Paquistão anuncia retaliação após ataques da Índia

Decisão aumenta temores de guerra total entre as duas nações que possuem arsenais nucleares. Forças paquistanesas são autorizadas a agir após agressão indiana que matou 31 pessoas na Caxemira administrada pelo Paquistão. O governo do Paquistão autorizou suas Forças Armadas a retaliarem as agressões da Índia, após os ataques com mísseis da Força Aérea Indiana […] O post Paquistão anuncia retaliação após ataques da Índia apareceu primeiro em O Cafezinho.

Mai 8, 2025 - 04:58
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Paquistão anuncia retaliação após ataques da Índia

Decisão aumenta temores de guerra total entre as duas nações que possuem arsenais nucleares. Forças paquistanesas são autorizadas a agir após agressão indiana que matou 31 pessoas na Caxemira administrada pelo Paquistão.

O governo do Paquistão autorizou suas Forças Armadas a retaliarem as agressões da Índia, após os ataques com mísseis da Força Aérea Indiana que mataram 31 pessoas na região da Caxemira.

A declaração desta quarta-feira (07/05) aumenta os temores de uma escalada nas tensões entre as duas potências nucleares. Este já é o conflito mais grave entre as nações vizinhas desde 2019, quando os dois países estiveram à beira de uma guerra.

Autoridades paquistanesas acusam a Índia de agravar a situação na região após os ataques da madrugada desta quarta-feira na Caxemira administrada pelo Paquistão e na província paquistanesa do Punjab, onde morreram ao menos 16 pessoas. Este foi o primeiro ataque à região mais importante política e militarmente do país desde a guerra entre Índia e Paquistão, em 1971.

O primeiro-ministro paquistanês, Shehbaz Sharif, disse que seu país irá vingar os mortos no ataque, que incluem mulheres e crianças, mas não deu maiores detalhes sobre quando isso deve ocorrer.

Sharif afirmou que seu país considerou os ataques da Índia um “ato flagrante de guerra”. Em uma reunião do Conselho de Segurança Nacional nesta quarta-feira, seu governo autorizou as Forças Armadas a agirem para defender a soberania do Paquistão “no momento, local e da maneira que escolherem”.

Índia diz ter atacado “alvos terroristas”

O governo indiano afirmou que seus ataques foram uma retaliação a um atentado na Caxemira administrada pela Índia no final do mês passado, onde morreram 25 turistas hindus e seu guia. A Índia acusou o Paquistão de envolvimento direto nos atentados através de organizações islamistas apoiadas por Islamabad.

O Ministério da Defesa da Índia afirmou que foram atingidos pelo menos nove locais “onde ataques terroristas contra a Índia foram planejados”.

“As Forças Armadas indianas lançaram recentemente a Operação Sindoor, que tem como alvo a infraestrutura terrorista no Paquistão e na região de Jammu e Caxemira ocupada pelo Paquistão, de onde foram planejados e dirigidos ataques terroristas contra a Índia”, informou a pasta em comunicado.

Exército indiano descreveu seus ataques com mísseis como “não escalatórios, proporcionais e responsáveis” | Punit Paranjpe/AFP/Getty Images

De acordo com a nota, os nove locais foram alvos de um ataque de precisão “focado, medido e de natureza não escalatória”. “Nenhuma instalação militar paquistanesa foi atingida. A Índia mostrou considerável moderação na seleção dos alvos e no método de execução”, acrescentou o comunicado do Ministério indiano.

O Exército indiano afirmou que os ataques tiveram como alvo terroristas e campos de treinamento dos grupos islamistas Lashkar-e-Taiba e Jaish-e-Mohammed, que há muito tempo são acusados de operar livremente a partir do Paquistão e que estariam envolvidos em alguns dos ataques terroristas mais mortais na Índia.

“Matamos apenas aqueles que mataram nossos inocentes”, disse o ministro da Defesa da Índia, Rajnath Singh, enquanto o ministro do Interior, Amit Shah, garantiu que o governo estava “determinado a dar uma resposta adequada a qualquer ataque à Índia e a seu povo”.

O Exército indiano descreveu os ataques com mísseis como “não escalatórios, proporcionais e responsáveis”.

Paquistão autoriza retaliação

O Paquistão nega a existência de campos ou infraestrutura terroristas nas áreas atingidas pela Índia. O vice-primeiro-ministro paquistanês, Ishaq Dar, afirmou em entrevista ao jornal britânico The Guardian que seu país fará de tudo para defender sua dignidade. “Reservamo-nos o direito de autorizar as Forças Armadas a tomarem quaisquer medidas adequadas em resposta – e essas serão medidas, proporcionais e responsáveis”, disse Dar, que também ocupa o cargo de ministro do Exterior.

Ele, porém, não informou quando esses ataques devem ocorrer. “Que medidas podemos tomar, quando e onde – acho prematuro demais para ser discutido neste momento”, disse o ministro. “Não há tempo mínimo ou máximo de resposta.”

Dar acrescentou que o Paquistão vem demonstrando “paciência e máxima contenção” diante das acusações e ataques da Índia. “Sim, há uma enorme perda econômica associada a qualquer guerra em grande escala. Mas quando a questão [é] de soberania, integridade do país, integridade territorial, dignidade da nação, então não há preço”, disse.

O ministro se disse frustrado com a comunidade internacional, que tem se mostrado relutante em se envolver na disputa. Ele disse que os apelos paquistaneses por assistência na condução de uma investigação independente sobre os ataques na Caxemira não foram atendidos, e lembrou que governos americanos anteriores sempre agiram para evitar uma guerra total entre as duas nações, enquanto o atual presidente dos EUA, Donald Trump, hesita em assumir um papel de mediação.

Dar ressaltou que a crise atual “também é de responsabilidade da comunidade global, porque quaisquer consequências e impactos econômicos negativos de uma guerra desse tipo não se limitarão à Índia e ao Paquistão. Ela eventualmente cruzará as fronteiras internacionais.”

Publicado originalmente pelo DW em 07/05/2025

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