PIB: Trump Pode Ameaçar Crescimento da Economia Brasileira?

Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo. Analistas estão mais otimistas com economia brasileira, enquanto política comercial dos EUA gera turbulências no mercado mundial O post PIB: Trump Pode Ameaçar Crescimento da Economia Brasileira? apareceu primeiro em Forbes Brasil.

Mai 9, 2025 - 13:09
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PIB: Trump Pode Ameaçar Crescimento da Economia Brasileira?

Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.

 

 

Com grandes preocupações sobre o futuro das contas públicas, 2025 começou em uma toada de grande pessimismo para a economia brasileira. Nas últimas semanas, no entanto, as coisas parecem ter começado a mudar. 

Durante o mês de abril, a pesquisa Focus do Banco Central (BC), que mostra a projeção dos economistas do mercado para os principais indicadores macroeconômicos, vem indicando um avanço em uma melhora nas estimativas do do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano. 

Em apenas três semanas, a expectativa dos analistas sobre o PIB cresceu 0,3 ponto porcentual (p.p.). Na edição mais recente, divulgada na última segunda-feira (5), a estimativa oficial de crescimento estava em 2% — um número que chama a atenção em meio a taxa básica de juros (Selic) de 14,75% ao ano e uma guerra comercial em larga escala.  

Enquanto há indicativos de um crescimento econômico mais positivo no Brasil, a política comercial dos Estados Unidos tem causado turbulências no mercado mundial. As tarifas estabelecidas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, variam entre 10% para alguns países até 145% sobre a China e colocam em xeque o futuro da economia americana – e a do mundo . 

Na quarta-feira (7), Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed), alertou que a guerra comercial pode fazer com que a inflação avance nos Estados Unidos e diminua o nível de empregos, embora os últimos dados da economia americana tenham afastado o temor de uma recessão. Em abril, a taxa de desemprego (4,2%) e os 177 mil novos postos de trabalho criados em abril marcaram um resultado melhor do que o esperado

O temor de uma retração da economia global, no entanto, ainda não está afastado e contrasta com a expectativa mais positiva para o PIB brasileiro. Afinal, a política de Trump pode atrapalhar o crescimento do Brasil?

Motivos para comemorar

No início deste ano, os mercados interno e externo davam indicativos de desaceleração na economia brasileira. Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital, destaca que a política monetária do Brasil já era restritiva e lembra que a Selic está em dois dígitos desde a pandemia. 

No entanto, a projeção de uma supersafra de 330 milhões de toneladas – 10% superior à safra 2023/24 – feita pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e o mercado de trabalho aquecido indicam que a economia brasileira terá maior resiliência neste ano. Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), até o final de abril, o Brasil gerou 640,5 mil empregos formais.

Gustavo Rostelato, economista da Armor Capital, acredita que a safra deste ano pode contribuir para que o “crescimento da economia brasileira seja mais robusto no primeiro semestre”. Ele considera que políticas públicas, como a linha de crédito exclusiva para trabalhadores, o crédito do trabalhador, e a nova faixa de renda do programa “Minha Casa, Minha Vida” também têm potencial de contribuir para o aumento do PIB neste ano. 

A continuidade da recuperação do mercado de trabalho e o crescimento da massa de renda real fortalecem o consumo das famílias, que é um dos principais motores do PIB brasileiro”, explica Braian Largura, sócio do escritório VNT Investimentos. Ele considera plausível a tendência do PIB manter-se nessa trajetória. Largura acredita que as empresas estão mais adaptadas ao cenário de juros altos e, por isso, continuam investindo. 

“Há também um certo otimismo com possíveis cortes na Selic a partir do segundo semestre ou no início de 2026, o que tende a melhorar o ambiente de crédito e confiança”, conclu..

Estados Unidos podem acabar com a festa?

Para os analistas entrevistados, sim. No entanto, a magnitude não é precisa. Tudo depende de se — e em que medida — a economia americana irá desacelerar. Rostelato entende que o fato do Brasil ter uma relação superavitária, de US$ 28,8 milhões (R$ 163,008 milhões) com os EUA é uma vantagem, já que a tendência é que o país sofra menos tarifas retaliatórias. Embora todos admitam que é preciso acompanhar os desdobramentos da tensão comercial entre China e Estados Unidos.

Luciano Sobral, economista-chefe da Neo, considera que, em um cenário extremo, como o do “Liberation Day, a desaceleração pode ser global. 

Já Largura entende que há algumas formas da economia brasileira ser afetada pela desaceleração americana. A primeira é pelo comércio, já que os Estados Unidos são um importante parceiro comercial do Brasil, o que tem potencial para afetar o valor das commodities. Ainda neste cenário, ele destaca que há a possibilidade de investidores terem aversão ao risco, o que implicaria no recuo de investimentos em países emergentes.

Para Argenta, em um cenário de recuo no crescimento global é possível que os indicadores internos ajudem a suavizar os impactos, mas alerta: “o Brasil não é uma ilha, estamos em um mundo mais globalizado, e isso pode fazer com que as expectativas do Focus recuem”.

Apesar de um possível impacto, Sobral acha que a tendência é que o ruído gerado pelas tarifas retaliatórias de Trump tende a se dissipar. “O mercado tem a leitura de que elas foram apenas um susto”, afirma. Outro ponto de alívio é identificado pelo economista-chefe da Neo, destacando como os diversos países estão buscando alternativas para dependerem menos da relação comercial com os Estados Unidos. 

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