Tarifas de Trump? Como as marcas estão a justificar o aumento de preços junto dos consumidores
Várias marcas norte-americanas estão a repensar a forma como comunicam o inevitável aumento de preços aos consumidores.


Face ao impacto das novas tarifas impostas por Donald Trump — que atingem já os 145% sobre produtos importados da China — várias marcas norte-americanas estão a repensar a forma como comunicam o inevitável aumento de preços aos consumidores. A resposta não passa apenas por ajustar margens ou renegociar com fornecedores, mas sobretudo por contar uma história que justifique cada cêntimo adicional que acabará por pesar no bolso dos consumidores.
A Petite Studio, marca de moda feminina baseada em Nova Iorque, sentiu as repercussões das novas tarifas. Com produção em Jiangshan, China, a fundadora Jenny Wang reconhece, em declarações ao jornal Business of Fashion (BoF) que o aumento de preços é uma questão de sobrevivência: “Em 150 por cento, não há equilíbrio. Se não [aumentarmos os preços], estaremos ‘fritos’.”
Para suavizar o impacto face aos consumidores, a marca decidiu apostar em fibras naturais — uma preferência marcante do seu público. “Se precisarmos de aumentar os preços, queremos mostrar aos clientes que os estamos a ouvir e a dar algo em troca”, explica Matthew Howell, cofundador.
Esta estratégia de dar mais valor ao produto como contrapartida ao preço mais elevado está a ser adotada por outras marcas. A Dame, por exemplo, optou por transparência radical: adicionou uma taxa de cinco dólares nos carrinhos de compras com a descrição “Sobretaxa tarifária Trump” e a imagem do cabelo do ex-presidente. A ideia? Tornar o aumento claro, compreensível e transparente para o consumidor.
A comunicação clara e direta é cada vez mais crucial. Algumas marcas nos EUA estão a recorrer a formatos mais abertos, como fez a Cocokind, que promoveu uma sessão “Tariff 101” via Zoom com clientes, fornecedores e equipa de operações, para explicar como as tarifas afetam os preços. A The Inkey List também optou por manter os consumidores a par através de vídeos nas redes sociais, reforçando a ideia de que estão a lidar com a situação de forma honesta e informada.
No plano de marketing, há uma transição clara para estratégias de conversão imediata. “Durante tempos economicamente desafiadores… o investimento em publicidade, especialmente para marcas que têm uma forte presença no comércio eletrónico, acaba ir para o fundo dos planos para tentar gerar receita”, afirmou Scott Sutton, CEO da plataforma Later. A aposta está em criadores de conteúdo e campanhas híbridas que gerem vendas, mas também mantenham a marca presente na mente do consumidor.