Comissão identifica dois corpos de desaparecidos políticos na ditadura militar
Foram identificados os fragmentos de ossos de Grenaldo de Jesus da Silva e Denis Casemiro. Eles foram mortos na ditadura militar

A Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos anunciou, nesta quarta-feira (16/4), a identificação de dois desaparecidos políticos vítimas da ditadura militar enterrados na Vala Clandestina de Perus, em São Paulo.
Foram identificados os fragmentos de ossos de Grenaldo de Jesus da Silva e Denis Casemiro. Segundo o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, a Vala Clandestina de Perus é um resquício das violações de direitos humanos ocorridas durante a ditadura militar no Brasil. No local, foram enterrados corpos de pessoas indigentes, de desconhecidos e daqueles considerados opositores ao regime de opressão iniciado em 1964.
Grenaldo era militar da Marinha brasileira. Nascido em São Luís (MA), ele foi preso em 1964 e expulso da instituição enquanto reivindicava melhores condições de trabalho. Ele chegou a fugir da prisão e viver na clandestinidade, mas foi morto em 30 de maio de 1972.
Documentos do Instituto Médico Legal (IML) registraram que Grenaldo teria sido sepultado em 1º de junho de 1972, no Cemitério Dom Bosco, como "indigente", e constava como desaparecido até ter os remanescentes ósseos identificados pela equipe do Projeto Perus.
Já Denis Casemiro nasceu em Votuporanga (SP). Ele foi pedreiro e trabalhador rural e atuou politicamente na Vanguarda Popular Revolucionária. Ele foi preso em abril de 1971, torturado e executado pela equipe do Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo (DOPS/SP), coordenada pelo delegado Sérgio Fleury. Na época da morte dele foram forjadas versões de tentativas de fuga que "resultaram em sua morte".
Com os avanços tecnológicos e análise genética à disposição, a equipe do Projeto Perus identificou Denis Casemiro em 2025. Em 2018, os trabalhos identificaram também os remanescentes do irmão dele, Dimas Antônio Casemiro.
Em 24 de março de 2025, o governo federal realizou um pedido de desculpas quanto à negligência na guarda e identificação dos remanescentes ósseos da Vala Clandestina de Perus. "O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, em nome do Estado brasileiro, pede desculpas aos familiares dos desaparecidos políticos durante a ditadura militar brasileira iniciada em 1964 e à sociedade brasileira pela negligência, entre 1990 e 2014, na condução dos trabalhos de identificação das ossadas encontradas na Vala Clandestina de Perus, localizada no Cemitério Dom Bosco, em São Paulo", disse o governo.
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