Se gostou de “Adolescência”, veja “Classe dos Heróis Fracos”

Dorama expõe uma realidade em que jovens estudiosos não aceitam sofrer bullying, resultando em violências e reflexões, como na aclamada minissérie britânica

Abr 22, 2025 - 22:32
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Se gostou de “Adolescência”, veja “Classe dos Heróis Fracos”

Antes de tudo, um disclaimer: Adolescência é uma produção muito peculiar e única, eu particularmente acho que nenhuma outra série traz o mesmo impacto hoje em dia.

O grande trunfo da obra britânica é que, além de apresentar um tema altamente identificável (todo mundo tem um primo, parente ou filho que é uma criança muito exposta às redes sociais), ela ainda possui uma produção inovadora e opta pelo plano sequência, o que exibe um senso de realidade pouco visto nas séries atuais. Realmente uma obra que merece ser vista.

Nesse sentido, não espere que o k-drama Classe dos Heróis Fracos, disponível por aqui na Netflix e no Kocowa, vá apresentar o mesmo grau de realismo. As produções coreanas trabalham muito mais no grau do imaginário do que são calcadas na realidade, mas, essa escancara uma possibilidade curiosa: e se os garotos estudiosos (“nerds”) que sofrem calados resolvessem revidar, enfrentar os valentões? O que aconteceria?

Ao contrário de Adolescência, a questão de gênero e as redes sociais não são o centro da pauta no dorama, na maioria dos casos são meninos brigando contra meninos. Mas, o comportamento nas redes, o machismo e a aversão a mulheres também se faz presente no importante desenrolar final do k-drama.

A seguir, veja 4 semelhanças entre as produções para estimular você, que gostou de Adolescência (ou é dorameiro e ainda não deu chance ao k-drama escolar), a ver Classe dos Heróis Fracos:

1. Atuações memoráveis

O episódio 3 de Adolescência ainda reverbera em todo mundo que viu a série. O 4, com certeza, marcou profundamente os pais. Owen Cooper (Jamie Miller, o garoto protagonista), Erin Doherty (a psicóloga), Stephen Graham (o pai) e todas as atuações são marcantes, fazendo valer todo o hype da série.

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Mas, nesse sentido, o k-drama coreano não fica atrás. Nele, temos o trio de protagonistas Yeon Si-eun, Ahn Su-ho e Oh Beom-seok, três garotos do ensino médio que são brilhantemente interpretados por astros da nova geração.

Si-eun é o típico nerd aparentemente frágil, que está a todo momento estudando. Tem pais ausentes, é a promessa da família por suas notas e vive uma vida bem solitária. Ele é brilhantemente interpretado por Park Jihoon, que fez nome na Coreia ao fazer parte do grupo de k-pop WannaOne, o mais estourado entre os anos 2017 e 2018. 

Pelo papel de Si-eun, Jihoon teve aclamada aprovação da crítica, ganhando dois prêmios de melhor ator revelação. Ao contrário de sua imagem fofa e animada, Jihoon apresentou um Si-eun sombrio, frio e bastante complexo. A única cena em que ele sorri na série é de cair lágrimas.

Já Su-ho é um garoto esquisito que está sempre dormindo na aula, mas ninguém procura briga por que ele tem um histórico como lutador juvenil. Ele vem de uma família humilde, trabalha como entregador de comida para complementar a renda e não pretende ir para a faculdade, mas é preenchido pelo amor e valores de sua avó. Apesar de não serem amigos no início, ele sempre respeitou Si-eun e sua dedicação pelos estudos. 

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Quem dá vida a Su-ho (meu personagem favorito na série!) é o fantástico Choi Hyun-wook, o melhor ator da sua geração. Recentemente, Hyun-wook brilhou na comédia Meu Querido Nêmesis, esbanjando carisma até fazendo o clichê CEO rico dos k-dramas! Em Classe dos Heróis Fracos, ele interpreta um personagem marrento, de bom coração e hipnotizante. Também ganhou prêmios pela atuação e foi a partir daqui que ficou conhecido como o grande astro de dramas que é hoje.

Beom-seok, o último do trio, é um aluno novo na escola e tem cara de nerd sensível, o que o torna alvo fácil dos valentões. Milionário, filho de deputado, ele parece ter tudo, mas também tem pais ausentes e apanha brutalmente do pai por qualquer deslize. 

Beom-seok é o personagem que tem a maior virada no decorrer da série, e ele é muito bem interpretado por Hong Kyung, outro ator premiado. Ver a evolução do garoto e como ele é influenciado pelo meio, pelas redes e pela família é, com certeza, uma das coisas mais chocantes da produção.

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2. Ritmo empolgante e temas importantes

Assim como AdolescênciaClasse dos Heróis Fracos te prende desde o primeiro episódio. O enredo expõe o bullying violento e constrói a amizade dos protagonistas de uma maneira super crível, o que faz você se envolver com a história.

A série coreana é bem mais gráfica que a britânica, com muitas cenas de luta e bastante violência. Mas o interessante é que nenhum corte é gratuito, e todos contribuem para a construção daquele universo revolto e avesso às regras. 

Na Coreia do Sul, um país extremamente rigoroso com estudos e carreira, o bullying é comum e gera marcas para toda a vida. Por isso é um tema que está no centro de diversas políticas públicas, como a inclusão de registros de bullying nas admissões regulares das universidades, além da promoção de campanhas para barrar a cultura da violência nas escolas.

Idols coreanos acusados de terem sido bullers no colégio ou universidade são cancelados rotineiramente na indústria do entretenimento.

Por aqui, principalmente em escolas tradicionais de grandes centros como São Paulo, é comum ouvir relatos de grupos que reprimem alunos bolsistas ou que fazem parte de qualquer minoria, resultando até em mortes.

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As cenas da série coreana podem ser chocantes, mas escancaram uma realidade vivida por muitos, e que precisa mudar.

3. Omissão de adultos e problemas nas redes

Uma das reclamações que mais vi à Classe dos Heróis Fracos é: “não tem adultos nessa série?”. Realmente, sempre os adolescentes voltam machucados, mancando e dão apenas as desculpas clássicas: caiu, tropeçou, etc. 

A crítica está justamente aí: todos têm pais ausentes e que não sabem nada que se passa com seus filhos, assim como na série britânica. Há muita expectativa e cobrança por parte dos adultos, mas falta presença, amor e escuta.

Por uma ironia, a personagem mais presente (nas falas, infelizmente não nas telas) é a avó do Su-ho, de quem ele fala com muito respeito e carinho. Não à toa ele é o personagem mais centrado do trio, apesar do seu jeitão.

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A questão das redes sociais também se faz presente na reviravolta mais importante da trama. Sem dar muitos spoilers, Beom-seok se sente diminuído e até duvida da amizade entre eles porque Su-ho não o segue de volta no Instagram (!). 

Em uma cena deletada e depois compartilhada pela Netflix, Su-ho chega a dizer para o amigo que apagou o aplicativo da rede social porque não estava lhe fazendo bem. Mesmo assim,  Beom-seok vê muito significado na relação não consumada pelas redes, e é a partir disso que começa toda sua mudança de comportamento.

Isso levanta novamente a questão do quanto vale uma curtida ou uma validação nas redes sociais pros adolescentes.

4. Machismo e culpabilização feminina

Adolescência expõe um caso de feminicídio e levanta a discussão sobre os incels, grupos online que pregam ódio contra mulheres, que une as palavras inglesas involuntary celibates, “celibatários involuntários”.

No k-drama, as meninas estão meio fora do contexto de violência e perseguição gerado pelo bullying, mas a presença de uma delas é o motim para a mudança de Beom-seok. Yeong-i, uma garota que acaba sendo abrigada com a família de Su-ho, começa a ser figura carimbada nas saídas do trio de amigos, e sua presença extrovertida e marcante incomoda Beom-seok.

Ao ver que ela postou várias fotos com Su-ho e ele até a seguiu de volta no instagram, o garoto colocou a culpa pelo seu afastamento dos amigos nas costas da garota. Si-eun e Su-ho não a enxergam assim, mas a mudança de Beom-seok afeta a todos. 

Yeong-i sair como a destruidora de amizades da história é apenas mais uma prova de como o machismo e a falta de respeito pelas mulheres ainda é uma constante entre os adolescentes mundialmente, da Inglaterra à Coreia.

EXTRA: SEGUNTA TEMPORADA DE CLASSE DOS HERÓIS FRACOS

Apesar da popularidade no Brasil ter crescido atualmente, esse k-drama foi lançado na Coreia em 2022! Exibindo um final aberto (e até meio revoltante!), os fãs imploram pela continuação há anos, e finalmente vem aí!

Não à toa ele entrou no catálogo da Netflix recentemente: o streaming comprou os direitos da produção e vai lançar uma continuação da história no dia 25 de abril. Pelos trailers, a dimensão das lutas vai aumentar e estou bem ansiosa para ver o desenrolar dessa saga!

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