Payroll de fevereiro, corte de juros na Zona do Euro e adiamento das tarifas de Trump; veja os destaques desta sexta-feira (7)

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Mar 7, 2025 - 13:24
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Payroll de fevereiro, corte de juros na Zona do Euro e adiamento das tarifas de Trump; veja os destaques desta sexta-feira (7)

Os mercados internacionais voltam suas atenções para o payroll nos EUA nesta sexta-feira (7), o indicador mais aguardado da semana, que pode trazer mais clareza sobre o ritmo de desaceleração da economia americana. A expectativa é um equilíbrio delicado: um dado mais fraco abriria espaço para cortes de juros pelo Federal Reserve, mas se vier fraco demais pode reacender temores de recessão — um jogo que mantém os investidores na defensiva. Enquanto isso, Jerome Powell, presidente do Fed, discursa hoje e deve reforçar seu tom de cautela, seguindo a linha adotada por Christine Lagarde, do BCE, após o recente corte de juros na Zona do Euro.

Em meio a tudo isso, o interminável vai e vem das tarifas de Trump segue gerando ruído nos mercados globais. Após impor taxas sobre produtos mexicanos, canadenses e chineses, o presidente dos EUA voltou atrás parcialmente, adiando a aplicação das tarifas para o México e o Canadá para 2 de abril — data em que também devem entrar em vigor as tarifas recíprocas. O mercado já aprendeu a não levar Trump ao pé da letra: a linha entre estratégia de negociação e aplicação prática segue nebulosa, principalmente porque, até agora, parte dessas ameaças não saiu do discurso.

Por aqui, seguimos monitorando os desdobramentos internacionais enquanto digerimos os dados de atividade divulgados pela manhã e aguardamos novidades de Brasília. O governo segue tentando manobras paliativas para conter a alta de preços. A dúvida que fica: até quando teremos essa abordagem improvisada?

· 00:52 — Não sei se vai adiantar…

O crescimento do PIB brasileiro de 2024 deve ser confirmado em 3,5% nesta manhã, mas, sejamos francos, essa não é a grande questão para o mercado. O foco está em mais um movimento paliativo do governo: o vice-presidente Geraldo Alckmin anunciou a isenção do imposto de importação para uma série de alimentos, incluindo carne, café, açúcar, milho, azeite, óleo de girassol, sardinhas, biscoitos e massas. Além disso, outras medidas estão sendo estudadas, como a ampliação do PRONAMP para a Agricultura Familiar, subsídios a insumos da indústria e o fortalecimento de estoques reguladores. Mas, claro, o governo ainda não apresentou o cálculo da renúncia fiscal – um detalhe incômodo para quem precisa de responsabilidade nas contas públicas.

A questão de fundo é a mesma de sempre: ao invés de enfrentar a raiz do problema – a falta de credibilidade fiscal que impulsionou o dólar e, por consequência, a inflação – o governo recorre a remendos que podem até trazer algum alívio temporário, mas que são essencialmente eleitoreiros. Algumas dessas iniciativas chegam a beirar o retrocesso, como a ampliação dos estoques reguladores, que já se mostraram ineficazes no passado e que refletem, acima de tudo, o desespero diante da escalada dos preços dos alimentos e da perda de popularidade de Lula.

A inclinação heterodoxa do governo também se manifesta em outras frentes, como o foco da bancada petista em mudar a escala 6 por 1 ou ampliar a isenção do Imposto de Renda, ambas com potencial de gerar distorções relevantes na economia brasileira — Gleisi Hoffmann já tem reunião marcada com Hugo Motta no domingo para discutir a agenda do Congresso e a participação de partidos na base governista (um movimento claramente tardio, já que a reforma ministerial arrastou-se além do aceitável e deixou o governo fragilizado no jogo político). O cenário está montado: desaprovação em alta, falta de articulação política e um governo cada vez mais propenso a recorrer a estímulos fiscais para tentar conter a sangria. A preocupação dos investidores já se desloca para 2026, mas até lá, o caminho promete ser cada vez mais acidentado.

· 01:41 — No aguardo dos dados de emprego

Nos Estados Unidos, o mercado acionário continua refém das incertezas comerciais provocadas por Trump e do temor renovado de recessão. Ontem, mesmo com mais um adiamento das tarifas, as bolsas não encontraram fôlego para subir – um claro sinal de que os investidores já começam a perder a paciência com essa novela interminável.

A grande expectativa do dia recai sobre o relatório de empregos de fevereiro, o famoso payroll, que deve apontar um acréscimo de 158 mil postos nas folhas de pagamento não agrícolas. A taxa de desemprego, por sua vez, deve permanecer estável em 4%. No entanto, há uma sombra pairando sobre esses números: cedo ou tarde, as iniciativas do DOGE – projeto de Elon Musk para trazer maior eficiência para o governo – devem começar a impactar o mercado de trabalho. As previsões indicam que os efeitos se tornarão mais evidentes a partir de março e abril. O impacto esperado não é pequeno: estima-se que, sozinha, essa tendência pode reverter cerca de 25% de todo o crescimento de empregos registrado em 2024. No pior cenário, as perdas totais de vagas podem ultrapassar meio milhão até o fim do ano. É claro que isso fará barulho.

O dado de hoje será um termômetro crucial para o mercado. O cenário ideal? Um número levemente abaixo do esperado – o suficiente para abrir espaço para cortes de juros, sem acionar o alarme vermelho da recessão iminente. Se vier muito forte, reforça a tese de um Federal Reserve mais cauteloso; se for fraco demais, aciona o pânico. O desafio, como sempre, é encontrar o equilíbrio, algo que anda escasso em Wall Street.

· 02:39 — Postergou

Donald Trump voltou a recorrer ao velho truque de adiar as tarifas sobre produtos do México e do Canadá, jogando a data de implementação para 2 de abril. Se isso soa repetitivo, é porque realmente é – já é o segundo adiamento em um mês, reforçando a dinâmica caótica de sua política comercial. O anúncio veio após conversas com a presidente mexicana Claudia Sheinbaum, que buscou negociar uma solução mais branda, enquanto o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, adotou um tom mais desafiador. Mas, no fim das contas, não importa muito se isso é tática ou mero improviso – o mercado já aprendeu a reagir com pragmatismo e decidiu antecipar importações antes que as tarifas realmente virem realidade.

O resultado dessa corrida para escapar das sobretaxas? Um déficit comercial recorde nos EUA: US$ 131,4 bilhões em janeiro de 2025, um salto expressivo em relação aos US$ 98,1 bilhões registrados em dezembro e acima da projeção de US$ 127,4 bilhões. O principal motor desse rombo foi o crescimento de 10% nas importações, que atingiram US$ 401,2 bilhões – um reflexo direto do temor de novas barreiras tarifárias. 

Se esse movimento continuar, o impacto no PIB do primeiro trimestre será inevitável e nada animador. E a novela tarifária ainda sequer chegou ao clímax. As taxas sobre aço e alumínio, por exemplo, seguem no cronograma para entrar em vigor na próxima semana. No Brasil, o vice-presidente Geraldo Alckmin tenta negociar uma saída, apostando em um possível resgate do acordo de 2018. Mas, com Trump no comando, qualquer entendimento firmado hoje pode simplesmente ser revogado amanhã. O mercado já percebeu o padrão: Trump adia, Trump ameaça, Trump volta atrás – e, no meio disso, a volatilidade segue como única certeza.

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· 03:24 — Reduziu

O Banco Central Europeu (BCE) reduziu as taxas de juros pela sexta vez desde junho do ano passado, mas sinalizou que o ciclo de cortes pode estar se aproximando do fim. Com a inflação arrefecendo e a economia europeia lidando com os efeitos da nova ordem geopolítica e dos crescentes gastos com defesa — que podem reacender pressões inflacionárias —, o BCE começa a pisar no freio. A taxa de depósito foi cortada em 25 pontos-base, chegando a 2,5%, exatamente como o mercado esperava.

Para os próximos movimentos, ainda há espaço para um ajuste adicional, possivelmente levando a taxa para 2%, mas qualquer corte além disso parece improvável. Esse ceticismo foi reforçado pelo próprio tom cauteloso de Christine Lagarde, presidente do BCE, que alertou para os desafios persistentes da zona do euro. A mensagem do banco central é clara: a era de cortes agressivos ficou para trás, e o caminho à frente dependerá da resiliência econômica do bloco — o que, dadas as turbulências internas e externas, está longe de ser um cenário confortável.

· 04:15 — Cessar-fogo?

E, já que estamos falando da Europa, a crise entre Estados Unidos e Ucrânia parece ter dado lugar a uma tentativa de reconciliação forçada. Após o confronto público entre Donald Trump e Volodymyr Zelensky na semana passada, os dois países agora planejam discutir um cessar-fogo e um possível acordo de paz na Arábia Saudita já na próxima semana — um movimento que ficou inevitável depois do recuo de Zelensky. Há até rumores de uma nova visita do líder ucraniano à Casa Branca.

Trump, como era de se esperar, quer atrelar qualquer negociação de paz a um acordo estratégico de exploração de minerais raros entre EUA e Ucrânia, essencialmente condicionando a continuidade do apoio americano à submissão de Kiev às novas exigências. Enquanto isso, os europeus começam a perceber que, na prática, estão sozinhos. Diante desse novo cenário, a União Europeia acelera os planos para estruturar sua própria arquitetura de defesa, com um projeto ambicioso de até US$ 863 bilhões em gastos militares adicionais. Tradicionalmente lenta para agir em temas sensíveis, a UE agora parece ter entendido que a hesitação pode custar caro.

· 05:06 — Está indo bem até aqui

As ações da Alibaba (NYSE: BABA) continuam em uma trajetória impressionante em 2025, acumulando alta de mais de 60% em dólares só neste ano. Desde que trouxemos o papel para este espaço — já recomendado há tempos pela Empiricus sob a supervisão de Enzo Pacheco, nosso especialista em ações internacionais —, o desempenho segue positivo, com ganhos superiores a 10% em dólares em pouco tempo. E a tendência parece longe de perder força, impulsionada pelos avanços agressivos das empresas chinesas no setor de inteligência artificial.

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