Por que a geração Z está impulsionando as vendas de vinil?
O crescimento nas vendas de discos de vinil em 2023 foi de 136%, segundo o Pró-Música Brasil. E os jovens são uma das parcelas que mais busca por objetos físicos que proporcionam experiências distintas do digital. The post Por que a geração Z está impulsionando as vendas de vinil? appeared first on NOIZE | Música do site à revista.

A onda de resgate dos discos de vinil continua forte, mesmo em um mundo bastante digital. O mais curioso é que uma das gerações mais hiperconectadas, que já nasceu dominando redes sociais e com streamings à disposição, seja uma das principais responsáveis por esse retorno das mídias físicas. Sim, estamos falando da geração Z.
Dados do Bananas Music Trends 2025 revelam que, em 2023, as vendas de vinil superaram as de CDs nos Estados Unidos pela segunda vez desde 1987, e o patamar alcançado em 2024 foi de 1 bilhão de dólares. Já no Brasil, o crescimento nas vendas de discos de vinil em 2023 foi de 136%, segundo o Pró-Música Brasil. E a gen z representa uma parcela considerável da busca por objetos físicos que proporcionam experiências distintas do digital.
E esse fenômeno tem dimensões internacionais: a probabilidade de alguém da geração Z comprar vinil, comparado ao ouvinte médio dos Estados Unidos, é 27% maior. No Reino Unido, 59% dos jovens entre 18 e 24 afirma ouvir música em formatos físicos, enquanto a média entre 25 a 65 anos é de 40%. Os números são da Luminate Data e da Key Production UK, respectivamente.
A redescoberta dos formatos analógicos não é só uma onda nostálgica. Para a geração Z, comprar um vinil é mais do que ouvir música: é construção de identidade, busca por autenticidade, fuga da lógica de pressa do algoritmo.
Bibliotecas de áudio (físicas e digitais)
Mesmo que pareça contraditório, a valorização e o consumo de itens retrô tem origem no digital. As redes sociais são as principais responsáveis por impulsionar esse interesse por experiências tangíveis e, consequentemente, pela venda de vinis. O Instagram e, especialmente, o TikTok, têm resgatado essas narrativas e adaptado à estética das redes, captando a atenção das novas gerações e criando, assim, um cenário phygital — uma mistura do físico com o digital.
Perfis dedicados ao compartilhamento de coleções de discos e trocas de informações sobre música têm pipocado nas redes, ampliando o alcance e o desejo por mídias físicas entre as gerações mais jovens. As bibliotecas de áudio para publicações também ajudam a criar esse interesse entre os usuários e resgatar canções, misturando o global com o local, o antigo com o novo.
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Esse recurso é um dos responsáveis pela redescoberta de faixas antigas, como as recentemente hypadas “Just A Girl” (No Doubt, 1995), “Bye Bye Bye” (N’SYNC, 2000) e “Acenda o Farol” (Tim Maia, 1973).
Recentemente, “Anxiety”, single da Doechii, foi uma das faixas mais utilizadas na trilha de vídeos do Instagram e do Tik Tok. A música mistura samples de “Seville”, do violinista brasileiro Luiz Bonfá, e partes de “Somebody That I Used To Know”, do Gotye, ao rap da cantora norte-americana que, além de trazer partes de outras canções em seus trabalhos, vem usando o vinil como estratégia em seus lançamentos.
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Outros artistas também têm entrado na onda. Vários estão relançando trabalhos mais antigos em vinil para engajar novos e antigos fãs, enquanto artistas mais jovens estão aproveitando para incluir as mídias físicas como tática de distribuição: Chappell Roan, Olivia Rodrigo e Bad Bunny são alguns exemplos.
Música sem fronteiras
Segundo a pesquisa Spotify Culture Next BR 2023, os padrões de consumo da geração Z no Brasil buscam ultrapassar barreiras geográficas: 72% afirma gostar de música em outros idiomas, e 82% afirma já ter consumido músicas ou podcasts para conhecer outras culturas e experiências. A exemplo, temos Bad Bunny, expandindo a música latina, e os grupos de K-pop.
Para além da geografia, os dados também mostram que a geração Z vem sendo determinante para a construção de um mainstream mais inclusivo, já que tende a aceitar mais combinações de estilos musicais e featuring entre artistas de vários gêneros.
A geração Z abre espaço para a conexão tátil e o contato com os discos de vinil, enquanto o digital ajuda a revalorizar a experiência física. Ao que tudo indica, essa tendência de redescoberta está nos mostrando que o futuro da música também passa pelo passado.
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