O século da prosperidade e da paz
Escrevi este texto em fevereiro de 2024. Confirma-se tudo, a destruição da Ucrânia, a vitória russa, a fraqueza europeia. Esta guerra foi péssima para toda a gente e, agora, que está à beira do fim, há quem não se conforme: os ucranianos devem continuar a morrer pelas nossas liberdades. A Rússia foi subestimada, fomos enganados, não haverá segurança europeia sem se falar com Moscovo, mas a narrativa dominante não mudou: é preciso excluir a Rússia, recusar qualquer compromisso, continuar a escavar o buraco. Infelizmente, os cemitérios estão agora muito mais cheios do que em fevereiro de 2024; também acabaram algumas carreiras políticas. Ninguém em seu perfeito juízo admite agora que a Ucrânia possa vencer o conflito. Recomenda o bom-senso que haja uma negociação com o outro lado, para salvar o que ainda se possa salvar. Sabemos que um acordo estará iminente e que será pior do que em abril de 22 (lembram-se de Boris Johnson?), mas os políticos europeus continuam a dizer que a paz é o horror. Estamos a testemunhar uma transformação histórica, daquelas mesmo raras, que criam ruturas. Se as grandes potências se entenderem nos próximos meses, poderemos ter uma ordem internacional estável, com paz durante décadas, como a que foi criada no Congresso de Viena, em 1815. Os conflitos europeus limitados permitiram cem anos de grande progresso social, económico e científico. Temos hoje a noção de que o século XIX foi extraordinário para a humanidade. A paz na Ucrânia pode levar-nos a um desenvolvimento semelhante: estamos à beira de uma revolução tecnológica, ou já dentro dela, podemos também ter a prosperidade de um mundo pacificado. Isto não faz sentido para muitos leitores deste blogue? O que escrevi no ano passado também não fazia sentido e, no entanto, não apetece mudar uma vírgula. imagem gerada por IA, Microsoft Image Creator

Escrevi este texto em fevereiro de 2024. Confirma-se tudo, a destruição da Ucrânia, a vitória russa, a fraqueza europeia. Esta guerra foi péssima para toda a gente e, agora, que está à beira do fim, há quem não se conforme: os ucranianos devem continuar a morrer pelas nossas liberdades. A Rússia foi subestimada, fomos enganados, não haverá segurança europeia sem se falar com Moscovo, mas a narrativa dominante não mudou: é preciso excluir a Rússia, recusar qualquer compromisso, continuar a escavar o buraco.
Infelizmente, os cemitérios estão agora muito mais cheios do que em fevereiro de 2024; também acabaram algumas carreiras políticas. Ninguém em seu perfeito juízo admite agora que a Ucrânia possa vencer o conflito. Recomenda o bom-senso que haja uma negociação com o outro lado, para salvar o que ainda se possa salvar. Sabemos que um acordo estará iminente e que será pior do que em abril de 22 (lembram-se de Boris Johnson?), mas os políticos europeus continuam a dizer que a paz é o horror.
Estamos a testemunhar uma transformação histórica, daquelas mesmo raras, que criam ruturas. Se as grandes potências se entenderem nos próximos meses, poderemos ter uma ordem internacional estável, com paz durante décadas, como a que foi criada no Congresso de Viena, em 1815. Os conflitos europeus limitados permitiram cem anos de grande progresso social, económico e científico. Temos hoje a noção de que o século XIX foi extraordinário para a humanidade. A paz na Ucrânia pode levar-nos a um desenvolvimento semelhante: estamos à beira de uma revolução tecnológica, ou já dentro dela, podemos também ter a prosperidade de um mundo pacificado. Isto não faz sentido para muitos leitores deste blogue? O que escrevi no ano passado também não fazia sentido e, no entanto, não apetece mudar uma vírgula.
imagem gerada por IA, Microsoft Image Creator