‘Rei do Cacau’ quer revolucionar setor a partir do Brasil

Investimento de 1,5 mil milhões de euros, mesmo em plena crise do produto pelo mundo, pode fazer com que o centro de gravidade do setor venha a deslocar-se de África para o Brasil.

Abr 27, 2025 - 21:41
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‘Rei do Cacau’ quer revolucionar setor a partir do Brasil

O fazendeiro Moisés Schmidt quer revolucionar a forma como o principal ingrediente do chocolate é produzido, cultivando cacaueiros de alto rendimento, totalmente irrigados e fertilizados, numa área da Bahia maior do que a ilha de Manhattan, que atualmente é mais conhecida pela produção das amêndoas. O plano de 264 milhões de euros de Schmidt é o maior da região, mas não é o único.

Há projetos superdimensionados semelhantes em desenvolvimento, alguns deles quase tão grandes, já que grupos agrícolas bem capitalizados procuram aplicar a experiência em agricultura em escala industrial à produção de cacau para lucrar com os preços altíssimos do produto. Se esses planos derem certo, o centro de gravidade do setor poderá deslocar-se da África Ocidental para o Brasil. “Acredito que o Brasil vai tornar-se uma importante região para o cacau no mundo”, disse Schmidt à Reuters, enquanto caminhava através de fileiras e mais fileiras de novos cacaueiros na região do Cerrado.

Este empresário estima que até 500 mil hectares de fazendas de cacau de alto rendimento poderiam ser implantadas no Brasil em dez anos, o que produziria até 1,6 milhão de toneladas de cacau. Em comparação, o Brasil produz atualmente apenas cerca de 200 mil toneladas, enquanto a Costa do Marfim, maior produtor mundial, colhe dez vezes mais do que isso. O Gana, o segundo maior produtor global, produz cerca de 700 mil toneladas de grãos. Atualmente, o setor global de cacau está em crise. A produção está a falhar na Costa do Marfim e na vizinha Gana, que, juntas, cultivam mais de 60% do cacau do mundo. Uma combinação potente de doenças nas plantas, mudanças climáticas e plantações envelhecidas levou a três anos consecutivos de queda na produção.

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