focado no setor de aço.

“Estamos nos preparando para outras contramedidas, para proteger nossos interesses e nossas empresas caso as negociações fracassem”, afirmou. A sobretaxa sobre aço e alumínio já está em vigor há semanas, e a resposta da União Europeia pode atingir até € 26 bilhões (R$ 157 bilhões) em produtos norte-americanos.

Adicionalmente, entrou em vigor nesta quinta-feira uma tarifa de 25% sobre a exportação de automóveis europeus para os Estados Unidos, o que afeta diretamente a indústria automotiva de países como Alemanha, França e Itália.

Von der Leyen alertou também para os efeitos indiretos das medidas. “Estaremos observando atentamente os efeitos indiretos que essas tarifas podem ter, pois não podemos absorver o excesso de capacidade global nem aceitaremos o dumping em nosso mercado.”

Representantes de governos nacionais do bloco também se manifestaram. Um porta-voz do governo da França acusou o presidente norte-americano de agir com uma “atitude imperial” e se comportar como “senhor do universo”.

Já o ministro da Economia da Alemanha, Robert Habeck, pediu união dos países da União Europeia. Ele destacou que a Alemanha, como maior exportador do bloco, será uma das economias mais afetadas pelas tarifas impostas por Washington.

Entre os instrumentos considerados por Bruxelas estão sanções baseadas na Lei de Mercados Digitais (DMA, na sigla em inglês), em vigor desde 2022.

A legislação tem como objetivo limitar práticas consideradas anticompetitivas por grandes empresas de tecnologia. A Comissão Europeia estuda aplicar multas contra empresas como Apple e Meta, controladora do Facebook, por possíveis violações às normas europeias.

Outras possibilidades em estudo incluem a restrição à operação de bancos norte-americanos em território europeu, a exclusão de empresas dos Estados Unidos de processos de licitação pública e a imposição de restrições a direitos de propriedade intelectual de companhias com sede nos EUA.

O setor de serviços também poderá ser alvo de medidas de contenção. Atualmente, esse é um dos poucos segmentos em que os Estados Unidos mantêm superávit comercial com a União Europeia, estimado em € 110 bilhões (R$ 664 bilhões), de acordo com dados oficiais do bloco.

A Comissão Europeia considera ainda acelerar a implementação de acordos bilaterais para mitigar os impactos das restrições impostas pelos EUA. Nesse contexto, o tratado com o Mercosul é visto como estratégico.

O acordo firmado em 2024, após anos de negociações, pode ser operacionalizado com maior rapidez como forma de diversificar os fluxos comerciais europeus e reduzir a dependência dos mercados norte-americanos.

A União Europeia busca, com essas medidas, preservar seus interesses comerciais e manter sua posição no comércio global diante do novo cenário gerado pelas políticas tarifárias dos Estados Unidos. As tratativas internas seguem em andamento e novas decisões devem ser anunciadas nas próximas semanas, dependendo do avanço ou do fracasso das negociações com Washington.

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