Trump impõe fim à isenção fiscal que beneficiava compras na Shein e Temu (e isso trará consequências)

Os consumidores norte-americanos, habituados a encontrar verdadeiras pechinchas nas apps chinesas como a Shein e Temu, podem ter uma desagradável surpresa em breve.

Abr 7, 2025 - 17:09
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Trump impõe fim à isenção fiscal que beneficiava compras na Shein e Temu (e isso trará consequências)

Os consumidores norte-americanos, habituados a encontrar verdadeiras pechinchas nas apps chinesas como a Shein e Temu, podem ter uma desagradável surpresa em breve. O presidente Donald Trump assinou uma ordem executiva que elimina, a partir de 2 de maio, a chamada “disposição de minimis” para produtos oriundos da China e Hong Kong.

A medida encerra uma isenção fiscal pouco conhecida, mas amplamente utilizada, que permitia a entrada de até quatro milhões de encomendas diárias – desde que com valor inferior a 800 dólares – sem a cobrança de impostos no país. O regime favoreceu o crescimento destas duas gigantes chinesas do e-commerce, ao mesmo tempo que abalava o retalho tradicional nos EUA e agora tem os dias contados.

As novas regras agravam os encargos sobre pequenas encomendas oriundas da China. A partir de maio, remessas enviadas pela rede postal internacional serão taxadas em 30% do valor declarado ou 25 dólares (cerca de 22 euros) por item — montante que aumentará para 50 dólares (cerca de 45 euros) por item a partir de 1 de junho.

Transportadoras como FedEx e UPS também serão afetadas, passando a ter de reportar detalhes das encomendas e transferir as tarifas devidas à Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA. Com esta nova ronda de tarifas impulsionada por Donald Trump, a tarifa total sobre produtos chineses poderá chegar a pelo menos 54%.

Apesar de Shein e Temu já estarem a investir em centros de distribuição nos EUA — como o recém-inaugurado centro logístico da Shein na área de Seattle —, o impacto total da nova política sobre suas operações ainda é incerto. Também não está claro como marketplaces de empresas americanas como Amazon e Walmart serão afetados.

Recorde-se que durante a pandemia, a Shein e a Temu cresceram exponencialmente, aproveitando uma lacuna no código tributário americano conhecida como “minimis”, que permitia a isenção de impostos para encomendas abaixo de 800 dólares. Enquanto as empresas tradicionais, como a Gap e a H&M, pagavam milhões em tarifas de importação, a Shein e a Temu evitavam esses custos ao enviar diretamente da China para os consumidores. Essa vantagem permitiu que dominassem o mercado de moda acessível.

Com a imposição de uma tarifa de 10% sobre produtos importados da China e o fim da isenção de “de minimis”, o cenário mudou drasticamente.