Rogue Waters – Review

 Mais jogos ambientados no misterioso e cativante universo dos piratas é sempre algo muito bem-vindo, especialmente diante da relativamente limitada quantidade de títulos que chegam ao mercado, sejam eles AAA ou de desenvolvedoras independentes. Ver títulos como esse chegando de gêneros que gostamos e que fogem dos tradicionais títulos de ação e aventura, então, …

Abr 16, 2025 - 07:45
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Rogue Waters – Review



Mais jogos ambientados no misterioso e cativante universo dos piratas é sempre algo muito bem-vindo, especialmente diante da relativamente limitada quantidade de títulos que chegam ao mercado, sejam eles AAA ou de desenvolvedoras independentes. Ver títulos como esse chegando de gêneros que gostamos e que fogem dos tradicionais títulos de ação e aventura, então, é quase como encontrar um tesouro em uma ilha perdida no meio do Caribe.

É nessa toada que chega ao PS5 Rogue Waters, título da desenvolvedora polonesa Ice Code Games que havia sido lançado no final de 2024 para PC e agora âncora nos consoles. O título é um RPG Tático que traz elementos de combate bem interessantes e sólidos, combinados com o frescor (e repetitividade) que só um roguelite consegue oferecer.

É o tipo de mistura de gêneros que tem se tornado cada vez mais constante à medida em que roguelites precisaram buscar novas avenidas além dos metroidvanias e uma que faz bastante sentido. Essa nova experiência parece bastante influenciada por outros títulos do gênero, trazendo a mesma estrutura básica vista em títulos como Circus Electrique e Days of Doom, mas com uma roupagem marítima.

Rogue Waters

A proposta narrativa é bem simples. O jogador assume o comando de um comandante que acabou de ser traído por sua tripulação e precisa recrutar novos membros para sua equipe em busca de vingança contra o seu novo rival. Em seu favor conta o fato de que, além de ter te traído, seu rival é responsável também por um gigantesco dilúvio que transformou a grande maioria dos locais antes habitáveis em pequenas ilhas no meio de um gigantesco mar.

A partir daí, você terá um hub central no qual você poderá visitar a taverna para recrutar novos companheiros, um cais onde poderá melhorar seu navio, aumentar o nível dos seus personagens e decidir para onde você irá partir. Cabe apontar aqui que você terá três opções de rotas a seguir, sendo uma voltada para a história e outras duas que servem mais para coletar recursos e ganhar experiência para melhorar a sua equipe, quase como uma forma de grind.

Quando decidir partir em sua nova jornada, como já é de se esperar, você irá traçar sua rota através de diferentes nodos. Cada um apresentará um tipo diferente de desafio ou recompensa, indo de batalhas em terra e mar, passando por visitas a santuários que podem te dar bônus, locais para melhorar seu equipamento, ancorar para recuperar energia e vários outros. Antes de escolher por onde seguir, o jogador pode ver quais recompensas cada nodo trará, podendo assim definir a rota que irá seguir antes.

Rogue Waters

Os combates são divididos em duas fases. A primeira delas é um combate entre navios. Essa fase, que dura três turnos, te permite atacar diferentes partes de navios inimigos como seus canhões, módulos ou a tripulação, cada qual te trará algumas vantagens em combate. O foco não é encerrar as lutas nessa fase, até porque você terá uma limitação da quantidade de tiros que poderá dar nessa fase, mas sim conquistar algumas melhorias (que o seu inimigo também terá obter) para a fase principal do combate que é quando você subirá no navio inimigo.

A quantidade de tiros que você poderá dar é determinada pela sua quantidade de Command Points. Cada canhão tem um determinado custo, sendo, como já é de se esperar, um custo mais alto ou um tempo de cooldown maior até poder ser disparado para canhões mais poderosos. Isso força o jogador a ser mais consciente nas suas decisões, já que não é possível abusar de equipamentos mais fortes para ter melhorias (bem úteis) em combate.

Já a segunda fase, que costuma acontecer em terra ou, mais comumente, nos navios inimigos, sendo o seu tradicional RPG de Estratégia por turnos. Cada membro da sua tripulação tem acesso a um cutelo, que funciona como o ataque básico deles, além de diferentes habilidades secundárias. Essas podem ser tanto o acesso às já esperadas pistolas quanto coisas mais estranhas como magia, como a possibilidade de invocar criaturas marítimas para atacar seus adversários. Tudo gira muito em torno de um fator “medo” nos combates, no qual o lado psicológico da sua equipe dos seus adversários vai sendo afetado pela violência ao redor e, ao chegar em certo ponto, ficarão impedidos de agir, o que te força a buscar resolver os combates da forma mais ágil possível.

Rogue Waters

Os mapas em si são muito bem elaborados, com diferentes elementos ao redor deles que podem ser usados como parte do combate, como itens nos quais você pode empurrar o seu inimigo contra, como, por exemplo, estacas ou pontos de incêndio, ou até mesmo tentar arremessá-los do navio. Isso é um ponto muito bem-vindo já que, graças aos elementos aleatórios naturais de um roguelite, você precisará rejogar várias áreas múltiplas vezes para ganhar experiência e equipamentos bons o suficiente para conseguir superar os chefes.

O ponto negativo do jogo fica pelo fato de que, apesar de já ser esperada, sua repetitividade consegue se tornar bem maçante depois de um certo tempo. Para um jogo de estratégia ele é estranhamente simples no quesito desafio mental, com o jogador podendo facilmente desligar o cérebro e grindar até conseguir passar do inimigo, sem muita tensão ou a necessidade de planejar seus movimentos. É algo que funciona no contexto de um roguelite, mas bem decepcionante para os fãs mais hardcore do gênero que esperam um quase que pequenos quebra-cabeças a serem resolvidos com as batalhas.

O jogo até traz algumas tentativas de punição, como o fato de que, ao perder uma batalha e retornar ao hub, os membros da sua equipe terão lesões que precisarão de tempo para serem recuperadas (algo similar ao visto em XCOM). No entanto, até isso é relativamente fácil de se resolver, dada a possibilidade de recrutar cada vez mais membros para sua tripulação, mesmo que exija um pouco de grind para manter todo mundo mais ou menos no mesmo patamar.

Rogue Waters

Mesmo com essa questão do combate e a narrativa bem simples e, francamente, muito previsível, o único outro problema que o jogo traz é que o sistema de progressão é relativamente pouco empolgante. Você irá buscar evoluir e ganhar equipamentos melhores, mas o grind por esses itens e melhorias para a tripulação parece mais um trabalho do que algo recompensador pela sua jornada. Ele acaba caindo num looping de pegar novos itens só porque eles têm números maiores e não porque tem algo de interessante para o sistema de combate.

Ainda assim, Rogue Waters é um título divertido e sua proposta funciona muito bem com as expectativas certas. Mesmo num mar de roguelites por aí, ele consegue se diferenciar e entregar um jogo muito divertido para se jogar sem muita pressão ou expectativas, muito graças à sua ambientação diferenciada e o bom uso que ele faz dela.



Rogue Waters está disponível para PS5, Xbox Series, Xbox One, Switch e PC. Esta análise é da versão de PS5 e foi realizada com um código fornecido pela Tripwire Presents.