Super Quarta, viagem de Lula à Rússia e à China e mais resultados do 1T25: Acompanhe os destaques desta quarta-feira (7)
Enquanto o presidente Lula embarca em mais uma série de viagens para visitar os representantes da Rússia e da China, o BC define a nova taxa Selic. Leia mais. O post Super Quarta, viagem de Lula à Rússia e à China e mais resultados do 1T25: Acompanhe os destaques desta quarta-feira (7) apareceu primeiro em Empiricus.

Iniciamos esta Super Quarta — dia de decisões cruciais de política monetária nos dois maiores mercados do continente — sob um pano de fundo de cautela generalizada. Apesar de uma leve alta nos futuros americanos, as bolsas europeias amanhecem no vermelho, mesmo após a aprovação de Friedrich Merz como chanceler da Alemanha na segunda tentativa. O clima, no entanto, foi mais leve na Ásia, onde os mercados fecharam majoritariamente em alta, à exceção de Tóquio. A combinação de um corte de juros anunciado na China e a divulgação de um novo pacote de estímulos pelo governo de Pequim injetou algum otimismo no início do pregão asiático.
Além disso, o sinal de que EUA e China podem, enfim, sentar à mesa para discutir um novo ciclo de negociações comerciais também ajudou a suavizar os ânimos — ainda que o histórico recente recomende ceticismo. De todo modo, nada disso é suficiente para desviar a atenção do evento central: os desdobramentos das reuniões do Federal Reserve e do Banco Central do Brasil, ambas marcadas para hoje (7). A expectativa não está nos movimentos em si, já amplamente precificados — com manutenção de juros nos EUA e uma última alta (talvez) de 50 pontos na Selic. O que importa, de fato, é o tom. A sinalização sobre os próximos passos das autoridades monetárias terá impacto direto na precificação dos ativos e na direção dos fluxos de capital globais. Enquanto isso, no mercado de commodities, o petróleo avança pelo segundo dia consecutivo, reforçando que, por ora, o apetite por risco segue contido, mas longe de evaporar.
· 00:59 — Ajuste fino
O mercado brasileiro encara esta Super Quarta com o olhar fixo no Copom, cuja decisão deve, salvo surpresa, confirmar uma nova alta da taxa Selic — muito provavelmente de 50 pontos-base, como já amplamente precificado. Ainda assim, a recente reprecificação na curva de juros abriu espaço, ainda que estreito, para um cenário de elevação mais moderada, de 25 pontos. Caso essa alternativa se concretize — o que considero improvável —, o sinal dado seria de que o comitê já antecipa o fim do ciclo. De toda forma, o que de fato importará será o tom do comunicado: a mensagem que o BC transmitirá sobre o que vem a seguir, equilibrando a necessidade de manter o pulso firme frente à inflação, ao desarranjo fiscal e ao ambiente internacional incerto.
Para o restante de 2025, o consenso aponta para uma Selic estabilizada entre 14,5% e 15%, com apenas uma probabilidade marginal de corte antes da virada do ano. A pressão inflacionária continua evidente: uma parcela relevante do mercado já trabalha com projeções de IPCA acima de 5,5% no ano que vem — uma sinalização de que a taxa básica de juros seguirá elevada por mais tempo, ainda que cortes aconteçam.
Diante desse quadro, minha leitura é que, caso a decisão de hoje mantenha o ritmo de 50 pontos, a próxima reunião pode, no máximo, entregar uma alta residual de 25 pontos. Seja encerrando agora ou na próxima reunião, o ciclo de aperto monetário está em sua reta final. A pergunta que começa a se desenhar no horizonte não é mais “quanto ainda sobe?”, mas “quando começa a cair?”. A resposta dependerá da dinâmica da inflação, das expectativas de mercado e dos juros nos EUA.
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· 01:47 — Problemas para o governo
O presidente Lula embarcou em mais uma ofensiva internacional, desta vez rumo à Rússia e à China, acompanhado de nomes estratégicos do Congresso, como o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e o deputado Elmar Nascimento, representante da Câmara. Em Moscou, está agendado um encontro com Vladimir Putin. Em Pequim, Lula terá uma reunião com Xi Jinping, durante a qual pretende assinar 16 acordos bilaterais — destaque para a tentativa de atrair apoio chinês ao projeto da Ferrovia Bioceânica, que conectaria o Brasil ao Pacífico via Peru. Enquanto isso, em Brasília, foi instalada a Comissão Especial para discutir a isenção do Imposto de Renda até R$ 5 mil, com Arthur Lira como relator. A medida pode até avançar, mas dificilmente com compensações fiscais suficientes — o que, do ponto de vista das contas públicas, seria mais uma irresponsabilidade para a conta do Tesouro.
O governo, porém, enfrenta um problema muito mais corrosivo: o escândalo das fraudes no INSS. A Controladoria-Geral da União apontou descontos indevidos em aposentadorias desde 2016. A crise já rachou os bastidores — a equipe econômica resiste a arcar com o ressarcimento via União, propondo confiscar bens dos fraudadores. No meio do fogo cruzado, o ministro Carlos Lupi caiu, levando o PDT a abandonar a base do governo na Câmara, como antecipei. O episódio, além de grave, parece ser apenas o começo: o governo ainda não dimensionou o tamanho da bomba.
Do outro lado da trincheira, a oposição fareja sangue. O deputado Nikolas Ferreira publicou um vídeo que rapidamente viralizou nas redes sociais (em 12 horas, já superou 50 milhões de visualizações), batendo na tecla da perda direta de renda de milhares de brasileiros — em especial os mais pobres, muitos deles eleitores históricos de Lula no interior do Nordeste. É um escândalo de natureza diferente: não exige intermediários para explicar e não depende de gráficos — atinge diretamente o bolso da população. A comparação com o mensalão ou o petrolão é útil para mostrar a diferença de efeito: lá, havia distância e complexidade. Aqui, há dor concreta. E o silêncio do governo, misturado com versões inconsistentes, só agrava a crise.
Nesse clima de desconfiança, a oposição articula uma CPMI para investigar o caso do INSS. O temor do governo é óbvio: uma comissão parlamentar de inquérito transformaria o escândalo em um espetáculo de meses na TV, como foi a CPI da Covid. Em um ambiente político já desgastado, essa é a última coisa que Lula deseja. Mas o estrago já começou — e, com ele, ganha corpo a percepção de que a eleição de 2026 pode ser palco de mais uma virada no pêndulo político brasileiro.
· 02:35 — Qual o direcionamento de Powell?
Nos EUA, os mercados enfrentam mais uma rodada de aversão ao risco diante da escalada nas tensões comerciais promovidas por Donald Trump. O presidente voltou a alimentar o protecionismo tarifário — e, com isso, a volatilidade. Depois de ameaçar sobretaxar em 100% filmes estrangeiros, agora promete anunciar tarifas sobre produtos farmacêuticos nas próximas duas semanas. O impacto disso nos mercados foi imediato: este é o segundo pregão consecutivo de queda nas bolsas americanas, refletindo o desconforto crescente com a condução errática da política comercial.
Apesar da instabilidade, o grande evento do dia permanece sendo a decisão de política monetária do Federal Reserve. O consenso é que os juros permanecerão estacionados entre 4,25% e 4,5%. A verdadeira atenção, porém, está voltada para o tom adotado por Jerome Powell na coletiva: como o presidente do Fed conciliará a manutenção da credibilidade diante de pressões inflacionárias com a missão de preservar o crescimento e o pleno emprego? É nesse equilíbrio — ou na falta dele — que o mercado buscará pistas sobre os próximos passos da autoridade monetária.
Enquanto isso, as projeções sobre uma possível recessão nos EUA continuam divididas. Cerca de 40% do mercado acredita que a contração pode ocorrer ainda este ano, enquanto a maioria considera os riscos mais diluídos. No front corporativo, a temporada de balanços segue movimentada, com nomes de peso divulgando resultados ao longo do dia. Entre os destaques estão Arm Holdings, Barrick Gold, Novo Nordisk, Occidental Petroleum, Uber e Disney — empresas que, cada uma a seu modo, ajudam a compor o retrato da economia americana.
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· 03:21 — Mudança no controle
O controle de um dos maiores protagonistas da corrida global por inteligência artificial continua mergulhado em incertezas e disputas. A OpenAI — uma das empresas privadas mais valiosas e influentes do mundo — anunciou mais uma reestruturação societária, tentando, novamente, alinhar missão e modelo de negócios. No centro do furacão, a gigante tenta equilibrar interesses filantrópicos com ambições comerciais bilionárias, enquanto enfrenta um processo judicial liderado por Elon Musk, cofundador da empresa e atual concorrente direto com sua xAI. A Microsoft, maior investidora da OpenAI, também observa atentamente os desdobramentos. Vale lembrar: a empresa busca levantar mais US$ 40 bilhões, com valuation já orbitando os US$ 300 bilhões.
Desde sua fundação em 2015, a OpenAI carregava o propósito quase utópico de desenvolver inteligência artificial em benefício da humanidade — um ideal que, na prática, exigiu bilhões em aportes e uma guinada estratégica. O discurso purista não sobreviveu à realidade do Vale do Silício. A estrutura original sem fins lucrativos cedeu lugar a uma subsidiária com “lucro limitado”, desenhada sob medida para viabilizar rodadas de financiamento com grandes nomes, como a própria Microsoft. A divergência entre o conselho, mais cauteloso, e o CEO Sam Altman, entusiasta da expansão agressiva, culminou em um breve e traumático desligamento de Altman — revertido dias depois, diante da pressão massiva de funcionários e investidores.
Agora, em mais um capítulo da novela, a OpenAI anunciou nova transformação: assumirá o formato de “corporação de benefício público”, em tese conciliando lucros e impacto social. A estrutura será supervisionada por uma entidade sem fins lucrativos que manterá participação acionária relevante e poder de veto — embora os detalhes sobre a efetividade desse controle sigam nebulosos. O problema? A comunicação oficial foi vaga e deixou mais perguntas do que respostas. No fim, a governança da OpenAI continua sendo um quebra-cabeça mal montado — o tipo de instabilidade que pode gerar desconforto até entre os entusiastas mais convictos da inteligência artificial.
· 04:14 — A flexibilização chinesa
Com a desaceleração global e o cerco tarifário em curso, o governo chinês parece reconhecer que a janela para respostas tímidas se fechou. Por isso, para tentar amortecer os impactos de uma nova rodada da guerra comercial com os EUA, o Banco Popular da China anunciou medidas adicionais de estímulo. Entre elas, a redução da taxa de recompra reversa de sete dias de 1,5% para 1,4%, além de um corte de meio ponto percentual no depósito compulsório — este último previsto para entrar em vigor na próxima semana. A decisão veio logo após a confirmação de que representantes chineses e americanos retomarão conversas comerciais neste fim de semana, em um raro gesto de diálogo desde que Donald Trump impôs uma tarifa punitiva de 145% sobre a maioria dos produtos importados da China.
A leitura do mercado é clara: as autoridades de Pequim estão se antecipando a um possível fracasso nas negociações. A percepção predominante é de que, apesar do gesto diplomático, as chances de uma resolução rápida são baixas. Isso exige, do ponto de vista do governo chinês, uma postura mais ativa na tentativa de conter os danos internos — não apenas sobre as exportações, mas também sobre o moral do mercado e a já frágil confiança empresarial. Assim, as medidas de afrouxamento monetário sinalizam uma tentativa explícita de manter a economia em movimento em meio ao aumento da pressão externa.
· 05:08 — É melhor se proteger
Como antecipei ontem (6), a Índia realizou ataques militares contra alvos no Paquistão, desencadeando uma promessa de retaliação imediata por parte do ministro da Defesa paquistanês. O mercado, até agora, reage com relativa indiferença — aparentemente convencido de que o conflito se manterá dentro de limites previsíveis. A percepção dominante é a de que, a menos que haja uma escalada significativa, o apetite global por risco não será profundamente abalado. Ainda assim, …
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