Rostos ausentes, casas destruídas – jovens estudantes pintam a dor de Gaza
Estudantes deslocados pela guerra em Gaza têm canalizado sua angústia para a arte em sessões de apoio psicossocial fornecidas pela agência da ONU que auxilia refugiados palestinos, a UNRWA. Suas pinturas e desenhos variam de um retrato de um estimado poeta palestino e membros de sua família mortos em conflito, a um céu enegrecido por […] O post Rostos ausentes, casas destruídas – jovens estudantes pintam a dor de Gaza apareceu primeiro em O Cafezinho.

Estudantes deslocados pela guerra em Gaza têm canalizado sua angústia para a arte em sessões de apoio psicossocial fornecidas pela agência da ONU que auxilia refugiados palestinos, a UNRWA.
Suas pinturas e desenhos variam de um retrato de um estimado poeta palestino e membros de sua família mortos em conflito, a um céu enegrecido por fumaça espessa — e uma criança chorando em frente ao cadáver de sua mãe.
As imagens pungentes estão atualmente em exibição na Escola Remal da UNRWA na Cidade de Gaza, que foi transformada em um abrigo.
Lembrança e perda
A exposição oferece uma oportunidade para crianças e jovens expressarem e discutirem seus sentimentos após quase 18 meses de guerra.
Fatima al-Za’anin, que foi deslocada de Beit Hanoun, no norte de Gaza, chorou ao falar sobre sua obra de arte. “Pintei o poeta palestino Mahmoud Darwish, desenhei mamãe, baba, minha irmã e meu avô”, disse ela.
Fátima parou de falar para chorar mais uma vez e se voltou para um pequeno desenho a lápis salpicado de manchas vermelhas. “Desenhei corpos de mártires dilacerados”, explicou.
Ela apontou para outro desenho de um menino chamado Mohammed, “que desejava ter uma pessoa na família, mas não havia mais ninguém”, disse ela. “Pintei uma criança que lamentava a perda da mãe.”
Um especialista do Centro de Apoio Psicológico da UNRWA ficou ao lado de Fátima e elogiou sua coragem em expressar seus sentimentos.
Na’emat Haboob, de 17 anos, única sobrevivente de sua família e deslocada do campo de Jabalia, está ao lado de sua obra de arte — uma homenagem comovente à sua mãe, que foi morta na guerra. | Notícias da ONU
Orando por conforto
Na’emat Haboob, uma estudante de 17 anos, tocou em uma de suas pinturas enquanto falava sobre ela. A imagem é do rosto de sua mãe, que foi morta na guerra.
“Este é o quadro da mamãe. Graças a Deus consegui desenhá-lo enquanto tento superar a perda dela. Espero que todos rezem por ela.”
Na’emat continuou a passar os dedos sobre a pintura como se quisesse tocar o rosto da mãe e disse: “Que Deus me dê conforto por perdê-la e aos meus irmãos.”
Ela agradeceu à equipe de saúde mental do abrigo Remal pelo apoio, dizendo que isso lhe deu forças para transformar sua dor em arte.
Sua dor voltou à tona e ela não conseguiu mais prosseguir. Confortada pelo abraço da conselheira, ela conseguiu prosseguir, dizendo que o apoio psicológico que recebe no abrigo lhe permite continuar estudando.
“Procuro desenvolver meus talentos depois de tudo o que passei durante a guerra”, disse ela. “Quero me esforçar para ser o que minha mãe desejou para mim.”
Malak Fayad, uma deslocada de Beit Hanoun (Gaza), compartilha o significado por trás de sua obra de arte com outros visitantes deslocados, usando a arte como uma forma de expressar suas experiências, resiliência e esperança em meio à devastação da guerra. | Notícias da ONU
Vidas transformadas, esperanças destruídas
Outra aluna, Malak Fayad, estava diante de suas pinturas coloridas. Uma delas retrata o céu azul-claro e o mar de Gaza, com pássaros, árvores e paisagens. É uma cópia de uma obra que ela havia pintado anteriormente e que estava orgulhosamente pendurada na parede da casa de sua família.
Mas a casa foi destruída junto com todos os seus pertences, incluindo a pintura.
“Pintei-a novamente para lembrar Gaza como ela era, e ao lado dela havia outra pintura nublada pela fumaça preta das armas”, disse Malak, antes de destacar outras obras que criou, incluindo uma que “mostra como nossas vidas foram transformadas após a destruição e os bombardeios”.
Outra de suas pinturas retrata um homem palestino que parece carregar uma sacola em forma de casa. Ela disse que isso “mostra que o palestino sempre carrega consigo a causa palestina, mesmo quando é deslocado e forçado a deixar seu lar”.
A guerra em Gaza destruiu as esperanças de um futuro melhor, de acordo com outro jovem artista, Malak Abu Odeh.
“Não apenas o deslocamento e a destruição, mas a guerra tirou de nós as pessoas mais queridas, nossos parentes e entes queridos”, disse ela.
“Não estamos bem, mas gostaria de agradecer à equipe de saúde mental que está tentando nos entreter, nos ajudar e nos apoiar.”
Compromisso de entrega
A UNRWA continua a prestar serviços de apoio psicossocial em toda a Faixa de Gaza. A agência informou que suas equipes responderam a cerca de 3.000 casos entre 21 e 27 de abril.
Esse apoio incluiu aconselhamento individual, sessões de conscientização e resposta a casos de violência de gênero em seus centros de saúde, postos médicos e abrigos.
Publicado originalmente pelo Notícias da ONU
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