Lições de Orfeu para o marketing sensorial

Orfeu, na mitologia grega, encantava com sua música. Tocando sua lira, era capaz de fazer árvores se moverem para segui-lo, amansar feras e proteger navegadores do canto mortal das sereias. Era como se sua melodia criasse um campo magnético de emoções, que envolvia tudo ao redor com beleza e sentido.  Hoje, com Orfeu tão distante no tempo, mas tão presente em essência, vivemos outro tipo de selva — a das notificações, dos anúncios incessantes, dos... O post Lições de Orfeu para o marketing sensorial apareceu primeiro em Meio e Mensagem - Marketing, Mídia e Comunicação.

Abr 16, 2025 - 13:03
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Lições de Orfeu para o marketing sensorial

(Crédito: Eroshka/Shutterstock)

Orfeu, na mitologia grega, encantava com sua música. Tocando sua lira, era capaz de fazer árvores se moverem para segui-lo, amansar feras e proteger navegadores do canto mortal das sereias. Era como se sua melodia criasse um campo magnético de emoções, que envolvia tudo ao redor com beleza e sentido. 

Hoje, com Orfeu tão distante no tempo, mas tão presente em essência, vivemos outro tipo de selva — a das notificações, dos anúncios incessantes, dos conteúdos infinitos que pulam de tela em tela. A atenção virou o bem mais disputado do marketing contemporâneo, e o consumidor, munido de filtros, bloqueadores e ceticismo, tornou-se resistente ao que soa forçado, artificial ou intrusivo. 

Neste cenário saturado, as marcas que se destacam são as que encantam. As que, como Orfeu, criam experiências tão envolventes que as pessoas querem segui-las espontaneamente. Essa é a nossa busca: tocar o consumidor de forma tão autêntica e sensorial que ele caminhe ao nosso lado, não por insistência, mas por afinidade. 

E encantar, hoje, vai muito além da estética. É sobre proporcionar uma jornada coerente em todos os pontos de contato — do site intuitivo ao pós-venda atencioso, passando por ativações que acolhem e surpreendem. O consumidor quer ser visto, ouvido, compreendido. E quer viver momentos que sejam memoráveis, não apenas funcionais. 

Uma das ferramentas mais potentes que temos são as experiências presenciais. E é aqui que entra uma discussão contemporânea urgente: a da saúde social — um conceito que ganhou força no South by Southwest (SXSW) deste ano, trazido por especialistas como a pesquisadora Keasley Killam e a autora da Harvard Business Review Amy Gallo. Para elas, a saúde, cada vez mais, é compreendida como uma tríade: física, mental e social. E esta última, muitas vezes esquecida, só se fortalece com interações reais, com encontros de verdade, com pessoas de carne e osso. 

Grandes festivais musicais se tornaram espaços privilegiados para esse tipo de conexão. São momentos em que as pessoas dançam, cantam, trocam olhares, histórias, risadas. E as marcas, quando se integram a esse ambiente com sensibilidade, conseguem criar vínculos que extrapolam o consumo. 

Tenho visto isso de perto. No Lollapalooza, por exemplo, a roda-gigante iluminada se tornou nossa marca registrada. As cabines sobem lentamente e, lá do alto, entre luzes e música, sorrisos se multiplicam. Há conversas, selfies, gritos de alegria — tudo embalado pela sensação de fazer parte de algo maior. E, este ano, levamos ao estande festas e shows, momentos para vibrar, cantar e celebrar. Juntos. É mais que entretenimento. É conexão. É memória viva. 

E não para por aí. Na Brasil Game Show, ano a ano, criamos ativações que colocaram o consumidor como protagonista da experiência. Telas de alta definição, respostas rápidas ao toque, som imersivo — tudo pensado para despertar sensações reais.  

Essas experiências sensoriais e coletivas não são apenas estratégias de engajamento. Elas tocam em algo mais profundo: o desejo humano de pertencimento, de troca, de estar junto. E é aí que entra a força do conceito de social health como norte para o marketing. 

As marcas que conseguem gerar bem-estar social, que promovem encontros significativos e estimulam vínculos autênticos, ampliam sua relevância. Elas deixam de ser apenas fornecedoras de produtos para se tornarem parte ativa da vida das pessoas. 

Talvez o maior desafio do marketing atual não seja criar certezas, mas fazer as perguntas certas. Como podemos, em meio a tanta automação, manter a humanidade no centro? Como criar experiências que sejam, ao mesmo tempo, tecnológicas e profundamente humanas? 

A resposta talvez esteja em afinar, como Orfeu, nossas próprias liras. E ousar tocar melodias que, mesmo em meio ao ruído, consigam tocar — de verdade — quem está do outro lado e gerar conexões autênticas e inesquecíveis. 

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