Fim dos 'descontos na folha' de aposentados do INSS divide o governo Lula

Presidente do INSS defende que órgão não seja intermediário de descontos de associações nem de empréstimos consignados. A proposta de acabar com os descontos em folha de aposentados do INSS divide o governo Lula. A equipe econômica é a favor da extinção desses abatimentos. O próprio ex-ministro Carlos Lupi defendeu a medida antes de cair do cargo. O atual presidente do INSS, Gilberto Waller Jr., também encampou a ideia para impedir desgastes na imagem do órgão. Waller Jr. avalia que essa intermediação não deveria ser feita pelo INSS, mas sim pelo setor privado. Integrantes da ala política do governo e aliados de Lula no mundo sindical, no entanto, defendem manter os descontos que forem devidamente autorizados. E por dois motivos. Um: os descontos de associações ligadas a sindicatos foram uma forma de financiar essas entidades depois do fim do imposto sindical compulsório. Dois: no caso do crédito consignado, esses aliados de Lula dizem que a presença do INSS garante juros mais baixos para os aposentados, estimulando a economia e garantindo crédito barato para os segurados do INSS. Nos dois casos, esse grupo afirma que o melhor não é proibir os descontos, mas sim, criar um sistema imune a fraudes. INSS ainda não tem previsão para começar a devolver o dinheiro da fraude nos benefícios Embate com a oposição O governo segue tentando neutralizar os ataques da oposição – que está associando, nas redes sociais, o presidente Lula às fraudes nos descontos de segurados do INSS. O Planalto está em desvantagem por enquanto – mas decidiu reagir municiando deputados e senadores governistas com dados para mostrar que o esquema teria começado durante o governo Bolsonaro. Outra missão do governo Lula é evitar a instalação de uma CPMI do INSS. Em semana de Congresso esvaziado, com Davi Alcolumbre e Hugo Motta fora do país, a CPMI do INSS vai seguir servindo de palco para uma batalha entre oposição e governo sobre quem é o responsável pelas fraudes. “Não quero show de pirotecnia”, diz Lula sobre fraudes no INSS Até agora, nas redes sociais, os aliados do presidente Lula estão perdendo a batalha. A oposição vem conseguindo difundir a mensagem de que o governo atual permitiu que aposentados e pensionistas fossem roubados. Deputados do PT reagem e fazem ligações de dirigentes destas associações com o governo Bolsonaro, destacando que um dirigente investigado fez doação de campanha para o ex-presidente da República. Na avaliação dos investigadores, é um caso de responsabilidade compartilhada. O esquema fraudulento começou no governo Bolsonaro – mas prosseguiu no governo Lula, com a participação de servidores do órgão.

Mai 12, 2025 - 14:15
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Fim dos 'descontos na folha' de aposentados do INSS divide o governo Lula
Presidente do INSS defende que órgão não seja intermediário de descontos de associações nem de empréstimos consignados. A proposta de acabar com os descontos em folha de aposentados do INSS divide o governo Lula. A equipe econômica é a favor da extinção desses abatimentos. O próprio ex-ministro Carlos Lupi defendeu a medida antes de cair do cargo. O atual presidente do INSS, Gilberto Waller Jr., também encampou a ideia para impedir desgastes na imagem do órgão. Waller Jr. avalia que essa intermediação não deveria ser feita pelo INSS, mas sim pelo setor privado. Integrantes da ala política do governo e aliados de Lula no mundo sindical, no entanto, defendem manter os descontos que forem devidamente autorizados. E por dois motivos. Um: os descontos de associações ligadas a sindicatos foram uma forma de financiar essas entidades depois do fim do imposto sindical compulsório. Dois: no caso do crédito consignado, esses aliados de Lula dizem que a presença do INSS garante juros mais baixos para os aposentados, estimulando a economia e garantindo crédito barato para os segurados do INSS. Nos dois casos, esse grupo afirma que o melhor não é proibir os descontos, mas sim, criar um sistema imune a fraudes. INSS ainda não tem previsão para começar a devolver o dinheiro da fraude nos benefícios Embate com a oposição O governo segue tentando neutralizar os ataques da oposição – que está associando, nas redes sociais, o presidente Lula às fraudes nos descontos de segurados do INSS. O Planalto está em desvantagem por enquanto – mas decidiu reagir municiando deputados e senadores governistas com dados para mostrar que o esquema teria começado durante o governo Bolsonaro. Outra missão do governo Lula é evitar a instalação de uma CPMI do INSS. Em semana de Congresso esvaziado, com Davi Alcolumbre e Hugo Motta fora do país, a CPMI do INSS vai seguir servindo de palco para uma batalha entre oposição e governo sobre quem é o responsável pelas fraudes. “Não quero show de pirotecnia”, diz Lula sobre fraudes no INSS Até agora, nas redes sociais, os aliados do presidente Lula estão perdendo a batalha. A oposição vem conseguindo difundir a mensagem de que o governo atual permitiu que aposentados e pensionistas fossem roubados. Deputados do PT reagem e fazem ligações de dirigentes destas associações com o governo Bolsonaro, destacando que um dirigente investigado fez doação de campanha para o ex-presidente da República. Na avaliação dos investigadores, é um caso de responsabilidade compartilhada. O esquema fraudulento começou no governo Bolsonaro – mas prosseguiu no governo Lula, com a participação de servidores do órgão.